quarta-feira, dezembro 31, 2008

Salsa y merengue (32)

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Gilberto Santa Rosa - Expresión (1999)
É, sem dúvida, um dos mais notáveis álbuns de Gilberto Santa Rosa e, ao mesmo tempo, um dos mais emblemáticos, porque ostenta um dos maiores hits da sua carreira (Que alguien me diga) e porque aponta uma tendência que se consolidará nos anos vindouros. Essa tendência consiste em compatibilizar a condição de sonero com uma emergente faceta de baladeiro. É sintomático que, a partir daqui se torne comum o recurso a versões alternativas (balada vs salsa), tal como, por exemplo, ocorreu com Marc Anthony. É uma estratégia comercial que tem proporcionado um punhado de baladas interessantes e não tem impedido que continue a haver, de forma dominante, muita e boa salsa.
Um dos aspectos mais estimulantes das gravações do Caballero de la Salsa, que é a riqueza orquestral, encontra aqui um dos seus pontos mais altos Na verdade, trata-se de uma produção muito cuidada, com evidentes pretensões comerciais. Não é apenas Que alguien me diga, em versão salsa e versão balada, tendo esta última sido um hit (sendo que, a versão salsa, é que o mereceria... ); é também o explosivo tema de entrada, Dejate querer, que disfere, mesmo no mais sisudo, incontroláveis impulsos dançarinos... E há ainda mais uma meia-dúzia de temas muito bons. Tanto quanto parece, tais pretensões comerciais conseguiram os seus objectivos: ultrapassaram-se os limites do mercado salsero tradicional (Nueva York, Puerto Rico, Santo Domingo, Caracas, Miami) e alcançou-se toda a Hispano-América. Abriu-se, inclusivamente, uma porta para a Europa, timidamente, através do mercado espanhol.
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Gilberto Santa Rosa - Que alguien me diga (versión salsa) in Expresión (1999)

Boulevard nostalgie (29)

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Edith Piaf - Platinum collection (2007)
Esta colectânea de Edith Piaf é constituída por 45 temas divididos por 3 CDs. Para além de abranger tudo o de mais importante, tem uma introdução escrita e notas informativas sobre cada tema. Para os mais exigentes saiba-se que há 2 edições integrais das suas gravações: uma, luxuosa, ligeiramente acima dos 100€ e outra, minimalista, por um incrível preço que anda na casa dos 25€! As gravações de Edith Piaf estenderam-se pelos anos 40, 50 e início dos 60. Era uma época em que, pelo menos fora dos EUA e, eventualmente, da Grã-Bretanha, não havia ainda álbuns LP. Na verdade, o formato esmagadoramente dominante era o EP de 78rpm, que permitia, no máximo 4 canções - duas de cada lado. Os primeiros álbuns apareceram como compilações dessas edições. Presumo, portanto, que de Piaf jamais tivessem existido álbuns de originais. Nestas circunstâncias as compilações têm uma importância especial e para os amantes da música é chocante que em relação aos artistas cuja carreira discográfica passou à margem dos LPs, raramente existam compilações criteriosas e informativas. Piaf, graças à projecção que tem, ainda assim é uma das excepções, pois, como referi, dela existem duas compilações integrais e uma compilação de média dimensão e qualidade aceitável como esta.

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Edith Piaf - Mon manège à moi (tu me fais tourner la tête) (1958)

Boulevard nostalgie (28)


Jacques Dutronc - Il est cinq heures, Paris s'éveille (1968)

terça-feira, dezembro 30, 2008

Boulevard nostalgie (27)

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François Margolin - Paris, la visite (2002)
Antes de mais, diria que estamos perante o non plus ultra dos documentários sobre cidades. A Montparnasse Édtions culmina aqui a reconhecida qualidade de excelência da colecção La visite. Tudo é excepcional: o texto, que reune as qualidades literárias às informativas; o conceito que lhe está subjacente, o qual reproduz num ciclo de 24 horas a evolução histórica da cidade; a fotografia, suavemente oscilando do poético ao realista; a música, através de temas alusivos à cidade apresentados como videoclips originais. Este último aspecto merece relevo, pois basta dizer que o primeiro clip é Il est cinq heures, Paris s'éveille, de Jacques Dutronc e o último é Mon manège à moi, de Edith Piaf. Diferentes facetas da cidade são apresentadas e de modo exaustivo. Mesmo para quem conhece Paris não deixará de descobrir mais atractivos.
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Paris, la visite - Sítio Oficial


François Margolin - Paris, la visite (Extracto)

Tour de France (2)

