sexta-feira, setembro 29, 2006
Rádio (8)
quinta-feira, setembro 28, 2006
Viagens (43): Norte de Itália / Julho - Agosto de 2001 (4)
A viagem tinha de prosseguir, mas, renitente em abandonar estas paisagens, resolvi prosseguir fora da auto-estrada. Assim, tomei a marginal que desafia a encosta escarpada e onde, através de curvas e contra-curvas, se disfrutam de belas panorâmicas sobre a baía. Quando cheguei à cidadezinha de Chiavari impunha-se retomar a auto-estrada. Aliás, a costa, a partir daí, vai-se tornando ainda mais acidentada e deixa de haver estrada marginal. É a região de Cinque Terre, nome alusivo a cinco povoados cujo acesso só é possível por barco.
Não faltou muito que entrasse na Toscana. As montanhas de Carrara anunciavam-na. Daqui são extraídos os famosos mármores e, por causa disso, as montanhas apresentam um aspecto escalavrado. Tinha planeado seguir pela auto-estrada e fazer incursões a Lucca e Pistoia, mas havia a alternativa de passar por Pisa, a qual, contudo, implicava chegar a Florença mais tarde, por uma estrada comum. A opção acabou por ser a última.
Pisa é uma cidade de quase 100.000 habitantes nas margens do Arno. Na Idade Média fora um importante porto que sustentara rivalidade com Génova. Pois, agora está a cerca de 20 quilómetros do mar e o Arno está longe de ser navegável. O mar recuou e o rio assoreou. Foi o mesmo que sucedeu na cidade flamenga de Bruges. A torre e o conjunto monumental que a rodeia são imponentes e apresentam o mesmo estilo renascentista que encontraria em Florença. A torre pareceu-me ainda mais inclinada do que supunha. O acesso ao seu interior é interdito. Dois factos desagradáveis começaram a salientar-se: um calor excessivo e um vasto exército de turistas. Isso, juntamente com a necessidade de não chegar demasiado tarde a Florença, determinaram uma visita curta. Assim, depois de feito o abastecimento de recordações (existe uma sortido espantoso de quinquilharia alusiva ao ex-libris local), deixei a cidade de Galileo Galilei.
A chegada a Florença não esteve à altura das expectativas. Entrei por uma zona residencial moderna que se liga em transição incaracterística ao centro histórico. Além disso, rapidamente me achei consumido por um quebra-cabeças: como chegar ao destino, Hotel Medicis, em pleno centro e estacionar aí? Para grandes males, grandes remédios: como estacionar só seria possível numa garagem, pagando avultada maquia, resolvi antecipar a devolução do carro à Hertz, que tinha um escritório ainda aberto no aeroporto local. Chegar lá e encontrar, previamente, uma gasolineira aberta para deixar o depósito cheio (como era imperioso pelo contrato de aluguer), num domingo à noite, revelou-se uma aventura que descambou em sofrido transe… Era já meia-noite quando, finalmente entrei no quarto do hotel. Era um quarto grande mas fora do hotel propriamente dito. Ou seja, era um anexo exterior que estava num edifício de habitação, numa estreita rua com o sugestivo nome de Via delle Belle Donne. Tinha acabado de pagar uma brutalidade pelo aluguer do carro, outra brutalidade por uma corrida de táxi e estava cansado…
quarta-feira, setembro 27, 2006
Baúl de los recuerdos (13)
Info in SGAE
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terça-feira, setembro 26, 2006
Complexo de Aljubarrota (6)
Aznar foi um bom primeiro-ministro, porque aplicou a velha e sábia receita liberal num momento decisivo. Contudo, fora da área económica, o seu liberalismo deixou a desejar, porque, na verdade, o seu pensamento é refém de alguma herança franquista. O patético delírio de querer associar o terrorismo etarra com o mega-atentado de 11 de Março é um sintoma desse mal genético. Enfim, trata-se de um desgraçado lastro da direita espanhola... Nas relações externas, o alinhamento com os Estados Unidos, se bem que louvável, foi demasiado primário, representou uma ruptura simbólica com algumas tradições da política externa espanhola, além de que chegou a tornar-se embaraçoso e, em última análise, pouco útil para a estratégia norte-americana. É evidente que estas questões não foram adequadamente discutidas, embora também não se perceba porque é que se enveredou tanto por estes domínios, a não ser, talvez, para tentar realçar a figura de Aznar como estadista...
