quinta-feira, março 31, 2005

Mariachi y tequila (18)

Taxco de Alarcón, Guerrero

Guanajuato, Guanajuato (El Bajío)

Bernal, Querétaro de Arteaga

Eis um sítio com fotos do México: Le Méxique en images (www.lemexiqueenimages.com)

terça-feira, março 29, 2005

Mariachi y tequila (17)

Vicente Fernández (Huentitán el Alto, Jalisco, 1940)
Vicente Fernández é, desde os tempos de Jorge Negrete, o mais popular intérprete de rancheras, mas, como cantor, é melhor do que foi o grande galã do cinema mexicano. Aliás, pode-se dizer que definiu um estilo de interpretação comparativamente com menos glamour, mas com mais alma e arrebatamento. Assim, por exemplo, consolidou o clamor estridente dos gritos como uma das imagens de marca do género ranchero. Do mesmo modo, consolidou a iconografia. Com efeito, na esteira do cinema, ele e José Alfredo Jiménez consagraram o sombrero e o traje de gala mariachi. Pelo seu lado, foi ainda mais longe do que este, pois absteve-se de associar à sua imagem algo que não fosse estritamente consonante com a afirmação do castiço estereótipo de dureza viril. Assim, é vê-lo muitas vezes na companhia de cavalos (uma singular obsessão) e de carabina em riste. Foi também ainda mais longe, se possível, na mitificação das raízes populares do género, com a sua história pessoal de origem social humilde e de dificultosa chegada à vida artística.
Mas o essencial são as suas qualidades interpretativas, quer pela voz, quer pela emoção. Neste particular, o seu filho Alejandro Fernández, que irrompeu na cena artistica há cerca de dez anos, é mais uma demonstração de como este tipo de virtuosismo não é transmissível de pai para filho... É conhecido como El Rey del Palenque (recinto improvisado para espectáculos), havendo neste apodo, provavelmente, o cuidado de definir os limites entre o seu reinado e o de José Alfredo - um como intérprete; o outro como compositor. Ambos os jaliscienses (de onde poderiam ser senão de Jalisco?) são as figuras cimeiras da música ranchera na sua fase de maturidade.

segunda-feira, março 28, 2005

Flamenco (12)

Raimundo Fagner - Traduzir-se Traducir-se (1981)
Que faz o brasileiro Raimundo Fagner aqui, ainda por cima numa rubrica com título Nuevo Flamenco? Pois, efectivamente, este álbum se é catalogável em algum género é neste. Contudo, em rigor, isto é válido para cerca de metade dos temas, já que a outra metade é variada, estando aí representada a linha própria de Fagner. Nessa linha, aliás, abre o álbum com uma espantosa interpretação de um poema de Florbela Espanca, Fanatismo.
É um álbum mestiço, mas marcado por um astral flamenco, eloquentemente enunciado pela pose de Fagner na foto da capa, com sombrero andaluz sobre a sua face gitana, em plena Plaza Mayor de Madrid (só faltava em vez do cigarro, um puro...). Parte dele foi produzido e gravado em Madrid, com a participação da argentina Mercedes Sosa, de Manzanita, Joan Manuel Serrat e Camarón de la Isla. Todos interpretam duetos com Fagner em temas marcantes nas suas carreiras, compostos sobre poemas de Pablo Milanés, Federico García Lorca e Antonio Machado: Mercedes Sosa - Años (Milanés); Manzanita - Verde (Lorca); Serrat - La Saeta (Machado); Camarón - La Leyenda del Tiempo (Lorca). A participação dos três últimos é decisiva e é espantoso verificar que estas versões superam os originais! Mas o enunciado flamenco não fica por aqui. Trianera é o tema mais flamenco, em sete minutos de magia jonda quase em roda livre. Pelo seu lado, Málaga, não o sendo de todo na forma, é enquadrável pelo espírito da letra.
Diga-se ainda que Fagner nasceu no Ceará, mas é filho de um libanês e de uma índia. Para o Nordeste nos finais do século XIX e inícios do século XX afluiu uma quantidade apreciável de oriundos da Turquia, Síria e Líbano, todos popularmente conhecidos como turcos ou mascates (não esquecer seu Nasib, de Gabriela...). O cantor justifica a sua atracção pelo flamenco, por essa sua ascedência paterna. É uma crença muito difundida essa, a das influência árabe no cante, mas, na verdade, pelo menos de forma directa, ela foi menor do que se possa crer... O certo é que a sua voz desgarrada se adapta bem ao género e que esse sua aptidão e gosto proporcionou um álbum muitíssimo bom.
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sexta-feira, março 25, 2005

Andalucía (11)

La saeta

Dijo una voz popular:
Quién me presta una escalera
para subir al madero
para quitarle los clavos
a Jesús el Nazareno?