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Mark Daniels / Marc Bessou - France, la visite (2000)
Sobre França, antes de haver gravações com vistas aéreas, já havia com passeios de superfície e interiores. Da mesma editora de La France vue du ciel temos este France, la visite, cujo realizador é o norte-americano Mark Daniels. Este tipo de documentário oferece outras possibilidades. A Geografia cede um pouco frente à História e à Arte. Em boa verdade, este género complementa as paisagens aéreas. A produção e a matéria-prima são soberbas. Entre o muito que se poderia destacar, selecciono, por exemplo,os castelos do Loire. Se alguém tem dúvidas de que a França é em matéria de requinte e bom-gosto um paradigma de civilização, encontra aqui uma resposta.
Também em relação a este documentário há que apontar como único defeito o muito que fica de fora. Não se trata tanto da superficialidade com que Paris é tratada - compreensível se se tiver em conta que a editora contempla com documentário específico, como faz, aliás, com o Louvre e com Versailles, mas as cidades e regiões que são omitidas no La France vue du ciel e ainda outras mais. A opção é, porém, assumidamente mais intensiva que extensiva e assim há que a entender.
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France, la visite - Sítio Oficial

Tour de France (1)

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Sylvain Augier - La France vue du ciel (2006)
Existem muitas séries de gravações video com vistas aéreas de Espanha. O já veterano A vista de pájaro é nesta matéria uma referência histórica. De Itália também existe alguma coisa, que sem alcançar a sofisticação das produções espanholas, não deixa de reflectir as belezas sem paralelo desse país. Procurando se haveria algo semelhante sobre França, encontrei este duplo DVD. Deve-se dizer que, tecnicamente, está ao nível do que melhor se tem feito em Espanha, o que, atendendo às belezas paisagísticas do hexágono, é o mesmo que dizer que é muito bom. Com efeito, a produção é cuidada e o único defeito a apontar é o ser menos exaustivo do que devia... Quase tanto como na produção análoga que conheço sobre Itália, aqui fica-se com água na boca pelas omissões e escassez de desenvolvimento. Todo o Norte é ignorado. O mesmo sucede com cidades como Rennes, Bordeaux, Toulouse, Nice, Lyon e Strasbourg. As maiores cidades são, efectivamente, o mais clamoroso do que está omitido. Em contrapartida, a cobertura do Vale do Loire e da Córsega, por exemplo, são satisfatórias. O que fica registado e a forma como fica é, porém, belíssimo. A registar especialmente a sobriedade dos comentários e da banda sonora.
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La France vue du ciel - Sítio Oficial


Sylvain Augier - La France vue du ciel (Trailer)

domingo, dezembro 28, 2008

Tiro ao alvo (22)

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Laurent Cantet - Entre les murs [A turma] (2008)
É um filme francês feito com poucos recursos, mas laureado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Num mercado cinematográfico cada vez mais dominado por Hollywood é saudável que um filme assim consiga encontrar lugar. Acresce que o filme não só se afasta dos padrões de evasão como procura uma aproximação à realidade. Nesta procura recorre a fórmulas que em tempos caracterizaram alguns exemplos de neo-realismo, como o facto dos actores não serem profissionais e, inclusivamente, do protagonista, François Bégaudeau, ser o próprio professor que escreveu o livro que serve de argumento. Além do mais, ao debruçar-se sobre a realidade escolar, mexe numa ferida actual: o problema da educação. Fá-lo numa perspectiva de professor, note-se; o que, desde logo permite que se percebam alguns problemas concretos que o exercício desta profissão, hoje em dia, acarreta. Mas a origem e os efeitos destes problemas têm uma escala muito ampla e implicam toda a sociedade.
Desde logo se impõe uma reflexão preliminar: o problema da educação é global; parece-se colocar-se ao nível da generalidade das sociedades ocidentais. Qualquer professor português considerará as cenas e personagens estranhamente familiares. Basta referir que um dos problemas que atravessa o filme, o choque étnico, está cada vez mais presente nas nossas escolas, através do mesmo tipo de conflitos. É claro que a dimensão não é a mesma, mas a sua natureza é a mesma. Mas há um outro aspecto a realçar: os efeitos transversais da cultura pop. Na verdade, a cultura pop que nasceu e se afirmou ao longo dos anos foi impregnando mentalidades, ao mesmo tempo que se transformou num grande negócio. Música e roupa e outros gadgets (na verdade tudo tende a reduzir-se à condição de gadget...) transformaram-se num extraordinário negócio, mas sustentam-se em atitudes, comportamentos e modos de pensar. O individualismo agressivo, o hedonismo compulsivo e a rejeição da autoridade são o resultado à vista. Até que ponto a eficácia da escola é compatível com isto? Os jovens do filme, assim como uma boa parte dos jovens das nossas escolas enquadram-se nestes padrões. A escola não tem podido adaptar-se a esta situação sem, em última análise, pôr em causa a essência da sua função. Parece cada vez mais pertinente voltar a dotar a escola de princípios efectivos de valorização de autoridade e de esforço individual e assumi-los sem complexos e ambiguidades. Este será, em todo o caso, apenas o ponto de partida para a recuperação do seu lugar social e pressupõe, claro está, decisões políticas de fundo.
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Blog A turma