Sobre o tema, a discussão não se desprendeu do inconveniente de partir dos pressupostos habituais. Com efeito, a correcta perspectiva da generalidade dos participantes enunciou-se quase sempre em esforço contra argumentativo. Sejamos claros, uma boa parte dos repisados mitos desfazem-se num exercício simplório: olhar para o mapa da Península e ter em conta elementares dados da demografia e da história. Os dados usualmente arremessados para ilustrar a invasão económica espanhola são insuficientes face a realidades elementares. Eu diria, pelo contrário, que vinte anos após a adesão comunitária, é curioso que a presença económica espanhola em Portugal não seja ainda mais expressiva. O curioso, é que, de passagem, foram apresentados dados que atentam contra a ideia de invasão e deles não se soube retirar as devidas ilações, pelo menos para deixar no ar as mais elementares interrogações. Depois desfiaram-se outros comuns estereótipos que, de tão reiterados, sugerem que no luso terrunho se vivem pertinazes obsessões comparativas, que apelam ao divã de um impossível psicanalista colectivo... A diferença de nível de vida, por exemplo. Em Espanha é superior, mas as diferenças continuam a não ser significativas, sendo certo, porém, que nos últimos anos se acentuaram um pouco. Entre meados dos finais 50 e meados dos anos 60 a Espanha ultrapassou o nível de vida de Portugal. Desde então, as diferenças mantiveram-se dentro dos mesmos parâmetros relativos, atenuando-se ligeiramente a favor de Portugal durante os primeiros dez anos de integração comunitária. O que explica essa diferença? Uma cultura empresarial mais capitalista (centrada em três pólos: Catalunha, País Basco e Madrid) e uma armadura proteccionista de direitos laborais um pouco menos pesada. Em todo o caso, não se deve perder de vista que há acentuadas diferenças de nível de vida entre regiões espanholas. Quanto ao fado das idiossincrasias, há que sublinhar que, se é pertinente admitir uma idiossincrasia correspondente a um tipo espanhol, não é menos certo que existem diferenças entre as várias culturas que se integraram na construção histórica de Espanha. A genérica, resultou da convivência de várias culturas sob o mesmo tecto estatal durante séculos e determinou uma moldagem construída a partir do génio castelhano. Contudo, as diferenciações periféricas são acentuadas, a ponto, por exemplo, de se tornar grotesco associar salero, extroversão, alegria e outros tópicos afins à generalidade dos espanhóis. Entre nós são comuns as visões extremadas que não correspondem à realidade espanhola. Com efeito, esta está tão longe de ser invertebrada (exemplo: a ex Jugoslávia), como homogénea (exemplo: França - em devido tempo sujeita ao rolo compressor do jacobinismo). Mais coisas haveria a anotar, mas já chega.
quinta-feira, setembro 21, 2006
Cuore matto (4)
segunda-feira, setembro 18, 2006
Flamenco (16)
O duo era composto por duas irmãs ciganas oriundas de Valladolid - Tina e Carmela. Subiram rapidamente à glória, mas não foi demorada a sua queda. Delas ficaram apenas 4 álbuns. Os anos 80 consolidam o seu esquecimento. Vários outros protagonistas tomaram a liderança de um género que conheceria um novo esplendor. A trajectória de Las Grecas terminara e... em desgraça. O termo justifica-se pelo pesado drama pessoal que acabou por assolar as suas vidas (ver Las Grecas y su flamenco pop in El Chiringuito) - uma das irmãs foi apunhalada pela outra, a qual acabou por ser presa, sendo mais tarde internada num hospício psiquiátrico e acabando por falecer precocemente; a outra acabou por se radicar no México.
sábado, setembro 16, 2006
Guia hispânico (22)
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A leitura destas duas obras constitui dura prova contra a sensibilidade humanista de qualquer carácter bem formado. Contudo, compete à História revolver os pesadelos vividos pela humanidade, para, na medida do possível, ajudar à sua compreensão. Estes dizem respeito a um tempo e a um espaço que nos são relativamente vizinhos. São mais um contributo para que devamos entender que a distância entre civilização e barbárie é mais ténue do que este tempo (últimos 50 anos) e lugar (civilização ocidental) possam ilusoriamente induzir... Os desastres balcânicos da passada década podem ser um aviso para a possibilidade de advento de experiências já desgraçadamente vividas.
Para a sociedade espanhola, revolver estes horrores pode ser ainda traumático... mas é imperioso fazê-lo. Está já na altura de o fazer. É uma questão de elementar justiça! Compreende-se que a Transição assentasse num tácito pacto de silêncio sobre a Guerra Civil. Mas já passou mais de um quarto de século. Quanto à guerra, propriamente dita, cumprem-se agora 70 anos sobre a sua eclosão...
