quarta-feira, janeiro 31, 2007

Outro Brasil (3)

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Toquinho - Acquarello (1983)
Aquarela / Acquarello é a mais conhecida canção de Toquinho. É linda! Foi composta em parceria com Maurizio Fabrizio e Vinicius. Foi originalmente concebida em dupla versão bilingue, como, aliás, o álbum em que se insere. É também provável que haja uma versão em espanhol, já que alcançou grande popularidade em Espanha (há uma recente versão, do grupo Seguridad Social). Exímio tocador de violão, inesquecíquel companheiro de Vinicius, Toquinho caprichou em deixar este testemunho de sensibilidade que será para sempre um exemplo de simplicidade sublime. Que o resto do álbum seja pouco menos que banal, tem pouca importância depois de tal entrada....
Toquinho, de seu nome António Pecci Filho, é um retinto paulista, descendente de italianos. Em finais dos anos 60 teve com Chico Buarque um exílio italiano, que no seu caso foi oportunidade para um reforço das raízes culturais familiares. Desde então tem levado uma carreira dividida entre Itália e Brasil. Com Sergio Bardotti, Ornella Vanoni, Sergio Endrigo e Maurizio Fabrizio consolidou essa vertente italiana.
Em jeito de apoteose para esta jóia, aqui fica também a versão em português, através de um video com uns desenhos animados que se enquadram perfeitamente no espírito de
Aquarela / Acquarello. Melhor, impossível...

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Toquinho e o seu violão

Toquinho - Acquarello in Acquarello (1983)

Mediterráneo / Mediterrània (35)

Raimon - Cançons de la roda del temps (1966)

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terça-feira, janeiro 30, 2007

Mediterráneo / Mediterrània (34)

Raimon - Nova integral Edició 2000 (2000)
Raimon (Ramón Sanchis Pelejero) é o decano da cançó catalana, mas não é propriamente catalão, é valenciano. Nasceu em Xàtiva, no sul da província de Valencia. Convém saber que a área linguística catalã estende-se pelo litoral das terras valencianas até ao sul da província de Alicante. As localidades de Elx (Elche) e Crevillent, já próximas de Murcia, assinalam os seus limites meridionais. A forma valenciana de falar catalão (valencià) diferencia-se por uma fonética de vogais mais abertas e por um vocabulário com certas especificidades, uma boa parte das quais de origem árabe. Juntamente com um punhado de intelectuais valencianos, onde avulta Joan Fuster, Raimon foi, nos anos 60 e 70, intérprete de um ideal pan-catalanista que se traduzia no conceito Països Catalans - comunidade linguística entre Principat (Catalunya), Illes (Menorca, Mallorca, Eivissa) e País Valenciá. Tornou-se figura de proa do catalanismo. Mas, em boa verdade, foi mais do que isso, foi uma dos primeiros cantautores com projecção e nessa medida chegou a ter notoriedade em toda a Espanha, apesar de ter cantado sempre só em catalão. Alguns dos hinos antifranquistas dos anos 60 foram da sua lavra. Em qualquer lugar de Espanha os seus espectáculos transformavam-se em comícios. Porém, a sua música foi-se desenvolvendo para além das intervenção política. No início, a crua simplicidade da sua música, assente numa simples guitarra e em acordes lineares, fazia ressaltar uma voz poderosa e expressiva. Este trunfo sempre o manteve. Mas, já em 1966 havia sinais num outro sentido. Nesse ano saiu o álbum Cançons de la roda del temps, onde Raimon pôs em música poemas de Salvador Espriu e tinha uma capa da autoria de Joan Miró. Esta linha levá-lo-ia mais tarde aos poetas valencianos de finais da Idade Média, como Ausiàs March. Nos anos 80 e 90 estava já longe do panfletarismo, apostando por uma via mais valiosa de canção de texto.
Em 2000 é lançada uma reedição de toda a sua carreira discográfica em 10 volumes. No sexto consta Cançons de la roda del temps, não na versão original, mas numa outra, que havia sido entretanto gravada em 1981. A voz ainda poderosa e límpida de Raimon e o adusto lirismo de Espriu proporcionam uma experiência tão interessante como na versão original.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Outro Brasil (2)

