terça-feira, fevereiro 28, 2006

Viagens (25)

Algarve
Inicío assim a apreciação dos lugares que conheço em Portugal.
1ª coluna: classificação - escala de 1 a 10; 2ª coluna: lugar; 3ª coluna: tipo de lugar.
09 Albufeira (Localidade)
08 Alcoutim (Localidade)
09 Cacela Velha (Localidade)
08 Cachopo (Localidade / Serra)
08 Carrapateira (Localidade / Praia)
06 Costa Faro - Lagos (Costa)
09 Costa Lagos - Sagres (Costa)
10 Costa Vicentina (Costa)
04 Faro (Cidade)
07 Fuzeta (Localidade / Praia)
08 Lagos (Cidade)
05 Loulé (Cidade)
07 Martim Longo (Localidade)
07 Mexilhoeira Grande (Localidade)
07 Moncarapacho (Localidade)
08 Monchique (Localidade)
07 Monte Gordo (Localidade / Praia)
08 Odeceixe (Localidade / Praia)
06 Olhão (Cidade)
05 Portimão (Cidade)
04 Quarteira (Localidade / Praia)
08 Ria Formosa / Costa de Sotavento (Costa)
08 Sagres (Localidade)
08 Santa Luzia (Localidade)
07 São Brás de Alportel (Localidade)
07 Serra de Espinhaço de Cão (Serra)
08 Serra de Monchique (Serra)
08 Serra do Caldeirão (Serra)
08 Silves (Cidade)
09 Tavira (Cidade)
08 Vale do Guadiana (Vale)
07 Vila do Bispo (Localidade)
08 Vila Real de Santo António (Cidade)
07 Villamoura (Localidade / Praia)

sábado, fevereiro 25, 2006

Los Toros (4)


Goya - Una escena taurina (1824)
Uma amiga enviou-me reproduções de obras de Goya que estão nestes dias em exposição em Nova Iorque (The Frick Collection). A exposição tem como título Goya's Last Works. Abrange, portanto, as últimas obras do pintor aragonês. Desgostoso com a progressiva marginalização a que o absolutista Fernando VII o votou e desiludido com a subsequente experiência do triénio liberal, Goya instala-se em Bordéus em 1824. Aí viveu até à sua morte, em 1828. Sucede que os últimos anos denotam um crescente pessimismo e amargura - as suas obras patenteiam atracção pelo sórdido e macabro. A estampa que seleccionei é um bom exemplo. O tercio de varas está documentado em toda a sua sanguinolenta crueza, tal como era praticado até 1930. Sucede que até essa data o cavalo não levava protecção (peto), de modo que da perícia do picador resultava a possibilidade deste sobreviver ou não às investidas do touro em hastes limpas e íntegras. Hoje o tercio de varas está despojado de dramatismo. O peto é uma autêntica armadura que protege bem o cavalo, mas perdeu-se o âmago da essência da suerte de varas... No passado era muito diferente. Detinha uma extraordinária capacidade emotiva, sendo um momento vibrante em que eram postas à prova o binómio humano força/detreza contra a força bruta animal. Um bom desempenho significava castigar o touro mediante a força, sem afectar as suas capacidades locomotoras, preservando a vida do cavalo mediante a destreza. O picador tinha assim um papel destacado. Sucede, porém, que eram muito frequentes as investidas fatais sobre os cavalos. Raras eram as corridas em que não havia, pelo menos, um, dois ou três cavalos mortos e eram frequentes as que havia em média um cavalo morto por faena. Estavam reservados muitos cavalos para cada corrida, tal como se pode comprovar na informação constante na págima web La Cabaña Brava. Nos resumos informativos das corridas era trivial a relação de cavalos mortos. Era uma arte perigosa para os cavalos, mas também para os próprios picadores, os quais amiudadas vezes também eram atingidos. Até ao último quartel do século XIX havia uma relação íntima entre ambos, pois os cavalos eram propriedade dos picadores que os seleccionavam e treinavam adequadamente para a função. A beleza cruel da lide era infinitamente mais sanguinolenta do que hoje em dia, pois, tal como podemos apreciar na estampa, os corpos esventrados dos cavalos acumulavam-se na arena. O odor e a visão das vísceras, tripas e sangue eram elementos indissociáveis da fiesta...