Laurent Cantet - Entre les murs [A turma] (Trailer)

sábado, dezembro 27, 2008

Salsa y merengue (31)


Gilberto Santa Rosa - Retrospectiva em video

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Salsa y merengue (30)

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Gilberto Santa Rosa - Nace aquí (1993)
É o quarto álbum de Gilberto Santa Rosa para a Sony. Está na linha do primeiro, seguindo a ortodoxia da salsa romántica. Melodia e ritmo estão em simbiose perfeita. Impera a suavidade ritmada. A destacar: arranjos magníficos, do melhor que o género já proporcionou e composições de um nível que vai além das fórmulas comuns. Abre com um clássico do repertório do artista, Voluntad, e ostenta ainda outro, Que manera de quererte. Para quem gosta de salsa romántica é um álbum imprescindível.
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Gilberto Santa Rosa - Sin voluntad in Nace aquí (1993)

sexta-feira, novembro 14, 2008

Tiro ao alvo (21)

A guerra dos professores (II)
É espantoso o consenso entre os professores. Por muitas razões - umas boas, outras más - velhos ou novos, do quadro ou contratados, estão quase todos em pé de guerra. Isto só diz da ainda mais espantosa incapacidade do Ministério em fazer aliados entre os professores. Mandava a prudência que se procurasse aliados - seria inteligente. Nem seria, sequer, difícil. É claro que tal pressupunha alguma capacidade de diálogo e flexibilidade, mas, optou-se sempre pelo extremismo. Na hora da verdade, o Ministério só contará com os conselhos executivos. Entretanto fomentou uma guerra absurda. Basta reflectir sobre isto: que política educativa se pode sustentar em professores menorizados e desautorizados? Dizem que este sistema de avaliação os credibilizará. Como pode ser isso feito por um faz-de-conta burocrático destinado a medrar no pântano da promiscuidade inter pares e inspirado em escolástica tecnocrática?
O que é mais provável que suceda? Que os professores sejam chamados a introduzir numa aplicação informática os seus objectivos individuais até uma data-limite. Quem não o fizer será avisado que ficará fora da lei. Cada um, evidentemente, sentir-se-á tentado a fazê-lo na privacidade, ruminando muitas possibilidades desagradáveis para si, se não obedecer. Algumas delas estarão sempre garantidas: aqueles poucos que seguramente obedecerão, passarão à frente, com implicações directas na graduação. Na melhor das hipóteses, o Ministério anunciará que este ano não haverá consequências para os desobedientes; insistirá na tecla da simplificação. Mas, na hora H cada um ficará com uma decisão estritamente pessoal nas mãos. E o processo formalmente avançará sempre, nem que seja com 1% de avaliados (mas serão sempre, em qualquer circunstância, bem mais...).

Tiro ao alvo (20)