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Ornella Vanoni, Vinicius, Toquinho - La voglia, la pazzia, l'incoscienza, l'allegria (1976)
Este álbum foi gravado em Milão, em 1976, com produção de Sergio Bardotti. Temos aqui o melhor encontro entre a música italiana e a MPB. Uma benfazeja onda parece ter inspirado o empreendimento, que foi dos mais bem sucedidos de Bardotti como promotor da MPB em Itália.
Como noutras gravações de Toquinho e Vinicius, intui-se um certa descontração, escutando introduções em jeito de bate-papo, declamações e pequenos improvisos soltos com oportunidade. É notório que se sentem bem num ambiente italiano - Toquinho, como tantos paulistas, tem chegados ascendentes italianos e Vinicius, não nos esqueçamos, foi diplomata em Roma. Quanto a Ornella é notório que não está ali como intrusa. É, enfim, um grupo de amigos que se encontrou no estúdio. O poeta, religiosamente acompanhado pelo seu copo de whisky, em esplendorosa beatitude. Toquinho em óptima forma com o seu violão. Ornella, com a sua finura, no apogeu. Que encontro! Todo o disco não tem desperdício, mas se me é permitido destacar um tema, pois que seja o inesperado clássico napolitano Anema e Core (Alma e coração, em napolitano), que durante minuto e meio nos eleva até ao plano da perfeição melódica, mediante a voz sensível de Ornella, apenas acompanhada discretamente pelo violão de Toquinho. Ainda por cima, na sequência em que aparece, este tema é um suavíssimo interlúdio na toada de suave batucada. Ou seja, estabelece um ligeiro contraste, reforçando a harmonia do conjunto. É um flash napolitano, cujo nexo de oportunidade parece ser (como se deduz da introdução) o facto de ser predilecto de Vinicius.
(Vai daqui um abraço para o meu amigo Paolo Driussi que me deu este CD, como muitos outros...)
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Ornella Vanoni / Toquinho - Anema e core in La voglia, la pazzia, l'incoscienza, l'allegria (1976)

sábado, janeiro 27, 2007

Complexo de Aljubarrota (11)

Rafael Valladares - A independência de Portugal: Guerra e Restauração 1640 - 1680 (1976) / La rebelión de Portugal 1640 - 1680 (1998)
Este livro é um achado. O tema tem estado sempre ausente das preocupações historiográficas espanholas. Por cá o tema ficou assolado por uma visão nacionalista e, a avaliar pelo mercado editorial, não tem despertado interesse que sustente novidades. Rafael Valladares é um caso sui generis. Para além de um interesse avalizado por uma profunda investigação, demonstra uma rara percepção do como o assunto é visto e sentido por cá. Será, enfim, um dos poucos espanhóis que compreendem a natureza do tal complexo de Aljubarrota... Mas a sua percepção vai mais longe - avança com elementos para se entender esse lugar ausente que Portugal ocupa na cosmovisão espanhola. Com efeito, uma peça essencial na sua tese é a que a perda do império português para a monarquia hispânica foi algo, a todos os títulos doloroso e traumatizante, de tal modo que constituiu o ponto de partida para um processo de perda não superado - um luto que nunca chegou a ser feito e que, com o tempo, cristalizou em esquecimento e ignorância anormais.
A informação discorre pelos caminhos da pura história política. Percebe-se que a Restauração se tornou possível graças ao contexto da política europeia da segunda metade do século XVII. Dois factores tornaram-se decisivos para o seu êxito: o Brasil e os Jesuítas. O pano de fundo favorável é, evidentemente, a decadência do império hispânico dos Habsburgos, a posição ascendente da França (já moldada pela raison d'état de Richelieu), primeiro, e a Inglaterra empenhada em obter o domínio da navegação atlântica, depois. Tal contexto não o ignorava, mas desconhecia muitos dados concretos que os ilustra. Espanta a debilidade da monarquia restaurada dos Braganças, cuja sobrevivência só é compreensível pela ainda mais espantosa inanidade da máquina militar do valido Conde-Duque Olivares. Neste particular há, para mim uma novidade: a sua clarividência política é bem mais débil do que supunha. Via-o mais como vítima de circunstâncias adversas, mas agora parece-me que a sua acção demonstra demasiada obstinação e rigidez. Em todo o caso, a situação ficou por definir muito tempo para além do seu desaparecimento do cenário político. Até quase ao final do século a reintegração de Portugal na monarquia hispânica continuou a ser uma possibilidade muito viável. Uma vez mais, o que acabou por ser decisivo foram os factores da grande política europeia, que jogaram sempre no sentido do enfraquecimento do império espanhol.
Uma nota final para sublinhar a qualidade gráfica desta edição - capa dura, sobrecapa, bom papel e boas gravuras.

