domingo, outubro 30, 2005
Complexo de Aljubarrota (4)
Complexo de Aljubarrota (3)
American Dream (4)
CD: Bob Dylan - John Wesley Harding (1967)
Toda a crítica qualifica muito bem este álbum de Bob Dylan. Contudo, permanece como um dos mais ignorados em toda a sua vasta discografia. Compreende-se que não tivesse atingido a projecção dos três extraordinários que o antecedem e, sem discussão, os mais brilhantes (com permissão do posterior Blood on the Tracks...), mas não mereceria a penumbra em que acabou por estacionar. Depois ter atingindo, fulgurantemente, a fama com os três álbuns que correspondem ao período de apogeu de toda a sua carreira discográfica, Dylan tem um período de afastamento da ribalta. É também nesse período que sofre um acidente de mota. A fase parece ter sido algo turbulenta. Reaparece em 1967 com este álbum, de uma extraordinária simplicidade meios, que parece uma renúncia ao rock/folk e um retorno às origens, ao folk acústico. Dylan na guitarra e com a sua harmónica, mais um discretíssimo acompanhamento de bateria singela e baixo. Em dois temas há uma guitarra adicional. É tudo! É um trabalho melancólico e bucólico. Na capa aparece entre índios e as letras parecem parábolas bíblicas. Uma cabal demostração de como a simplicidade de meios pode ser eficaz. Três temas a destacar: All along the watchtower (será recriado de forma radicalmente eléctrica, em memorável versão, por Jimi Hendrix em Woodstock); The ballad of Frankie Lee and Judas Priest; I'll be your baby tonight.
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Geografia íntima (18)
sábado, outubro 29, 2005
Galicia (7)
Vigo é capital de lugar nenhum, pois não é, nem nunca foi, sequer, capital de província. Contudo, é a maior cidade da Galiza, com os seus quase 300.00 habitantes e, de longe, o centro industrial mais importante de toda essa região. Pertence à categoria de cidades com El Corte Inglés e aí, desde a sua inauguração, é rotina tropeçarmos em compatriotas com a pronúncia do Norte. Mais do que qualquer outra coisa esse tem sido o pólo de atracção para os visitantes de aquém-Minho. Apesar de não possuir importante património monumental, essa peculiar obsessão prejudica que se aprecie coisas bem interessantes, como alguns exemplos de uma arquitectura imponente em edifícios centrais, uma extensa artéria para uso exclusivo de peões (Rúa do Principe) e, sobretudo, um magnífico enquadramento natural, onde pontificam a ria, as serranias vizinhas e as Ilhas Cíes. Também há outros aliciantes como a elevada possibilidade de se comer bem e relativamente barato (sobretudo mariscos) e a não de todo remota possibilidade de, em alguma taberna sobrevivente, se escutar um galego escorreito e um som de gaita galega...
sexta-feira, outubro 28, 2005
La movida (13)
quinta-feira, outubro 27, 2005
Tiro ao Alvo (4)
quarta-feira, outubro 26, 2005
Rádio (5)
Nunca mais perdi esta atracção pela rádio espanhola. Nos anos 80, escutava com assiduidade invasões hertzianas de emissoras FM, na Primavera e Verão. Eram invasões insólitas que proporcionavam recepções temporárias de largas horas ou, até mesmo, dias, com qualidade estéreo. Dessa forma captava a Radio Minuto (Las Palmas); SER Huelva; Antena 3 Badajoz; SER Mérida; SER Cáceres; Radio Noroeste Vigo, ou seja abrangendo um largo espectro, desde as Canárias à Galiza. Tudo isso me parece já arcaico, pois desde há 12 anos que sintonizo por antena parabólica todo o pacote de emissoras do Canal Satelite Digital, com qualidade digital. É a Cadena Dial que normalmente me acompanha com fidelidade diária. Mas também sintonizo a Radiolé: aos sábados, início da noite, sempre que posso, escuto o Son de la tribu. Também, sempre que posso, sou ouvinte do programa desportivo El larguero (Cadena SER) e às vezes passo pela Catalunya Ràdio. Tenho pena de não aceder às tertúlias de Luís del Olmo, agora na recém-formada Punto Radio e tenho algumas saudades do estilo hiper-bombástico de José María García - péssimo jornalista e óptimo entertainer, apropriadamente apodado de Butano (bilha de gás). Enfim, para o bem e para o mal foi sempre uma rádio plena de vitalidade...