Tiro ao Alvo (8)


Livro: Harold Bloom - El Canon Occidental (The Western Canon) 1997 (1994)
Harold Bloom arremete contra o relativismo cultural e algumas outras "vacas sagradas" do pensamento politicamente correcto. Confeccionar uma lista de referência para a história da literatura universal e, desde logo, assumir com clareza que tal lista é, obviamente, ocidental é "provocador, heterodoxo, contracorrente" - são estes os termos que constam da apresentação, na contra-capa da edição espanhola (há tradução portuguesa?).
Eis os nomes mais destacados da lista canónica:
Shakespeare (o centro do cânone); Dante; Geoffrey Chaucer; Cervantes; Montaigne; Milton; Goethe; William Wordsworth; Jane Austen; Walt Whitman; Emily Dickinson; Charles Dickens; George Eliot; Leão Tolstoi; Henrik Ibsen; Marcel Proust; James Joyce; Virginia Woolf; Franz Kafka; Jorge Luís Borges; Pablo Neruda; Fernando Pessoa; Samuel Beckett.
É uma obra de um erudito para o grande público. Indispensável.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Harold Bloom in Stanford PLHA

Flamenco (14)

Antonio Flores - Cosas mias (1994)
Eis Antonio Flores. Filho de Lola Flores, La Faraona, a célebre rainha do folclorismo flamenco e de Antonio, El Pescailla, famoso rumbero. Irmão de Lolita e Rosario - ambas, artistas destacadas da cena espanhola. Estava fatalmente destinado a ser artista. Porém, teve uma carreira fugaz... Com efeito, este álbum foi editado cerca de um ano antes da sua morte. Aparentemente, dir-se-ia, que foi produzido sob o signo celebrante da vida, exemplificado quer através da evocação do nascimento da filha do artista, em Alba, quer através da vitalidade de Arriba los corazones. Este facto não deixa de ser uma ironia, pois por essa altura o artista afundava-se na dependência da heroína, que o conduziria à morte, por overdose, poucos dias, aliás, após a morte da sua mãe.
Dizer que este álbum está enquadrado no flamenco é abusivo. Na realidade, é um álbum de rock com tonalidades flamencas. Estas encontram-se num ou noutro elemento dos arranjos, mas, sobretudo, na voz. Contudo, são detalhes suficientes para lhe dar um valor acrescido, tanto mais que a voz é expressiva no agreste timbre gitano... Se, além disso, tivermos em conta a atinada inspiração como compositor, patenteado em Isla de Palma, Cuerpo de mujer, Arriba los corazones e Alba, concluiremos que é um produto cujos méritos transcendem o de legado testamentário de uma vida precocemente interrompida.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

sábado, fevereiro 18, 2006

Dancing Days (11)


Rádio Clube Português (RCP): Clube Disco - Sábado (20h00 - 03h00)

O grupo Media Capital, além da TVI, possui várias emissoras de rádio. Aquela que foi a Rádio Comercial, assim como a que começou por ser Correio da Manhã Rádio (posteriormente Rádio Nostalgia) consituiram o duplo eixo sobre o qual de montou essa estrutura radiofónica. Indo mais atrás no tempo: com a nacionalização do Rádio Clube Português (de tão gloriosos pergaminhos) formou-se a Rádio Comercial. Muitos anos passaram. Contudo, em parte pelo facto do nome ainda ecoar na memória dos mais velhos, em parte pelo facto dos estúdios das emissoras do grupo estarem sediados no mesmo local (Rua Sampaio e Pina), decidiu-se recuperar a "marca". É claro que o que agora nos é proporcionado só dificilmente pode ser assimilado à rádio convencional magazinesca de onda média dos tempos antigos... Porém, a associação não desmerece. Musicalmente, funciona dentro dos parâmetros da predecessora Rádio Nostalgia, mas não é já inteiramente uma rádio fórmula, pois tem noticiários e programas. Pois foi com agrado que verifiquei que existe neste novo RCP, aos sábados à noite, um programa dedicado ao disco sound. Na verdade, parece ser um lugar indicado para tal. Para já, perfilo-me como potencial ouvinte.
Página Web

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Complexo de Aljubarrota (5)

Afinal é bom ou mau ter um vizinho como a Espanha? (Artigo no Público)