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Complexo de Aljubarrota (10) (1 remake)

Federico González - Reflexões de um espanhol em Portugal (2004)
Sempre senti atracção por Espanha. Na verdade, Espanha e Itália por umas razões, Grã-Bretanha por razões de outro tipo, são os países que mais me atraem. Sempre viajei muito por Espanha e posso dizer que conheço Espanha e os espanhóis melhor que a maioria dos portugueses. Este conhecimento foi reforçado pelo facto de ter o meu filho a estudar no Instituto Espanhol e pelo seguimento que faço dos meios de comunicação do país vizinho. Sempre li muito sobre assuntos relacionados com Espanha, podendo dizer que conheço bastante da sua história e geografia.
É um dado conhecido, mas não devidamente tido em conta, o mútuo desconhecimento dos vizinhos ibéricos; melhor dizendo – ambos pensam que se conhecem bem e, na realidade, estão longe de se conhecer bem. O desconhecimento consegue ser ainda maior pelo lado de lá. Ora, sobre isto impõe-se a leitura de Reflexões de um espanhol em Portugal, de Federico González, o qual, com certeiro poder de observação, se deu conta da dimensão do equívoco. O livro é, aliás, delicioso e deveria ser de leitura obrigatória para portugueses e espanhóis que têm de se aturar mutuamente. Pena é que se centre só no âmbito das relações empresariais e laborais.

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terça-feira, janeiro 23, 2007

Napule e'... (5)

Nápoles - início dos anos 50

Napule e'... (4)

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Bruno Venturini - Antologia napoletana: 'Simmo 'e Napule... paisà... (1987)
Eis a canção tradicional napolitana pura e dura, por um dos seus mais convencionais e populares intérpretes: Bruno Venturini. São cinco os volumes que compõem esta colectânea, que percorre todo o mais conhecido repertório napolitano. A consabida estridência tenorística do género tem aqui uma amostra adequada. Como não podia deixar de ser, há uma boa dose de hiperdramatismo na interpretação. Seja como for... é bonito, muito bonito, sobretudo se servido por melodias sublimes e letras comoventes como a célebre Lacreme napulitane presente neste volume, provavelmente a mais bela canção jamais alguma vez inspirada pela nostalgia imigrante...
Bruno Venturini in Artisti.it

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Bruno Venturini - Malafemmena in Antologia Napoletana: 'Simmo 'e Napule... paisà... (1987)

Napule e'... (3)

Malafemmena
É curioso, mas a verdade é que o autor da famosíssima canção napolitana Malafemmena (Má mulher) é... Totò. Efectivamente, essa canção amargurada foi composta por Antonio de Curtis.

Si avisse fatto a n'ato
chello ch'hê fatto a me,
st'ommo t'avesse acciso...
e vuó sapé pecché?
Pecché 'ncopp'a 'sta terra,
femmene comm'a te,
nun ce hann''a stá pe' n'ommo
onesto comm'a me...

Femmena,
tu si na malafemmena...
a st'uocchie hê fatto chiagnere,
lacreme 'e 'nfamitá...

Femmena,
tu si peggio 'e na vipera,
mm'hê 'ntussecato ll'ánema,
nun pòzzo cchiù campá...

Femmena,
si doce comm''o zzuccaro...
peró 'sta faccia d'angelo,
te serve pe' 'nganná!

Femmena,
tu si 'a cchiù bella femmena...
te voglio bene e t'odio:
nun te pòzzo scurdá...

Te voglio ancora bene,
ma tu nun saje pecché...
pecché ll'unico ammore
si' stato tu pe' me!...
E tu, pe' nu capriccio,
tutto hê distrutto oje né'...
Ma Dio nun t''o pperdona
chello ch'hê fatto a me...

Femmena,
Antonio de Curtis

Napule e'... (2)

Antonio de Curtis (Totò) (1898-1967)
É um pormenor quase tão grotesco como certas situações dos seus filmes, mas a verdade é que Totò viu oficialmente reconhecido, em 1946, o direito a nomear-se e intitular-se do seguinte modo: "Antonio Griffo Focas Flavio Dicas Commeno Porfirogenito Gagliardi De Curtis di Bisanzio, altezza imperiale, conte palatino, cavaliere del sacro Romano Impero, esarca di Ravenna, duca di Macedonia e di Illiria, principe di Costantinopoli, di Cicilia, di Tessaglia, di Ponte di Moldavia, di Dardania, del Peloponneso, conte di Cipro e di Epiro, conte e duca di Drivasto e Durazzo". Quem diria... Sucede que o cómico napolitano nasceu de uma relação amorosa clandestina entre sua mãe, uma plebeia, e o marquês Giuseppe de Curtis. Este só o reconheceu mais de trinta anos após o seu nascimento.
Poucas personagens foram tão marcadamente portadoras da alma napolitana como Totò - esse pobre diabo desenrascado, zombeteiro pateta, oscilando entre o megalómeno e o servil.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Napule e'... (1)