Pode-se perceber, portanto, como a monumental obra La radio en España foi para mim algo que me entusiasmou. Tudo o que eu sabia era, nesta matéria, apesar de tudo, fragmentário, e a partir da leitura deste livro ganhou um nexo integrador. Além do mais, percebe-se que foi uma obra feita com paixão por alguém que tem um vasto conhecimento sobre a matéria. Como se não bastasse, vem acompanhado por um CD que compendia alguns momentos importantes e representativos da evolução da rádio espanhola. Aí pude reencontrar um velho conhecido anúncio de sintonia: Aquí, Radio Intercontinental... Madrid!!!! Lástima que o pasodoble das 20:15 (ou 21:15) não apareça. Sucedia-se à informação da temperatura na Calle Modesto Lafuente, onde se situavam os estúdios. Tinha eu uns 11 ou 12 anos e aguardava muitas vezes por esse momento, para ouvir o tal pasodoble.
terça-feira, outubro 25, 2005
2 Esclarecimentos e 1 Pedido (-)
segunda-feira, outubro 24, 2005
Baúl de los recuerdos (8)
"" - Espanha - Salomé - Vivo cantando - 18 votos;
"" - Reino Unido - Lulu Boom Bang a Bang - 18 votos;
"" - França - Frida Boccara - Un jour un enfant - 18 votos;
05 - Suíça - Paola del Medico - Bonjour Bonjour - 13 votos;
06 - Mónaco - Jean Jacques - Maman Maman - 11 votos;
07 - Bélgica - Louis Neefs - Jennifer Jennings - 10 votos;
08 - Irlanda - Muriel Day & The Lindsays - The wages of love - 11 votos;
09 - Alemanha - Siw Malmkvist - Primaballerina - 8 votos;
"" - Suécia - Tommy Korberg - Judy min vaen - 8 votos;
11 - Luxemburgo - Romuald - Catherine - 7 votos;
12 - Finlândia - Jarkko and Laura - Kuin Silloin Ennen - 6 votos;
13 - Itália - Iva Zanicchi - Due grosse lacrime bianche - 5 votos;
"" - Jugoslávia - Ivan Pozdrav svijetu - 5 votos;
15 - Portugal - Simone de Oliveira - Desfolhada - 4 votos;
16 - Noruega - Kirsti Sparboe - Oj, oj, oj, sa glad jeg skal bli - 1 voto.
Há pouco tempo revi a transmissão na íntegra desta edição. É curioso como o tempo muda as coisas... Começo pelas três canções que adoptara na altura. Desfolhada parece-me agora descabiamente antiga num contexto já então antigo. O petiz Jaen-Jacques, cantando uma proclamação a favor da sua mamã, parece-me um pouco enjoativo. A cantilena alemã, Prima Ballerina, parece-me demasiado delicodoce, mas, ainda assim, digna de indulgência. Mantenho a mesma fraca opinião sobre Vivo Cantando (um downgrade em relação a La, la, la). Mas, a canção holandesa, reconheço agora (uma ninharia, 36 anos depois...) era a melhor. É uma balada bonitinha, servida por uma voz original. Odiara esta canção naquele tempo. Noto também que estiveram presentes nomes importantes da canção francesa (Romuald; Frida Boccara) e da canção italiana (Iva Zanicchi). The last, but not the least: confirmo que toda a gente (incluindo os nórdicos) cantava ainda nos seus linguajares indígenas.