Um dos aspectos recorrentes do "complexo de Aljubarrota" é a fixação na invasão económica espanhola. Muito se fala e se escreve sobre Espanha em Portugal. Quase tanto quanto se ignora Portugal em Espanha... Muitos portugueses não se dão conta desta troca desigual. Na verdade, este é o desequilíbrio que mais pode humilhar as sensibilidades nacionalistas. Menos mal que a maioria nem se dá conta de tão patético desequilíbrio...
Uma boa parte do muito que é publicado na imprensa portuguesa sobre Espanha é matéria económica. Hoje, o suplemento económico do Público, Dia D, apresentou uma reportagem subordinada ao título Afinal, é bom ou mau ter um vizinho como Espanha? Para se ter em conta como esta matéria vende, basta referir que um parte central da primeira página era uma chamada para a reportagem, com uma imagem do touro Osborne, cuja sombra deixa na penumbra uma boa parte do luso terrunho. Em todo o caso, a reportagem, para além de inevitáveis lugares-comuns, apresenta algo inovador: não ignora as debilidades estruturais da economia espanhola. Efectivamente, para além do importante crescimento económico nos últimos anos, bem contrastante com o que ocorre do lado de cá, a economia espanhola também tem problemas e... estruturais. Um é detectável pelo mapa que encabeça este post (Todos os arquipélagos adjacentes foram absurdamente esquecidos...): as desigualdades de nível de vida entre as regiões - é impressionante a diferença entre a Estremadura ou Andaluzia e Madrid, País Basco, Navarra, Catalunha ou Ilhas Baleares! Outra, é o desemprego, o qual, se bem que tendo diminuido nos últimos anos, continua em níveis elevados, ainda superior ao que existe em Portugal. Sobretudo, a reportagem alerta para o facto de que o crescimento económico espanhol assenta muito na especulação imobiliária que estoirou nos últimos dez anos. Associado a este factor temos que o nível de endividamento das famílias é elevadíssimo. Assim, por detrás desta prosperidade pode, eventualmente, insinuar-se a possibilidade de um crash... É certo que os especialistas citados não concedem elevada probabilidade à hipótese, porém o seu veredicto é consensual quanto a uma certa artificialidade do boom do crescimento... Não serve esta advertência para consolar os desanimados nacionalistas portugueses, mas apenas para sublinhar uma ironia que a reportagem agita: se tal crash alguma vez viesse a existir, a economia portuguesa sofreria tanto ou mais do que a espanhola. As realidades são implacáveis. A integração económica entre os dois estados ibéricos é uma realidade que convém, definitivamente, assumir; o contrário serve apenas para agravar todo o tipo de problemas que nos afectam.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Rádio (6)



SER vs COPE
A rádio tem em Espanha uma importância maior do que em Portugal. Tal é particularmente válido no que diz respeito à opinião política. Há abundantes espaços de discussão (tertúlias) nos quais participam figuras gradas do jornalismo e outros criadores de opinião. Na realidade, esta prática está longe de se confinar à política - é relevantíssima no desporto e a sua origem mais provável estará nas apaixonadas discussões suscitadas pela lide taurina. É um saudável exercício de democracia que se recuperou a partir dos anos da transição. Assim, as grandes cadeias radiofónicas contratam entertainers que dirigem longos magazines, nos quais há sempre lugar destacado para uma tertúlia. Nem o crescente poder da televisão tem alterado o cenário.
A SER é, de longe, a cadeia de rádio líder de audiências. Integra o conglomerado mediático PRISA, cujo produto mais destacado é o diário El País, mas que abrange também outros jornais e cadeias de rádio, assim como emissoras televisivas e editoras livreiras. É o maior grupo mediático espanhol, tanto que, saltou fronteiras, como se pode constatar, por exemplo, na posição recentemente adquirida na TVI. É sabido que este grupo está próximo do PSOE.
A COPE é a segunda em audiências, embora a considerável distância. Pertence à Confederação Episcopal e alinha com o Partido Popular.

Sintoma da crispação da vida política espanhola é a rivalidade entre estas duas cadeias radiofónicas e o tom agressivo dos seus protagonistas de opinião política, em particular os da COPE: César Vidal e Federico Jiménez Losantos. Para um observador exterior é evidente a qualidade da "marca" PRISA. Independentemente da sua cor ideológica, tem que se reconhecer que há um padrão de qualidade associado a essa marca, de que, por exemplo, El País é uma referência a nível internacional. Em Espanha, tudo o resto, que, note-se, engloba muitos produtos mediáticos excelentes, está, regra geral, como se compreende, aquém desse nível. A direita deveria, em vez de lançar calúnias sobre a PRISA, seguir alguns dos seus exemplos e contribuir para melhorar alguns dos meios de comunicação que lhe são afins. Evitar um tom de cerrada agressividade talvez fosse um contributo não despiciendo para tal desígnio. Jiménez Losantos e, sobretudo, César Vidal são pessoas de considerável bagagem cultural e intelectual; defendem posições ideológicas que, no essencial, considero adequadas. Contudo, perdem-se pelo tom excessivo e por perspectivas sesgadas em certas matérias. É espantoso, por exemplo, que assumindo-se liberais, tenham em relação aos nacionalismos (basco e catalão) atitudes anti-liberais. Para um liberal as questões nacionalistas devem ser encaradas por uma pespectiva sistematicamente não-nacionalista. O moderno liberalismo não rasga as sua vestes em prol de nenhum nacionalismo, nem, tampouco, o considera em si mesmo um mal! Nisto, como em muitas outras coisas, a vontade dos cidadãos deve ser soberana. Até certo ponto, o modelo para encarar um problema extremo desta natureza é o processo de separação ocorrido entre checos e eslovacos. Foi uma cisão sem dramas. Na verdade, dramatizar estas questões é intrinsecamente anti-liberal! Em Espanha é lógico que os liberais critiquem o reforço do poder do aparelho de estado decorrente, por exemplo, dos processos de autonomia, como eventuais despesas acrescidas e duplicação de serviços. Que denunciem, claro está, com veemência, o terrorismo da ETA e seus cúmplices. Para um liberal, porém, quanto a autonomia, pois toda a que for requerida por quem quiser, sempre e quando signifique vontade dos cidadãos e subsidiariedade... e seja enquadrável no quadro constitucional. Em última análise, se a maioria dos cidadãos catalães e bascos se decidisse alguma vez pela independência (coisa, apesar de tudo, muito duvidosa...), pois, não obstante tal se poder entender que seria grossa asneira e algo irracional, um verdadeiro liberal aceitaria essa decisão. Os povos também devem ser livres para cometer erros, além de que estes não são sempre necessariamente irremediáveis... Não encarar os nacionalismos desta forma, sob o ponto de vista ideológico, é uma incoerência para quem pretenda ser um liberal.