Oh, la saeta, el cantar
al Cristo de los gitanos
siempre con sangre en las manos
siempre por desenclavar.
Cantar del pueblo andaluz
que todas las primaveras
anda pidiendo escaleras
para subir a la cruz.

Cantar de la tierra mía
que echa flores
al Jesús de la agonía
y es la fe de mis mayores
!Oh, no eres tú mi cantar
no puedo cantar, ni quiero
a este Jesús del madero
sino al que anduvo en la mar!
Antonio Machado

quinta-feira, março 24, 2005

Andalucía (10)

Sagrado Descendimiento
Hdad. El Descendimiento (Málaga)

Andalucía (9)

Ntro. Padre Jesús de la Pasión

Andalucía (8)

María Santísima de la Esperanza Macarena

Andalucía (7)

Ntro. Padre Jesús de La Sentencia

Andalucía (6)

Ntra. Sra. de la Esperanza

Andalucía (5)

Real Iglesia de San Antonio Abad

Andalucía (4)

Ntro. Padre Jesús del Gran Poder

Andalucía (3)

María Santísima del Mayor Dolor y Traspaso

Andalucía (2)

Nazareno

Andalucía (1)

Cristo de La Hiniesta
Semana Santa na Andaluzia. Apoteose do barroco. Amor à tradição. Em Sevilla, como em muitas outras cidades, saem às ruas os pasos, soltam-se saetas nas varandas. As cofradías esmeram-se em implícita competição, cumprindo trajectos e rituais seculares.

quarta-feira, março 23, 2005

Rádio (4)

Radio Intercontinental - Madrid (AM 918)
É algo de pueril. Tinha eu uns 9 ou 10 anos e um dos momentos que muitas vezes aguardava era, aqui na Amadora, às 20:15, sintonizar em Onda Média a Radio Intercontinental, de Madrid (em metade do ano, quando já o sol se tinha posto, tal era possível e até se ouvia bem...) e encantar-me com um locutor a pronunciar com aquela típica pompa castelhana: ¡Aquí Radio Intercontinental / (ligeiro compasso de espera) / Madrid! (com afirmativo ênfase). Acto contínuo, entrava, impante, um pasodoble espectacular. Sempre o mesmo. Um desgraçado de um pasodoble que eu nunca consegui detectar, nem, portanto, saber o respectivo nome. Nunca mais o ouvi, aliás...
Hoje a Radio Intercontinental, a outrora popular Inter, está decadentíssima... como toda a Onda Média, desde há muito remetida para o esquecimento pela FM.

terça-feira, março 22, 2005

Rompecorazones (7)

Pasión Vega - Pasión Vega (Besos y Besos) (2001)
Para quem aprecia o género e o estilo é difícil ter contenção na apreciação deste álbum - o primeiro da cantora malaguenha para a BMG. Difícil é, com efeito, imaginar melhor voz para este tipo de copla produzida de modo sofisticado e servida por um repertório onde constam os conceituados Joaquín Sabina (um veterano cautautor de esquerda ) e Carlos Cano (nome maior da recuperação da copla). Mas a maioria dos temas são de Antonio Martinez Ares. Com excepção do segundo (um erro de casting...), todos os outros são bons, alguns magníficos (Olvidarte; Carceleras del Puerto; Cómo te extraño; Qué desespero; Río Abajo) e um, verdadeiramente superlativo (Habanera de los ojos cerrados). Sendo este o derradeiro do álbum, a voz de Pasión Vega despede-se, deixando-nos numa doce prostração onírica em que apetece tudo menos abrir os olhos... Compreende-se bem que em 2002 tivesse sido considerado melhor álbum da música espanhola (VI Edición Premios de la Música).
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segunda-feira, março 21, 2005

domingo, março 20, 2005

Guia hispânico (11)