A guerra dos professores (I)
Parece que a equipa ministerial está entregue a uma cruzada redentora para salvar o ensino. Desgraçadamente, tudo indica que se tomam a sério num empenho transcendente, missionário... Pertencem, portanto, a uma perigosa espécie: os redentores! Podiam ser apenas uns cínicos tecnocratas, conjunturalmente enquadrados nos interesses de um aparelho partidário. Mas, se assim fosse, haveria nexos de racionalidade que poderiam ser aproveitados para reparar estragos a tempo. Ora, tal não se vislumbra. É certo que, na senda de Robespierre, gente desta acaba no cadafalso ou, pelo menos, justamente difamada para a posteridade; mas, no interim do seu efémero poder, causam estragos. Não tanto por chatearem os profs até ao tutano - verdade se diga que uma parte deles merece ser chateada e é ver muito da hiperbólica prosa de queixas para o comprovar. Mas, os estragos mais devastadores derivam do facto de que o seu triunfo pode significar o triunfo...
- do pior que há nessa coisa chamada "ciências da educação", que de ciência tem pouco e se traduz, as mais das vezes, por uma tecnocracia construída a partir de abstracções vendidas em mestrados de moda;
- de uma concepção da escola rousseauniana - uma sopa onde se dilui qualquer vestígio de autoridade, respeito e responsabilidade.
A verdade é que a desordem das nossas escolas, ainda assim, assegurava bolsas, onde se podia ensinar e havia quem o fizesse com tranquilidade. Mas, o que agora se vive prenuncia a redução da escola a armazém pop de tempos livres, segundo a vulgata politicamente correcta. Alguns pais ociosos e pretensiosos terão aí livre entrada para lançar foguetório de disparate e distribuir alguma bordoada por profs. Estes, aliás, tenderão a rastejar como técnicos tendencialmente ATL, ou seja, como divulgadores de itens de virtudes de cidadania e animadores de sala e de pátio. A intriga será larvar, enfeitada aqui e ali por cenas canalhas. Triturados os seus neurónios por grelhas e desdobramentos de objectivos até à paranóia, serão premiados aqueles mais habilidosos em construir "aldeias Potenkine" no universo vivaz do portfolio e, por que não, serão também premiados alguns ascetas prontos para sacerdócios masoquistas. Imperará o optimismo e voluntarismo de fachada, assentes nas estatísticas do supérfluo. Dias não distantes chegarão em que se proclamarão todos os sucessos educativos possíveis, em cerimónias ilustradas por powerpoints transbordantes de gráficos comparativos...
Entrementes, a transição actual serve fins políticos de assessores que intuem, não sem pertinência, que a inveja - atributo fatal de um povo que tem nos seus genes a herança de famintos camponeses - compensará eleitoralmente a sova sobre os profs. Estes vivem agora um pesadelo, que uma situação longamente acomodada pelo zelo sindicalista e incompetência governativa (com destaque para os governos do PS!) não deixava entrever. Apopléticos, e-mailizam-se convulsivamente, uivam moções sobre moções e desfilam em hipermanifs desesperadas.
Talvez fosse útil reflectir e elevar a contestação ao nível onde se situa o processo mais global do desastre educativo. A própria eficácia da luta teria a ganhar com isso. Com efeito, é imperioso elevar o nível dos agravos e ser inteligente, se se quiser ter a mínima hipótese de não perder em toda a linha. Desde logo, reconheçamos que o que existia antes era uma treta e que é necessário que exista, mesmo, um mecanismo de efectivo reconhecimento do mérito, mas sem que pareça conversa fiada. Denunciemos os efectivos defeitos deste sistema, sem exageros teatrais. Centremos mais as preocupações na qualidade de ensino, sem que pareça ser slogan. Apresentem-se propostas alternativas, mas sérias! Ao mesmo tempo, ponham-se de lado ilusões sobre uma luta que só os ingénuos podem imaginar que se ganhe à força de moção... Imaginação é preciso! E, sobretudo, organização!


quinta-feira, novembro 13, 2008

Cuore matto (22)

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Mina - Oggi ti amo di più (1988)
Um bom minófilo tende a torcer o nariz a qualquer antologia de Mina. Haverá sempre motivos de escândalo por se deixar de fora um punhado de temas da sua predilecção. Em todo o caso, haverá uma meia-dúzia que suscitam unanimidade e é certo que estão presentes em todas as antologias globais, de qualidade. Esta antologia é uma delas e, provavelmente, será, entre as mais concisas, a que gerará maior consenso. Tem, além disso, duas outras grandes vantagens: a inclusão de Ancora, ancora, ancora e a capa. Na verdade, essa belíssima canção saiu em single e nunca num álbum de originais. Deveria pertencer à tal meia-dúzia de canções de referência que geram unanimidade, mas, de facto, não é assim. Quanto à capa, está reproduzida neste post e creio que dispensa explicações sobre a sua valia.
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Mina - Ancora, ancora, ancora (1978) in Oggi ti amo di più (1988)

domingo, novembro 09, 2008

American dream (9)

Boletim de voto americano
Um boletim de voto norte-americano é, só por si, elucidativo do que é verdadeiramente uma democracia. Este exemplo diz respeito a um condado do estado de Montana, que não foram só presidenciais, como se pode constatar. Para além da escolha presidencial, escolheram-se ainda vários cargos e questionou-se de modo referendário, por exemplo, o destino de um alto cargo do supremo tribunal estadual. Isto, note-se, é apenas a 1ª de 4 páginas. De salientar que prevalece o nome dos candidatos sobre os dos partidos, que constituem apenas uma referência secundária.
Pela minha parte estou longe de ter uma devoção radical pela democracia - penso, aquilo que tantas e tantas vezes é citado como um certo desabafo de Churchill, que é o menos mau dos regimes; penso ainda que só pode haver democracia na sequência de um natural desenvolvimento das sociedades dentro de determinados enquadramentos culturais e que, portanto, resulta absurdo e, eventualmente, desastroso, decretá-la ou impô-la em certos países (a maioria).
Dito isto, se se pretende saber o que é uma democracia a sério, pois olhe-se para os Estados Unidos. Entre outras coisas, aí temos a demonstração que a democracia implica necessariamente não só um certo grau de literacia como um empenho voluntário e preparado para tomar opções inerentes ao acto de votar; implica também um vínculo de responsabilização pessoal directa em relação ao eleito.

sábado, outubro 18, 2008

Salsa y merengue (29)