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Pino Daniele - Napule e' (2000)
A música popular italiana, como, aliás, sucedeu com a francesa, ressentiu-se com a expansão dos modelos do pop/rock - algo que não ocorreu tanto com a música popular espanhola. Deste modo, em França e Itália as modalidades de fusão entre o cançonetismo e o pop/rock foram menos enriquecdoras. Este facto, contudo, não nos deve levar a ignorar propostas artísticas situadas nessa área e que trouxeram algo de original - um exemplo é Pino Daniele. Trata-se de um cantautor que vai buscar grande parte da sua inspiração à riquíssima tradição musical napolitana, conseguindo uma interessante simbiose com a sua matriz de baladeiro rock... Se a isto acrescentarmos uma voz quase de falsete, mas expressiva, temos um resultado original.
Este duplo CD é uma colectânea, podendo ser uma introdução a este artista. Destacam-se uma meia dúzia de temas soberbos - são baladas melodiosas, algumas com o sabor especial que advem do facto de serem cantadas em napolitano. Uma vez mais, tal como no seu tempo o veterano Roberto Murolo provou, é bom experimentar esse doce idioma liberto dos trejeitos de gerações e gerações de tenores, que popularizaram um estereótipo estridente da canção napolitana...

Schizzechea.it

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Pino Daniele - 'O ssaje comme fa 'o core in Sotto o' sole (1992)

Viagens (51)

Atlas de estradas Michelin - Portugal & Espanha 2007
Cada ano, por esta altura, compro o atlas de estradas Michelin de Portugal e Espanha. Para o conjunto dos dois países é o mais actualizado mapa de estradas que existe. Além do mais é uma cartografia apelativa e eficaz. Este ano apresenta um atractivo suplementar: tem uma escala maior (passou de 1:400.000 para 1:350.000). Para quem é adito a mapas, como é o meu caso, é uma novidade de monta. Continuo, porém, pouco agradado com o formato desdobrável que se vem repetindo nos últimos anos. Apreciava mais o formato tipo álbum de edições mais antigas. Ignoro se continua a ser editado nesse formato, mas nos últimos três anos só tenho encontrado edições desdobráveis.
Para mim os mapas são também, em si, um veículo para viajar sem sair de casa. É algo que não precisa de detalhada explicação para quem tem sensibilidade e educação geográfica, se bem que seja uma cartografia de outro tipo a que melhor corresponde a tais emoções. Em todo o caso, é o instrumento ideal
para preparar e orientar viagens de automóvel, assim como uma rica e variada fonte de informações adjacentes. Um exemplo: verifica-se que de ano para ano a rede de auto-estradas e vias rápidas portuguesas não cessa de se expandir. Aparentemente, a densidade desta rede deve ser já superior à espanhola. Mas, até mesmo os bons mapas têm os seus limites... Assim, a experiência real diz que a qualidade da rede primária e, sobretudo, da rede secundária é inferior à espanhola. Em quase todos os aspectos: da qualidade do pavimento à sinalização. Pode-se dizer que a qualidade da rede de autovías (estradas com faixas de rodagem separadas) espanholas é pouco inferior à das auto-estradas portuguesas, com a óbvia vantagem de não ter portagens. As autopistas (auto-estradas) têm um nível idêntico às nossas, com portagens ligeiramente mais caras. As áreas de serviço convencionais são em Espanha de qualidade muito variada. Em Portugal são de qualidade mais homogénea e a média será um pouco superior. Contudo, toda a rede de estradas em Espanha tem um conjunto de serviços de apoio muito mais extenso e variado (restaurantes, motéis, hotéis, restaurantes, bares). Em síntese, devo dizer que as estruturas para viajar de automóvel em Espanha são superiores. The last but not the last: se em Espanha se conduz mal, em Portugal conduz-se muitíssimo pior, de forma agressivamente suicida...
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domingo, janeiro 21, 2007