Hugh Thomas - La Guerra Civil Española
Oxford tem sido um alfobre de hispanistas. Hugh Thomas é um dos mais destacados. Esta obra, primeiramente editada em 1976, foi reeditada em 2001 em dois volumes, formato paperback. É um clássico sobre a Guerra Civil, uma das melhores sínteses que existem sobre o tema.
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quarta-feira, março 16, 2005

Rompecorazones (5)

Pasión Vega - Flaca de Amor (2005)
Esta cantora malaguenha veio do âmbito tradicional da copla - os seus primeiros álbuns (de distribuição pouco mais do que regional) são de temas consagrados do género. O timbre da sua voz adequa-se, aliás, perfeitamente a essa opção, a qual era lógica pelas suas origens e formação. Mas, na verdade, esse timbre tem qualidades que lhe deram asas para outros voos, sem perder o calor e o jeito coplero... Assinou contrato com a BMG e surgiram dois álbuns (Pasión Vega, 2001; Banderas de Nadie, 2003) que atestam um salto qualitativo para um nível mais sofisticado, onde a copla se funde com a moderna canção de autor. Esses dois álbuns tiveram acolhimento muito favorável a todos os níveis - desde a crítica mais exigente ao grande público. É uma voz sublime!
Flaca de Amor foi lançado agora com aparato e está destinado a um sucesso comercial ainda maior do que os anteriores - é pelo menos o que indicia a constante presença do tema Teresa nas ondas radiofónicas... Mas Teresa (assim como Tan poquita cosa e Por algo será) paira bem acima dos restantes. O repertório, tendo um valor médio muito aceitável, não consegue estar à altura dos dois álbuns anteriores, sendo certo, porém, que o esmero da produção e as qualidades da voz conseguem valorizar muito todo o conjunto.
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La Movida (5)

Gabinete Caligari - Discografia básica: Héroes de los 80 (1981-1983) / Cuatro rosas (1984) / Que Dios reparta suerte (1983) /Al calor del amor en un bar (1986)
Gabinete Caligari foi um dos grupos mais carismáticos e originais de la movida. Foram os criadores do que então foi designado como rock torero, que consistiu numa infusão de casticismo nas iconoclastas modas da vanguarda madrilena. O seu tema mais identificador foi Que Dios reparta suerte (o título é, já por si, um lema castiço...), de 1983. Teve impacto, com a sua cadência de pasodoble e ressoar de castanholas no meio de parafernália eléctrica. Um outro tema, do ano seguinte, alcançou também impacto: Cuatro rosas. Já não estava tão alinhado com esse estilo, pois, se bem que inserido na vaga neo-romântica, situava-se, um pouco inesperadamente, na vertente mais melódica. Passados já mais de vinte anos, resplandece como um dos melhores temas de sempre do pop/rock espanhol e um dos hinos de la movida. Ambos constam desta compilação de três álbuns e singles, editados originalmente entre 1981 e 1986.
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domingo, março 06, 2005

Soulsville (3)

