Jeanette - Sigo rebelde (1996)
Aí por finais dos anos 70 vi no Quarteto o filme Cria cuervos, de Carlos Saura (nesses tempos de faculdade muitos filmes eu via no Quarteto...). Era interessante, mas nada de especial guardei dele a não ser a música que acompanhava a ficha técnica. Consegui saber quem tinha aquela inusitada voz, indescritivelmente suave, infantil, dir-se-ia perfeitamente ajustada à personagem que dominava o filme, interpretada por Ana Torrent, então uma petiz de olhos grandes e expressivos. Pois, quem a cantava era uma tal Jeanette. Pelo nome e pelo castelhano de sotaque um pouco exótico deduzi que deveria ser uma cantora-criança francesa. Só bem mais tarde comecei a descobrir quem era Jeanette. Foi quando comprei o LP que tinha o tal tema de Cria cuervos, cujo título era, tal como o refrão atestava, Porque te vas. Na verdade, quase já o tinha esquecido. Tanto que nas minhas andanças por Espanha, sempre ocupado em encontrar discos, jamais me dera para encetar a correspondente busca. Foi por acaso, na discoteca Os Dezassete, no Chiado, onde se encontravam coisas raras e especializadas, que encontrei um LP com essa canção. Foi também aí que, uns meses depois, encontrei um outro LP de Jeanette, Todo es nuevo, que hoje é uma cotada raridade. Para lá do encanto que a audição dessas pérolas me proporcionou, a verdade é que as informações que tinha sobre a cantora eram ainda escassas. Sucede que em meados dos anos 80, já a estrela de Jeanette tinha declinado. No cenário musical de então era algo esquecido e fora de moda. Foi preciso esperar pelos anos 90 para que, entre vários revivalismos, Jeanette encontrasse uma oportunidade para ser recordada. É nesse contexto que surge este duplo álbum antológico.
Pois bem, Jeanette é antes de mais a voz, por excelência, da candura e suavidade, mas... também desconcertantemente perversa, pois há um erotismo imanente (aqui e ali com a ajuda de algumas letras...). Mas tudo em plano suavíssimo... Nunca conheci voz assim! Nesta antologia estão temas da fase inicial (finais dos anos 60) - quando era vocalista do grupo folk Pic-Nic, de Barcelona - , assim como temas da fase que lhe deu fama (segunda metade dos anos 70). Só foram compiladas gravações feitas para a Hispavox. Não há nenhuma de Todo es nuevo (álbum gravado para a Ariola), o que é uma lástima... Em todo o caso, constam os seus temas mais conhecidos e todos eles soberbos: Soy rebelde, Frente a frente, Por que te vas, Reluz, Corazón de Poeta e Viva el pasodoble - quase todos de um grande compositor da canção espanhola, Manuel Alejandro.
Para concluir devo esclarecer que Jeanette era, de facto, muito jovem, mas não era uma cantora-menina - tinha 21 anos quando gravou Porque te vas. Também não era francesa. Era hispano-britânica e vivia em Barcelona. Porém, até aos 12 anos vivera em Los Angeles e Londres (onde nascera). O pai era inglês. A mãe era espanhola, de origem canária. Tinha olhos verdes e um corpo fransino. Acabou por ser tornar, graças à voz e à aparência, num sex symbol de low profile adequado aos tempos da transição democrática e cuja correspondência no domínio da moral e dos costumes se designou como Destape. A fama que acabou por alcançar foi em larga medida credora do filme de Carlos Saura - a popularidade de Porque te vas não se seguiu à edição em disco, mas sim à exibição do filme e esteve longe de se limitar a Espanha (pelo menos foi extensível a França e Alemanha). Foi uma popularidade repentina, forte, mas efémera. Caiu numa terra de ninguém da qual só saiu, pela via da recuperação nostálgica nos anos 90. A voz, apesar de ter perdido muito da sua frescura, mantém ainda hoje um timbre que sugere uma espécie de eterna juventude.
Pois bem, Jeanette é antes de mais a voz, por excelência, da candura e suavidade, mas... também desconcertantemente perversa, pois há um erotismo imanente (aqui e ali com a ajuda de algumas letras...). Mas tudo em plano suavíssimo... Nunca conheci voz assim! Nesta antologia estão temas da fase inicial (finais dos anos 60) - quando era vocalista do grupo folk Pic-Nic, de Barcelona - , assim como temas da fase que lhe deu fama (segunda metade dos anos 70). Só foram compiladas gravações feitas para a Hispavox. Não há nenhuma de Todo es nuevo (álbum gravado para a Ariola), o que é uma lástima... Em todo o caso, constam os seus temas mais conhecidos e todos eles soberbos: Soy rebelde, Frente a frente, Por que te vas, Reluz, Corazón de Poeta e Viva el pasodoble - quase todos de um grande compositor da canção espanhola, Manuel Alejandro.
Para concluir devo esclarecer que Jeanette era, de facto, muito jovem, mas não era uma cantora-menina - tinha 21 anos quando gravou Porque te vas. Também não era francesa. Era hispano-britânica e vivia em Barcelona. Porém, até aos 12 anos vivera em Los Angeles e Londres (onde nascera). O pai era inglês. A mãe era espanhola, de origem canária. Tinha olhos verdes e um corpo fransino. Acabou por ser tornar, graças à voz e à aparência, num sex symbol de low profile adequado aos tempos da transição democrática e cuja correspondência no domínio da moral e dos costumes se designou como Destape. A fama que acabou por alcançar foi em larga medida credora do filme de Carlos Saura - a popularidade de Porque te vas não se seguiu à edição em disco, mas sim à exibição do filme e esteve longe de se limitar a Espanha (pelo menos foi extensível a França e Alemanha). Foi uma popularidade repentina, forte, mas efémera. Caiu numa terra de ninguém da qual só saiu, pela via da recuperação nostálgica nos anos 90. A voz, apesar de ter perdido muito da sua frescura, mantém ainda hoje um timbre que sugere uma espécie de eterna juventude.
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4 comentários:
Jeanette (mamas lindas) está buenisima.....
Jeanette = Pionera del destape (con Rosa Valenty)
Revistas Playboy y Lui = Hardbodies, Soundbodies. Revistas de destape españolas= Erotismo de andar por casa.
Amigo Tavares: eso de sex symbol low profile es un hallazgo terminológico notable.
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