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Victor Manuelle - Victor Manuelle (1996)
El sonero de la juventud é o apodo de Victor Manuelle. Nascido em Nova Iorque, mas originário de La Isabela - pequena cidade do oeste de Puerto Rico. Foi aí também que passou a infância antes de regressar à cidade natal. Não se percebe o porquê do barroquismo do elle final do seu nome artístico; o seu nome verdadeiro é mesmo Victor Manuel, como manda a lógica e, pelo menos nas rádios hispanas norte-americanas, é também assim que é pronunciado. Líder de vendas nos tops soneros, é, hoje em dia, o mais popular artista do género. Isto enquanto o seu, digamos, rival, Marc Anthony, se vai espraiando para fora desse âmbito. Lançado pela Sony a seguir a Gilberto Santa Rosa, Victor Manuelle foi crucial na estratégia da companhia para o mercado latino. Teve um sucesso quase imediato. A verdade é que apresenta um trunfo especial: um invulgar timbre vocálico. É daquelas vozes inconfundíveis. Este disco, da fase inicial da sua carreira, é, provavelmente, o melhor da sua discografia. Aqui temos o santo e senha de qualquer produção do género que se pretenda de referência: excelentes arranjos, magníficas secções de percursão e metais; estupendos montunos. Além do mais, impera sabrosura e ritmo em alto grau por um desfile de temas que, sem deixarem a marca romântica, têm uma evidente autenticidade étnica.
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Victor Manuelle - Sin querer queriendo in Victor Manuelle (1996)

quarta-feira, outubro 15, 2008

Salsa y merengue (28)

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Gilberto Santa Rosa - Esencia (1996)
Gilberto Santa Rosa é originário de Puerto Rico; tem o apodo de El caballero de la salsa e é a figura mais consagrada da salsa romántica, também conhecida pela designação depreciativa de salsa monga. Efectivamente, no que diz respeito a letras e a significado social, estamos a anos luz da salsa original, de Willy Colón e Rubén Blades, que transbordava compromisso político e social... É assumidamente comercial e, nesse empenho, tem tido sucesso; tem, inclusivamente, alguma penetração fora do universo hispano. Assim se percebe que, excepto pontuais afirmações de orgulho étnico, a sua temática seja exclusivamente amorosa e, geralmente, da mais convencional. Em todo o caso, não só conserva a essência rítmica da salsa original, como a enriquece com orquestrações de poderio. Se houve intérprete que se tornou a sua referência foi, precisamente, Gilberto Santa Rosa. Sucede que El caballero de la salsa tem uma voz suave, propiciadora de emoções românticas, e que, além do mais, joga, de modo contrastante, com arranjos magníficos, quer em cadência rítmica, quer em envolvimento harmonioso. Foi, enfim, uma aposta de êxito da divisão latina da Sony, na sua estratégia de ocupar o lugar das editoras durante muito tempo líderes no universo salsero, a Fania e a RMM. Uma continuada produção discográfica ao longo das duas últimas décadas confirma-o. Este álbum é um dos melhores. Destaque-se, desde logo, que, no habitual recurso à salserização de temas oriundos de outros géneros, apresenta um dos mais felizes exemplos: o bolero No ha pasado nada, de Armando Manzanero, transfigurado de um modo que até parece que foi concebido como salsa romántica... Mas o ecletismo ultrapassa os limites do género. Temos a conhecida balada Para vivir, de Pablo Milanés, interpretada num registo próximo do original e temos também um pedaço de rap hispano (a cargo de dois convidados) em ...Y eso duele. Contudo, sublinhe-se, a mais valia do álbum está na riqueza de arranjos dos temas retintamente salseros, onde se destaca o desempenho de uma esplêndida secção de metais.
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Web: Gilberto Santa Rosa

Gilberto Santa Rosa - No ha pasado nada in Esencia (1996)

sexta-feira, outubro 10, 2008

Salsa y merengue (27)


Gilberto Santa Rosa / Victor Manuelle - Controversia in Dos soneros, una historia (2005)

Eis aqui um trecho de um espectáculo realizado en San Juan de Puerto Rico por dois dos maiores soneros da actualidade: Gilberto Santa Rosa e Victor Manuelle. O primeiro é mais veterano e consagrado, enquanto que o segundo partilha com Marc Anthony a liderança da geração mais jovem, se bem que, dada a recente trajectória do marido de Jennifer López, Victor parece em vantagem entre o público mais genuinamente salsero.
O tema aqui apresentado é uma desgarrada entre um urbano, Gilberto, e um jíbaro (camponês das montanhas da ilha), Victor. É uma sátira convencional que, ainda assim, faz algum sentido, pois, apesar de ambos estarem radicados em Nova Iorque, o certo é que o primeiro é originário da capital de Puerto Rico, San Juan; e o segundo é originário de uma pequena cidade do oeste da mesma ilha, Isabela. Porém, como proclama o refrão montuno, os dois são boricuas de pura cepa. Boricua ou borinqueño é um termo popular para designar os habitantes de Puerto Rico que e deriva do nome pré hispânico da ilha, Borinquén.