Vademecum (4)

Peter Burke - Lenguas y comunidades en la Europa moderna (Languages and Communities in Early Modern Europe) 2006 (2006)

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quarta-feira, janeiro 17, 2007

Mariachi y tequila (35)

Verdad y fama: Paquita la del Barrio (1)

Verdad y fama: Paquita la del Barrio (2)

Verdad y fama: Paquita la del Barrio (3)

Verdad y fama: Paquita la del Barrio (4)

Verdad y fama: Paquita la del Barrio (5)

Verdad y fama: Paquita la del Barrio (6)

terça-feira, janeiro 16, 2007

Memória do futebol (3)

Liga espanhola 1964 -65

Campeão: Real Madrid CF (Araquistain; Isidro, Santamaría, Miera; Muller, Zoco; Amancio, Ruiz, Grosso, Puskas, Gento).

01 Real Madrid CF - 47
02 Atlético Madrid - 43
03 Real Zaragoza CD - 40
04 Valencia CF - 38
05 Córdoba CF - 35
06 CF Barcelona - 32
07 Atlético Bilbao - 32
08 Elche CF - 31
09 UD Las Palmas - 29
10 Sevilla CF - 26
11 Real CD Español - 25
12 Real Bétis Balonpié - 23
13 Real Murcia CF - 23
14 Levante UD - 21
15 Real Oviedo CF 20
16 Real Deportivo La Coruña - 15

sábado, janeiro 13, 2007

Andalucía (18)

Sevilla (I) in Andalucía es de Cine (2002)



Falete - Sevilla in Puta mentira (2006)


Rocío Jurado - Sevilla in Sevilla (1991)

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Il bel paese (9)

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Riccardo Tesi / Maurizio Geri - Acqua, foco e vento (2003)
Sob vários critérios a Toscana é o epicentro da Itália. A língua oficial da Itália (o italiano) resultou da adopção do toscano como língua oficial de estado, o qual, recorde-se, foi tardiamente criado (último terço do século XIX). Era o idioma dos florentinos, reconhecido como o prestigiado idioma de Dante e Petrarca, que desde finais da Idade Média fora adoptado pelas elites transalpinas. Sucede que, além do mais, era inteligível quer pelas populações que falavam dialectos do norte, quer por aquelas que falavam dialectos do sul. Este facto é demonstrativo de como a Toscana pode ser considerado o lugar da mais genuína italianidade. Ora, este álbum demonstra um outro aspecto dessa centralidade: a música popular tradicional. Ao ouvi-lo encontramos elementos do norte e do sul. A sonoridade do organetto diatonico sugere algo do Norte. Os ritmos, muitos deles dançantes, deixam-nos um sabor meridional. O jogo de vozes sublinha o carácter mediterrânico.
Já tinha notícia de que Riccardo Tesi era um virtuoso do acordeão tradicional (organetto diatonico). Com o irlandês Kirkpatrick e o basco Kepa Junkera participara no projecto Trans Europe diatonique. Por outro lado, não ignorava a importância da fisarmonica (acordeão comum) na música italiana em geral, nem, tampouco, a sua popularidade. Em Amarcord, de Fellini, vê-se como em Rimini estava presente nas romarias de rua. Riccardo Tesi é de Pistoia, cidade de pergaminhos históricos, situada no norte da Toscana. Tem um longo trabalho de recuperação e divulgação do organetto. Pois este álbum, feito em parceria com Maurizio Geri, é um comprovativo do seu virtuosismo. Mas é mais do que isso. É, em riqueza instrumental, uma das mais notáveis gravações que conheço na música popular tradicional. Nele participam vários músicos de grande qualidade, nomeadamente a vocalista Anna Granata. Acqua Foco e Vento é obrigatório para quem queira introduzir-se na música popular tradicional italiana. Ouça-se, por exemplo, La ballata del carbonaro que bem se pode considerar uma síntese das suas qualidades.
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Riccardo Tesi / Maurizio Geri - La ballata del carbonaro in Acqua, foco e vento (1968)

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Viagens (50): Norte de Itália / Julho - Agosto de 2001 (6)