Não por acaso têm-se revelado nos últimos anos múltiplas obras de investigação levadas a cabo por jovens historiadores espanhóis. Se é certo que, no que diz respeito a grandes obras de síntese, o primado continua a pertencer à historiografia britânica (e a recente obra de Antony Beevor é a confirmação dessa primazia), no que diz respeito a monografias é já muito significativo o conjunto de trabalhos entretanto realizados e quase todos de autores espanhóis.
Neste caso concreto trata-se de duas sínteses temáticas sobre a violência e repressão de rectaguarda. Contudo, enquanto a primeira, indiscrimidamente, aborda os dois bandos, a segunda dedica-se exclusivamente ao bando franquista, desenvolvendo uma tese já enunciada por vários investigadores - o terror como estratégia de política de extermínio. A primeira têm características mais acordes com a reportagem jornalística do que com a metodologia historiográfica, não deixando de ser um poderoso testemunho que paira magnificente acima de qualquer facciosismo, numa cabal demonstração de como a crueldade e fanatismo se espalharam abundantemente pelos dois lados. Pena é que a contrastação das fontes nem sempre esteja ao nível que se desejaria, podendo aqui e ali incorrer em certos laivos de sensacionalismo.
É preciso ter resistência anímica para empreender a leitura destes testemunhos. Parece-me, insisto, que seria importante que a sociedade espanhola, aparentemente já tão distanciada de todos estes horrores, se confrontasse com fantasmas que nunca chegou verdadeiramente a exorcizar.
quarta-feira, setembro 13, 2006
domingo, setembro 10, 2006
Andalucía (17)
Euskal Herria (18)
Mediterráneo / Mediterrània (31): Valencia
quinta-feira, setembro 07, 2006
Soulsville (8)
terça-feira, setembro 05, 2006
Il bel paese (2)
O processo de unificação designa-se Rissorgimento. O seu objectivo era estabelecer uma unidade estatal em toda a Península Itálica e ilhas adjacentes. O novo estado corresponderia a uma unidade geográfica natural e, neste contexto, Roma estaria naturalmente destinada a ser a capital, sendo que, ainda por cima, estava investida de poderoso significado histórico. Por outro lado, em todos esses territórios falavam-se línguas latinas e havia uma óbvia unidade religiosa – ao longo de séculos o catolicismo reforçara uma unidade cultural básica.
A consciência patriótica italiana desenvolveu-se a partir do início do século XIX, sobretudo entre a burguesia. Estabeleceu-se, sem grande discussão, o superior prestígio do toscano (idioma de Dante, Petrarca e Bocaccio) sobre todos os demais, assim como a vantagem de ser inteligível pelas populações meridionais e setentrionais. O toscano já era, aliás, a língua literária da inteligência de toda a Península, ainda que, no Norte, em situação de partilha com o francês ou alemão.
Alcançar a unificação política implicou guerras com o Império Austríaco e com a Santa Sé, que tiveram desenlaces vitoriosos, não só graças à mobilização do entusiasmo patriótico, mas também, ao apoio da França.
Contudo, quando o Rissorgimento alcançou os seus objectivos básicos, permaneciam fora da Itália territórios que reuniam requisitos geográficos e culturais de italianidade. Eram: Córcega e Nice (França); Ticino (Suiça); Trentino, Trieste e Fiume (Império Austro-Húngaro). Os patriotas radicais ainda adicionavam, com voluntarismo: Zara e toda a Dalmácia (Império Austro-Húngaro), Albânia e Malta. Em relação aos territórios franceses havia como que um tácito acordo de renúncia como contrapartida tácita pelo apoio francês. Quanto ao Ticino havia a consciência de que a população local permanecia alheia a qualquer tendência centrífuga em relação à Suiça. Onde a questão se colocava de forma aguda era em relação aos territórios sob soberania austríaca – extensos, importantes e onde havia uma opinião pública entusiasticamente envolvida no objectivo de se unir à Itália. É a partir daqui que surge o movimento Italia Irredenta, que visa completar a unidade italiana. Ele foi decisivo na reviravolta de alianças, aquando da eclosão da Grande Guerra em 1914, e foi a base sobre a qual se alicerçaram os primeiros ímpetos imperialistas do Fascismo. No pós II Guerra Mundial o irredentismo corporizou-se no vasto movimento de reintegração de Trieste no território italiano.
Galícia (11)
Dobarrismo in Blog A Regueifa
sábado, setembro 02, 2006
Galícia (10)
Museo Castelao