quinta-feira, outubro 02, 2008

Radio (10) (3 remake)

La Mega 97,9 FM / Nueva York
Esta é uma das várias emissoras que emitem exclusivamente em espanhol na área metropolitana de NY. Como a maioria, dedica a maior parte dos seus espaços musicais à salsa e reggaeton. A animação é constante, graças a um forte ritmo de emissão, que está sustentado em jingles imaginativos e numa locução agressiva. O programa estrela é El vacilón de la mañana.
(Clicar logotipo para aceder à respectiva página web - para escutar em directo: clicar en vivo)

domingo, setembro 28, 2008

La movida (21) (6 remake)

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Golpes Bajos - Todas sus grabaciones 1983-85 (1990)
O mais importante afluente da movida madrilena foi a movida viguesa. Com efeito, de Vigo vieram alguns dos grupos mais originais: Siniestro Total, Os Resentidos, de Antón Reixa; Semen Up, de Alberto Comesaña e Sérgio Castro (dos portuenses Os Trabalhadores do Comércio); Golpes Baixos, de Teo Cardalda e Germán Coppini. Destes últimos reuniu-se num duplo CD toda a sua obra, a qual se resume a três albuns editados entre 1983 e 1985. São apenas três álbuns, porém, foram importantes na história do pop/rock espanhol. Ainda hoje, ao ouvi-los, sente-se que é uma sonoridade que não ficou inexoravelmente datada. A voz de Germán Coppini, de exótica delicadeza, os arranjos de Teo Cardalda, assim como uma aguda ironia na pose e nas letras, configuraram um estilo que não mais se reencontrou, nem sequer na carreira a solo do primeiro ou na carreira do segundo no seu alter ego artístico Cómplices... Além do mais, a Golpes Bajos se devem algumas das canções identificativas do espírito de uma etapa tão criativa como foi a que se viveu até meados de 80: No mires a los ojos de la gente; Malos tiempos para la lírica; Escenas olvidadas; Santos de devocionario...
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Golpes Bajos - Santos de devocionario in Santos de devocionario (1985)

terça-feira, setembro 23, 2008

La movida (20)


Los Sencillos - Bonito es (1992)


Espanha - 25/05/1992: #07 Top Singles (17 semanas em lista)

Fonte: Fernando Salaverry - Sólo éxitos: Año a año (1959 - 2004)

Viagens (66): Navarra, Guipúzcoa, Labourd (7)

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Desfiladeiro de Lumbier

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Viagens (65): Navarra, Guipúzcoa, Labourd (6)

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El Roncal

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quarta-feira, setembro 17, 2008

Viagens (64): Navarra, Guipúzcoa, Labourd (5)