Dionne Warwick - Then Came You (1975)
O revivalismo dos anos 70 não tem estado muito presente na agenda das grandes editoras. Isto é especialmente válido para o que não se insere no mainstream do pop/rock. Contudo, vão surgindo algumas pequenas editoras que vão explorando estes terrenos. É o caso da Ambassador Soul Classics, que recentemente lançou magníficas edições de LP's de soul, nomeadamente dois de Dionne Warwick, saídos orignalmente em 1975: Then Came You e Track of the Cat.
Dionne Warwick já havia passado a fase em que ainda eram marcantes as suas origens no godspell e tinha acabado se sair daquela fase em que se notabilizara como intérprete por excelência dos standards de Burt Bacharach e Hal David. Nos anos 70, afrontava a necessidade de uma adaptação a tempos menos propícios ao cançonetismo convencional. Assim, ambos os álbuns inserem-se numa linha de soul comercial, produzido com sofisticação. Sob o ponto de vista comercial, os resultados, contudo, foram muitíssimo bons para o primeiro e decepcionantes para o segundo. No espaço de menos de um ano que os separa, a cantora mudou de produtor, embora não de estilo. E, apesar de o primeiro ter uma qualidade ligeiramente superior, trinta anos depois, a diferença não parece justificar uma sorte tão divergente... No primeiro, o tema que dá nome ao álbum, interpretado com o grupo The Spinners, atingiu o #1 Top40USA. Ouvindo-o hoje, parece ser mais um argumento para admitir que êxito comercial e qualidade só passaram a estar sistematicamente afastados desde início dos 90... Além disso, o tema de entrada (Take it from me) é também excelente e todos os demais são de um nível médio bastante agradável. O mesmo é válido para o álbum Track of the Cat, onde também se encontra um nível médio quase idêntico e onde há dois temas que se destacam - o primeiro (Track of the Cat) e o último (Once You Hit the Road). Finalmente, é de notar um pequeno pormenor: entre um álbum e outro a cantora decide prescindir do "e" final de Warwicke...
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Dionne Warwick - Track of the Cat (1975)
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quarta-feira, março 02, 2005

Salsa y merengue (8)

Rubén Blades / Son del solar - Caminando (1991)
No início dos anos 70 o panamenho Rubén Blades encontra-se entre os que em Nova York deram origem ao que se designou como salsa (tradução literal: molho). Uma música intrinsecamente latina, pois baseia-se em ritmos tradicionais, particularmente, de Cuba, Puerto Rico e Santo Domingo (son, bomba, merengue, respectivamente). Contudo, elementos modernos fazem parte do seu código genétco e definiram o seu carácter. Esses elementos vieram sobretudo, do jazz, mas também, em alguma medida, do pop/rock. Em muitas das suas formas mais sofisticadas a salsa é um subgénero do jazz. Por outro lado, uma linha de evolução mais melódica, acabou por originar o que se designa como salsa romántica. Em todo o caso, a salsa mais genuína está a meio caminho das duas tendências e tem em Rubén Blades um dos seus melhores representantes. É, por excelência, o género mais representativo do universo hispânico da área metropolitana de Nova York, onde vivem cerca de três milhões de pessoas de língua espanhola.
Caminando é um dos melhores exemplos da música de Blades. Não teve, ao contrário de dois outros álbuns anteriores (Escenas e Antecedente) o reconhecimento dos grammys latinos, mas é, dentro da carreira de Blades, uma obra de maturidade, onde existe um conjunto de temas poderosos, começando, aliás, pelos dois iniciais (Caminando e Camaleón), fortíssimos, que dão o mote para o resto. A temática é quase exclusivamente de carácter político-social e o ambiente é poderosamente rítmico. Não se pode dissociar Blades de um radicalismo pan-hispano-americano e, mesmo, anti-gringo, sendo, talvez, o seu mais destacado representante nesta área. Aliás, não por acaso, acabou por fundar um partido político no seu país natal e aí concorreu às eleições presidenciais, sendo derrotado, é certo, mas obtendo uma votação expressiva. Que era uma espécie de homem dos sete instrumentos já se sabia, na medida em que, para além da música, sustentava uma carreira cinematográfica, ainda que limitada a papéis secundários. Seja lá como for, o seu talento musical é indiscutível, quer como compositor, quer como intérprete - tem uma voz de timbre metálico muito expressiva.
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Salsa y merengue (7)

Willie Colón / Rubén Blades - Siembra (1978)
Este álbum, editado pela Fania, produzido e dirigido pelo novaiorquino Willie Colón, composto e interpretado pelo panamenho Rubén Blades, é consensualmente considerado o mais importante na história da Salsa. Sobressai, desde logo, o facto de conter o famosíssimo tema Pedro Navaja, crónica de um marginal hispano de Nova York, cuja letra e desenvolvimento rítmico marcarão um estilo de referência. Contudo, os demais temas são magníficos, com destaque para a mordaz crítica social do tema incial, Plástico, (que começa em irónico ritmo disco...), para a sabrosura de Buscando guayaba e para a melodiosa Dime. No seu conjunto constitui uma álbum programático, quer pela proposta artística, quer pela temática, a qual se pode resumir no lema: orgulho hispano.

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