4º Dia (3ª Feira / tarde)
A chegada a Siena não proporcionou uma vista panorâmica, pois a cidade estende-se por uma encosta em sentido oposto àquele por onde tinha entrado. É amuralhada. Detém um património riquíssimo. Perdeu importância desde finais da Idade Média, mas não se pode dizer que ficou à margem do tempo. Tem cerca de 50.000 habitantes e é capital de província.
Desgraçadamente, o calor era ainda mais intenso. Entrar no centro da cidade com o carro era impossível. Mas, tal como tinha verificado na planta, do local onde estava até ao centro era mais de um quilómetro, por ruas muito estreitas. Estacionado o carro num terreiro do lado exterior das muralhas, decidi tomar um transporte urbano - um dos mini autocarros que já tinha visto passar. Em menos de um quarto de hora, surgiu um que me levou até à praça da catedral. A fachada é mais exuberante que a de Florença e de grande beleza. O interior é, provavelmente, mais valioso, quanto mais não seja pela decoração do pavimento. Além disso, mais prosaicamente, era um refúgio para o calor... Infelizmente, assim sentia também a multidão de turistas que a abarrotava... Era demasiada gente. Em face da situação, tornou-se pertinente procurar a famosa Piazza del Campo.
Sempre a descer cheguei à mais bela praça alguma vez vista. A torre do Palazzo Comunale domina um vasto terreiro em semi-circulo. As casas de tonalidade rosada reforçavam a luminosidade, de modo que, vindo da semi-obscuridade das ruelas, foi grande o impacto. Nesta praça realiza-se, duas vezes por ano, o Palio – corrida de cavalos realizada com todo o aparato medieval. Cada cavalo representa uma contrasta (bairro).
Siena tem uma antiga e prestigiada universidade, o que reforça ainda mais o seu valor. Segundo o meu conceito de cidade, é um exemplo de perfeição (sem o atroz calor que assolava...). À primeira vista viver lá é um privilégio. Não me esqueci, precisamente, que devido às suas funções docentes na universidade, aí vive Antonio Tabucchi, o mais destacado lusófilo da intelectualidade europeia. Vi-o uma vez, numa noite de verão, na mesma bicha em que eu estava para jantar, num restaurante de Santa Luzia (Tavira), em situação vulgaríssima de férias familares. Tabucchi será duplamente privilegiado, pois, parece, que vive metade do ano neste paraíso e a outra metade na parte antiga de Lisboa, o que, sob certas condições, não deixa de ser também um privilégio.
No regresso a Florença quis entrar pela estrada que passa junto ao Belvedere de Piazzale Michelangelo. É um miradouro que está em Oltrarno, ou seja, do outro lado do Rio Arno. Parei e apreciei a vista panorâmica. Lá está também outra réplica de Davide. É por aqui que se deve entrar na cidade, pois é uma apresentação digna de bilhete postal.
Depois, andei por zonas periféricas para conseguir encontrar a garagem onde teria de devolver o carro alugado. Não foi fácil. Nessa busca passei junto ao Stadio Artemio Franchi onde joga a Fiorentina e onde, até poucos dias antes, Rui Costa exercera de ídolo. Eram vários os cartazes publicitários onde estava presente. Nas páginas do diário local La Nazione, a comoção pela perda do jogador para o AC Milan era testemunhada em vários artigos – o acontecimento era apresentado como o símbolo da falência da societá viola, que se via, assim constrangida à lógica de “vão-se os anéis, ficam os dedos...”.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Boulevard nostalgie (23)

Antony Beevor / Artemis Cooper - Paris após a libertação: 1944 - 1949 (1994)

De Antony Beever já tinha lido três obras: A Guerra de Espanha, Stalinegrado e A queda de Berlim. É um historiador ao bom velho estilo britânico. Esta obra, porém, sai um pouco do estilo. Feita em parceria com a sua mulher, Artemis Cooper, tem uma forte componente mundana, não deixando de ser, essencialmente, história política. O mundano advém da utilização de um grande manancial de fontes situadas em sectores sociais privilegiados, particularmente nos meios diplomáticos. Com efeito, Artemis Cooper é neta daquele que era o embaixador britânico em Paris nesses tempos. É uma perspectiva culta, curiosa e artística, bem pertinente quando se trata de uma cidade como Paris.
A grande conclusão que tirei é que esta cidade tem em si o sortilégio de, nas mais difíceis condições, nunca perder o encanto e o requinte. Mais ainda, tem (ou tinha…) o poder de sustentar um ininterrupto fervilhar de ideias e expressões artísticas, mesmo em situações limite. E tal, sem que os sectores responsáveis por este carácter imanente se alheiem da realidade política. Bem pelo contrário, a política sempre penetrou a vida artística e intelectual parisiense, de um modo, porventura, até, exagerado.
Outras conclusões se podem tirar: as dificílimas condições de vida do pós-guerra persistiram até, praticamente, ao final da década; o poder e a fraqueza do gaullismo vinham das suas insuperáveis contradições; o estalinismo do Partido Comunista Francês proporcionou exemplos da mais sórdida hipocrisia; o Plano Marshall foi imediatamente decisivo para libertação da miséria e da ameaça comunista. É um livro que se lê de bom grado, com proveito e é adequado a vastos públicos.