Pamplona / Iruña
A capital de Navarra é uma cidade de identidade dividida, à imagem do seu duplo nome oficial. E a vários níveis pode-se assinalar uma espécie de sobreposição de duplas identidades: Castelhana vs Basca; Popular vs Burguesa; Tradicionalista vs Moderna... Curiosamente, já na Idade Média a cidade estava dividida em dois burgos: Navarrería e San Cernín; no primeiro concentrava-se a população basco-navarra; no segundo, a população de origem francesa. A junção formal não resolveu ferozes rivalidades. O edifício municipal, localizado precisamente onde hoje está o seu sucessor, de exuberante fachada barroca, foi, aliás, estrategicamente construído em local neutro, entre os dois burgos. Tão acusado estigma de divisões dá à cidade uma auréola de dramáticos excessos, para a qual concorre, ainda mais do que qualquer outro factor, a imagem de marca que granjeou no mundo à conta dos Sanfermines. Contudo, é uma cidade, onde, segundo os mais variados padrões, se vive bem. Como outras cidades de média dimensão do norte da Espanha, Pamplona permite gozar benefícios das metrópoles e benefícios do viver provinciano; mas tem acrescido pitoresco e casticismo. É na cidade antiga, precisamente nas artérias por onde correm os touros (com destaque para a Estafeta), onde se concentram tais atractivos. Aí se exerce o culto das tapas y pinchos em inúmeros bares e se patenteia a memorabilia sanfermínica em não menos numerosas lojas de recuerdos. São ruas estreitas e antigas, repletas de gente, situadas em torno da ampla Plaza del Castillo, onde há música e outros espectáculos de rua.
Fora do perímetro antigo, temos os Ensanches, onde impera o sossego, o bem-estar burguês provinciano. Alarga-se em avenidas arborizadas, entremeadas por parques. Destacam-se edifícios modernos - hotéis, empresas, escolas, clínicas e hospitais. Com efeito, aí aprecia-se uma outra faceta menos conhecida do turista comum: a de pólo universitário e hospitalar. O seu centro é a Universidad de Navarra, abrangendo várias instituições de ensino, clínicas e hospitais privados. É um complexo de excelência, conotado com a Opus Dei. Está na vanguarda em certas especialidades da ciência, em particular, da medicina. Por esta razão, aqui se realizam congressos e afluem estudantes, investigadores e doentes. Os modernos hotéis florescem muito mais à conta desses visitantes do que dos turistas festivos dos Sanfermines. É interessante, como o tradicionalismo católico, que sob a forma de carlismo aqui se implantou beligerantemente contra a modernidade, de algum modo contribuiu para uma certa forma de modernidade. Hoje em dia, não é obvio rever em Pamplona o feudo reaccionário que foi em momentos decisivos da história contemporânea espanhola. Exige um certo esforço imaginar, por exemplo, o General Mola a abrir as hostilidades da Guerra Civil, arengando numa Plaza del Castillo repleta de fanáticos carlistas, prontos para todas as violências, de cruz em riste... Além do mais, as marcas do tradicionalismo, patentes em algum património monumental, parecem desfasadas da cidadania ou ambiguamente valorizadas. A ambiguidade está na exaltação do ambivalente autonomismo fuerista, que é partilhado pelo tradicionalismo e pelo nacionalismo basco. Aliás, marcas mais evidentes, ainda que, talvez, mais artificiais, são as da identidade basca. Artificiais, porque parecem decorrer mais do militantismo político do que da realidade sociológica. Três exemplos: Veêm-se mais ikurriñas (bandeiras bascas) do que bandeiras navarras, não obstante não terem acesso aos edifícios oficiais; não são raras as manifestações de apoio aos radicais independentistas bascos (presenciei uma, silenciosa, de familiares de presos etarras), mas a maior parte das pessoas é-lhes indiferente ou hostil; todas as artérias estão rotuladas em castelhano e basco, mas, ao contrário das pequenas localidades do norte de Navarra, não se ouve falar basco nos bares e nas rua.
Há ainda a Pamplona periférica, constituída por localidades suburbanas (Villava, Huarte, Berrioplano, Berriozar...). São bairros residenciais e zonas fabris. Lembra-nos que a cidade é um pólo industrial composto por pequenas e médias empresas e por uma grande fábrica, da Wolkswagen. É uma zona onde se reencontra a paisagem suburbana comum às periferias citadinas de Espanha, composta por bairros incaracterísticos de classes médias baixas e por recentes urbanizações de vivendas geminadas, de sectores sociais mais elevados. Entre estas, encontram-se algumas zonas residenciais de qualidade, como Zizur Mayor/Zizur Nagusia. Seja como for, esta realidade dá-nos conta desse delírio de especulação infrene assente na construção civil, que assolou a Espanha nos últimos anos. Felizmente, no caso de Pamplona, algumas das consequências urbanísticas menos agradáveis são atenuadas por uma progressiva transição para um ambiente rural. Com efeito, rapidamente se entra num cenário de belas paisagens, em especial, pelo Norte, onde vislumbram-se já os encantos dos Pirenéus. Sublinhe-se este aspecto, já que, efectivamente, o enquadramento geográfico é uma mais-valia para a cidade, a qual está num vale formado pelo Rio Arga, entre as montanhas e a meseta. É um local estratégico, a um pulo de realidades humanas e naturais de grande beleza, mas contrastantes.

sábado, agosto 30, 2008

Euskal Herria (26)

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Tapia eta Leturia


Tapia eta Leturia - Egizu su in Dultzemeneoa (1992)

segunda-feira, agosto 25, 2008

Viagens (63): Navarra, Guipúzcoa, Labourd (4)

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Ainhoa

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Viagens (62): Navarra, Guipúzcoa, Labourd (3)

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El Baztán: Elizondo

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Euskal Herria (25)

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Tapia eta Leturia - Dultzemeneoa (1992)
Joseba Tapia e Xabier Berasaluze "Leturia" constituem um dueto que, entretanto, já se tornou em quarteto. O primeiro é um dos mais exímios tocadores de trikitixa; o segundo toca pandeireta. É, precisamente, sobre esta base simples que se confecciona um música próxima das raízes. Com efeito, desde finais dos século XIX que a música popular basca de índole festiva assenta nesta combinação: trikitixa com pandeireta. Enquanto Kepa Junkera optou por uma via fusionista para a trikitixa e conseguiu notoriedade no universo da world music, Tapia privilegiou mais as origens. Mesmo assim, conseguiu alguma projecção exterior, nomeadamente no Canadá, onde o dueto fez, pelo menos, uma tournée e onde, aliás, o álbum aqui em apreço chegou a ser editado. Um magnífico exemplo, sublinhe-se, do que é a música popular basca e na qual transparece limpidamente a paisagem e o carácter da região. Contudo, deve-se acrescentar que, apesar deste bucolismo, esta opção artística tem, neste caso, subjacente uma certa conotação política que, no mínimo, está próxima do universo abertzale (nacionalismo radical de extrema esquerda). Com alguna ironia, porém, não raras vezes nestas melodias ressoam os ritmos de jotas e fandangos numa iniludível demonstração do peso dos laços com a hispanidade na formação do carácter de Euskal Herria. É que sucede que, apesar de tudo, esta terra nunca esteve assim tão fechada...
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Tapia eta Leturia - Trpitaira in Dultzemeneoa (1992)