Viagens (24)

Prossigo o meu inventário de lugares conhecidos com os territórios que historicamente integraram a Coroa de Aragão. 1ª coluna: classificação - escala de 1 a 10; 2ª coluna: lugar; 3ª coluna: tipo de lugar; 4ª coluna: província.

Aragão

08 Calatayud (Cidade) Zaragoza
09 Los Monegros (Planície) Zaragoza

Catalunha

07 Alt Penedès (Planície) Barcelona
06 Badalona (Cidade) Barcelona
10 Barcelona (Cidade) Barcelona
07 Calella de Mar (Cidade/Praia) Barcelona
07 Costa del Maresme (Costa) Barcelona
08 Alt Empordà (Planície) Girona
09 Blanes (Cidade/Praia)
09 Girona (Cidade) Girona
09 Puigcerdà (Localidade) Girona
08 Artesa de Segre (Localidade) Lleida
08 La Seu d'Urgell (Localidade) Lleida
08 Vall de Segre (Vale/Serra)
07 Costa Daurada (Costa) Tarragona

Ilhas Baleares

08 Palma de Mallorca (Cidade) Illes Balears
09 Sóller (Localidade) Illes Balears
08 Port de Sóller (Localidade) Illes Balears

Comunidade Valenciana

07 L'Horta (Planície) Valencia
08 Valencia (Cidade) Valencia

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Para siempre boleros! (15)

click to comment
Ana Belén -
Mírame (1997)
Esclareça-se: não é um álbum de boleros, mas tem um bolero, um senhor bolero, um bolerazo! É o segundo tema, No sé por qué te quiero. Para o mulherio há um atractivo adicional: é um dueto com Antonio Banderas. Sim, ele canta e, diga-se, pelo menos aqui, preciosamente, num registo adequado às caracteristicas da sua voz. É um tema sublime! De alma e carácter bolerístico até mais não... Ainda por cima, a bonita voz de Ana Belén nunca pareceu estar tão bonita... O autor desta pérola é, imagine-se, o seu marido, Victor Manuel - cantautor de trajectória e perfil progressista convencional. Contudo, não é de todo supreendente esta sensibilidade, já que tem alguns precedentes...
Para além deste, sem exagero, marco na história do bolero contemporâneo, deve-se salientar que o álbum inicia-se em esplendor, com Tú me amas (Sabor Locura), efectivamente pleno de sabrosura, ou não tivesse a participação de Ketama... Ainda por cima, ao desvanecer-se o seu ritmo nos nossos ouvidos, fica-se em estado de graça para a absorção da contrastante e delicada atmosfera criada pelo bem-aventurado bolero que lhe sucede... Depois destes dois temas iniciais, pouco mais resta. Não é que o resto seja mau, ou, sequer, demasiado banal, mas, inevitavelmente, perde brilho. Há, inclusive, outras participações sonantes: Lucio Dalla, Chico Buarque, Fito Páez e Chavela Vargas. Todos dão a voz a duetos que recriam temas do seu repertório - no caso do cantautor italiano, o seu famoso tema de homenagem a Caruso. Seja como for, ouço repetidamente os dois primeiros e fico sem vontade de passar daí.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Página de Ana Belén en TodoMúsica

Ana Belén / Antonio Banderas - No sé por qué te quiero in Mírame (1997)