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sábado, janeiro 06, 2007

Flamenco (20)

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Camarón de la Isla - Una leyenda flamenca (1992)
Logo após a morte de Camarón de la Isla saiu esta colectânea em duplo CD. É um excelente resumo da sua carreira discográfica e com apresentação cuidada e detalhada. Pode ser uma alternativa modesta, mas digna, à monumental edição da sua discografia completa (17 álbuns) que há poucos anos foi editada. De notar que, não obstante Camarón ter dado voz a algumas das experiências mais inovadoras do flamenco, nomeadamente no álbum La leyenda del tiempo, a maior parte da sua obra insere-se nos modelos tradicionais. Tendo em consideração este aspecto pode-se dizer que está tão perto dos velhos patriarcas flamencos, como dos jovens flamencos.

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Camarón de la Isla / Paco de Lucía: Como el agua (1981)

Flamenco (19)


Jaime Chávarri - Camarón (2005)

Camarón de la Isla (José Monge Cruz) foi a última grande lenda do flamenco. A sua morte prematura impediu o desenvolvimento de uma carreira de projecção ímpar, mas alcandorou-o, definitivamente, à condição de mito. Deve-se dizer que a voz de Camarón era genuinamente flamenca, servida por uma intensa garra. Além disso, feve uma carreira que, apesar de curta, assinalou marcos importantes na evolução do flamenco. A sua voz esteve presente em projectos inovadores, ao lado de guitarristas como Tomatito e Paco de Lucía. Protagonizou a experiência de pôr poemas de Federico García Lorca em acordes flamencos, como sucedeu com La leyenda del tiempo - momento emblemático da afirmação nuevo flamenco, pelo significou de ruptura em concepções de arranjos instrumentais.
A avaliar pelas classificações dos espectadores no IMDb, é provável que o filme não seja a obra-prima que o artista mereceria, em todo o caso, não deixa de ser uma dimensão inovadora na já extensa memorabilia camaroniana...

Info IMDb
Camarón in Flamenco world
Camarón in Revista del flamenco
Camarón in La factoría del ritmo
Camarón in Wikipedia

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Flamenco (18) (9 remake)

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El Pele / Vicente Amigo - Canto (2003)
Que se poderia esperar da junção destes dois cordobeses, Vicente Amigo e El Pele, (respectivamente, a melhor guitarra e uma das melhores vozes flamencas da actualidade) senão algo de notável? O que aqui há de moderno é relativamente discreto, mas eficaz. Contudo, os argumentos decisivos dizem respeito à alma do flamenco - há aqui momentos de duende y arte! A voz rasgada de El Pele e o virtuosismo de Vicente Amigo representam as qualidades inatas do espírito e da técnica próprios do flamenco. Na verdade, pode-se dizer que nesta gravação nos confrontamos com alguns momentos de cante jondo... O melhor ocorre no tema sete, Aconteció (seguirilla). Aí somos conduzidos quase ao transe emocional através da voz de El Pele, no seu estado mais selvagem, sabiamente sublinhada pelos acordes pontuais da guitarra e pela cadência rítmica da percussão.
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El Pele / Vicente Amigo - Aconteció in Canto (2003)

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Guia hispânico (25)

Manuel de Falla / Victoria de los Angeles / Rafael Frübeck de Burgos / Carlo Maria Giulini / Orquesta Nacional de España / Philarmonia Orchestra - La vida breve (1966); El amor brujo (1966); El sombrero de tres picos (1966)... (2001)

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Manuel de Falla / Victoria de los Angeles / Rafael Frübeck de Burgos / Philarmonia Orchestra - El sombrero de tres picos - Segunda parte (La noche): Danza final (1966)

Viagens (49)