Euskal Herria (24) (10 remake)

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Iker Goenaga - Soinugorri (1998)
O êxito de Kepa Junkera acabou por fazer vir ao de cima um conjunto de virtuosos do acordeão diatónico basco (trikitixa), os quais têm vindo a assegurar a continuidade de uma tradição que remonta aos casarios rurais de Navarra, Guipúzcoa e Vizcaya de finais do século XIX. Iker Goenaga é um deles. Neste seu álbum temos uma sonoridade menos cosmopolita do que aquela que Kepa tem vindo a alardear, mas mais próxima da tradicional, a qual assentava na combinação rudimentar entre triki e pandeireta. O tema Elgeta merece destaque. Além de ser uma bela toada de expressiva rudeza, é uma homenagem a um velho tocador de San Sebastián, conhecido como Elgeta, que nos anos 40, 50 e 60 tocava triki pelas ruas e bares da cidade, vivendo da mendicidade.
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Iker Goenaga - Elgeta in Suinogorri (1998)

Viagens (61): Navarra, Guipúzcoa, Labourd / 2008 (2)

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San Sebastián / Donostia

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Viagens (60): Navarra, Guipúzcoa, Labourd / 2008 (1)

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Pamplona / Iruña

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terça-feira, julho 29, 2008

Extravagâncias (3)

Monty Python - Spam in Monty Python's flying circus - 25º Episódio, sketch final (1970)
O ponto mais alto do humor foi alcançado pelos Monty Python na série Monty Python's flying circus, que por cá recebeu a nome de Os malucos do circo. A RTP passou-a nas emissões da hora de almoço, no início dos anos 70. Representa o ponto mais alto do humor e, em particular, do humor absurdo, tipicamente non sense, do qual os ingleses, melhor do que ninguém, conhecem os ingredientes. Muitos foram os sketches brilhantes, que podem agora ser apreciados em edições em DVD que, finalmente, chegaram ao nosso mercado. Este é um dos mais notáveis e tem uma história que merece ser contada. Spam era, e é, o nome de uma marca americana de carne de porco enlatada (tipo presunto). Durante a II Guerra Mundial era a a única carne não sujeita a racionamento. Daí resultou que a sua ruim qualidade se tornasse mais abominável pelas escassas alternativas. Gerações de britânicos, mesmo dos que da guerra já não tinham memória directa, guardaram Spam como sinónimo de algo enjoativo, indesejável. Foi com este lastro de quase trauma colectivo, que a trupe se lembrou da coisa no anárquico e improvisado processo produção de script para um sketch. O bando de vikings cantando as excelsas virtudes do Spam e a descrição da presença obsessiva do mesmo no menu é das coisas mais delirantes que já se viu... Contudo, a história não acaba aqui. Sucede que muito anos depois alguém se lembrou do Spam, por via deste sketch, como termo apropriado para designar a invasão de correio electrónico não solicitado. Ora, como se sabe, o termo pegou.
PS: No sketch a obsessão Spam contamina a própria ficha técnica que encerra o episódio. É demais...
Monty Python Spam Song

segunda-feira, julho 14, 2008

Guia hispânico (31)

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Ernest Hemingway - Fiesta [The sun also rises (1926)]
Li algures que as festas de San Fermín são actualmente o maior evento festivo do mundo a seguir ao Carnaval do Rio e à Festa da Cerveja de Munique. É bem possível que assim seja, tanto mais que, ano após ano, acresce a afluência de jovens forasteiros de todo o mundo. Uma boa parte deles são britânicos e a maioria são norte-americanos. A origem do fenómeno está, evidentemente, em Ernest Hemingway e, em particular, no romance Fiesta.
Pamplona está reconhecida ao escritor e são múltiplas as referências que o atestam. Por exemplo, junto à Praça de Touros há um grande busto acompanhado por palavras
que traduzem eloquentemente um espírito cívico de gratidão. É como se o escritor norte-americano se tivesse tornado património pamplonês; e é justo que assim seja! Ora, sucede que o romance é, além do mais, excelente. Merece ser lido não só por dar uma visão expressiva dos festejos, mas também por ser representativo de um género que mistura realismo documental com trama própria de ficção. Hemingway foi um dos melhores exemplos de jornalista-escritor ou, talvez mais apropriadamente, de escritor-jornalista e este romance é do mais inspirado que nessa dupla condição se produziu.