Marcel Schweitzer - Les guides bleus: Espagne (1935 / 1949)
De um tempo anterior ao turismo de massas veio este sóbrio Guia de Espanha. Nada de fotos. Apenas texto, muito texto (em letra miudinha), mapas e plantas de cidades. Um texto veiculando uma típica visão francesa de Espanha, mas informado e culto. Com o tempo, estes guias da Hachette perderam projecção, sobretudo em relação aos da Michelin. No entanto, estes são representativos de um modelo clássico, puro e duro - a matéria é Geografia, História, Arte. As mundanidades, alojamento e restaurantes aparecem discretamente em listas informativas, como apêndices. Há um outro atractivo: a Espanha a que nos reporta é aquela que foi cenário da Guerra Civil. Está mais perto do século XIX, do que da actualidade.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

American dream (8)

Johnny Cash - Man in black: The very best of Johnny Cash (2002)
Da América profunda vem a música de Johnny Cash - a América vigorosa, decidida e individualista; de valores simples e sólidos. Um desses valores é o orgulhoso patriotismo. Nesta colectânea, criteriosa e excelentemente apresentada, figura, precisamente, um dos seus temas mais patrióticos, That ragged old flag. Mais do que uma canção é um poema declamado. Criado e interpretado pelo próprio com a devida carga emocional. Passa em revista momentos marcantes da história nacional, curta, mas recheada de feitos heróicos. Originalmente, figura num álbum do mesmo nome, exclusivamente dedicado à temática patriótica, onde na capa, o artista aparece com a bandeira nacional desfcraldada em fundo. Esta colectãnea abrange exemplos muito diversos da música produzida durante uma longa carreira. Inclui, por exemplo, outro dos temas mais carismáticos, o que foi gravado ao vivo num espectáculo efectuado na prisão de Folson. Foi, aliás, um tema composto expressamente para esse insólito espectáculo e que o abriu. Depois de ouvir o álbum apetece dizer: God bless America!.

Johnny Cash - Folson Prison Blues (Live version) in Man in black: The very best of Johnny Cash (2002)

Viagens (48)

Cees Nooteboom - De omweg naar Santiago (Caminhos para Santiago) (1992)

"A Espanha é brutal, anárquica, egocêntrica, cruel; a Espanha é capaz de cavar a própria sepultura por razões absurdas, é caótica, sonha, é completamente irracional. (...) Quem percorreu apenas os circuitos obrigatórios não conhece a Espanha. Quem não tentou se perder na complexidade labiríntica da sua história ignora o país por onde anda. É um amor para toda a vida, o espanto não tem limites."

Cees Nooteboom

Nas crónicas de viagem do holoandês Cees Nooteboom revi a minha concepção de viajante. Na sua forma de apreciar a Espanha, revi também a minha. Este livro, de edição brasileira, é uma compilação das suas crónicas de viagens através de Espanha. Santiago é um destino pretexto para deambulações pouco liniares pelos interstícios da pele do touro, além de ser uma referência oportuna para evocar um trajecto de devoção. Não é, evidentemente, aquela Espanha do turismo de massas... Por aqui não há Benidorm ou Torremolinos, mas antes severos lugarejos da meseta, perdidas aldeias de montanhas, esconsos callejones ou amplas plazas mayores de urbes que transpiram história... Esta forma de ser viajante é uma capacidade de percepção e sentir através da geografia e da história. No caso das terras de Espanha é, necessariamente, um exercício que só tem a ganhar se for inspirado por uma sensibilidade trágico-romântica.

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Salsa y merengue (20)


India / Marc Anthony - Vivir lo nuestro (1994)

É este o dueto que foi decisivo no início da carreira de Marc Anthony. India, a sua parceira neste dueto, já se tinha alcandorado numa posição destacada dentro do universo salsero. A verdade é que o novato aguentou-se aqui magnificamente ao lado da garbosa princesa de la salsa. Daí, logo alguns terem-lhe lançado o correspondente apodo de príncipe. Na vida real, porém, alguns anos depois, Marc Anthony proporcionou sucessivos pares principescos, ao casar-se, primeiramente, com um miss mundo e, posteriormente, com Jennifer López...

Salsa y merengue (19)

Marc Anthony - Sigo siendo yo (2006)
O mais recente álbum de Marc Anthony é uma recompilação de êxitos cantados em espanhol, gravados para a Sony Music, mas onde figuram também dois temas inéditos. Um destes é, precisamente, Que precio tiene el cielo, o último do alinhamento e que se tornou um êxito instantâneo. É a confirmação de que não pretende desvalorizar os seus créditos como intérprete salsero, em particular na sua vertente mais romântica.
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Marc Anthony - Que precio tiene el cielo in Sigo siendo yo (2006)