Viagens (22)
domingo, outubro 23, 2005
La Movida (12)
De seu verdadeiro nome Olvido Gara, Alaska é uma mexicana radicada em Madrid que esteve nos primórdios da movida - integrou em 1978 o efémero grupo Kaka de Luxe, que foi embrião de projectos artísticos que viriam a tornar-se decisivos. Depois, com os Pegamoides, esmerou a sua imagem. É ainda com este grupo que em 1982 interpreta um tema, Bailando, que seria um bombazo. Num tempo em que o Disco estava já em decadência, estoira na periferia hispânica um tema que não desmerece figurar em qualquer selectiva colectânea do género. Ouvida ainda hoje, Bailando apresenta-se plena de força e modernidade.
Deseo Carnal é outra coisa... É pop/rock, que, não renunciando os ritmos da pista de dança, discorre por uma lógica alheia à simplicidade Disco. Corresponde a uma fase em que a cantora era acompanhada pelo duo Dinarama (Nacho Canut e Carlos Berlanga). É um produto à altura da opinião e gosto dominantes entre a vanguarda blasé e hedonista da fervilhante Madrid de então. Além disso, funcionou comercialmente, e de que maneira! É um trabalho elaborado, mas que se destinava a ter impacto. Este começa, desde logo, com a foto da capa (de Javier Vallhonrat) - bela, sugestiva, ousada... O impacto reforça-se com o tema de entrada, Como pudiste hacerme esto a mi, que deve ser um dos mais fortes alguma vez dedicados ao adultério. Canta a violência do ciúme com uma crueza sinistra (o adúltero é deliberadamente atropelado pela traída, que ao volante de seu automóvel sem luzes numa noite sem luar, assim dá vazão ao seu desejo de vingança). Musicalmente é imponente, com uma orquestração de grande aparato e ritmo forte. Nesse cenário sonoro, a voz de Alaska impõe-se grave, não deixando de ser sensual. É, enfim, adequada a uma raiva assassina de mulher de armas. Este clima, marcado por temperamento de fêmea dominadora, volta a encontrar-se em Ni tú ni nadie e em Un hombre de verdad.
sábado, outubro 22, 2005
Baúl de los recuerdos (7)
Eres Tú ficou em 2º lugar em 1973, atrás de Tu te reconnaitras, cantada pela francesa Anne-Marie David, representante do Luxemburgo. Contudo esta classificação não se corresponde com o valor de cada uma. O que sucedeu foi corrigido pelo mercado. A canção espanhola acabou por se tornar uma das mais vendidas de sempre do Festival da Eurovisão. Além disso, através da sua versão em inglês para o mercado norte-americano, tornou-se a canção eurovisiva que mais sucesso alguma vez obteve do outro lado do Atlântico, a seguir a Waterloo.
Mocedades foi um grupo bilbaíno que nos anos 70 atingiu enorme popularidade. Formou-se e desenvolveu-se em tornos dos irmãos Uranga, mas, ao longo do tempo, foi variando bastante na sua composição. Assentava o seu repertório no cançonestismo ligeiro, aproveitando da melhor maneira uma excelente harmonia de vozes. Deles saiu também o dúo Sérgio y Estibaliz e, muito mais tarde, o grupo Consorcio com vovação revivalista.
Voltando ao espectáculo desta noite. Para mim, Eres tú mereceria estar entre as três mais destacadas e admitiria ainda que saísse vitoriosa. Já agora, fica aqui a minha lista das 25 melhores vde sempre (até 1985):
1958 03 Itália Domenico Modugno Nel blù dipinto di blù
1964 01 Itália Gigliola Cinquetti Non ho l'età
1965 01 Luxemburgo France Gall Poupée de cire, poupée son
1966 01 Áustria Udo Jürgens Merci Chérie
1966 13 Portugal Madalena Iglésias Ele e ela
1966 17 Itália Domenico Modugno Dio come ti amo
1967 01 Reino Unido Sandie Shaw Puppet on a string
1967 04 Luxemburgo Vicky Leandros L'amour est bleu
1967 06 Espanha Raphael Hablemos del amor
1970 01 Irlanda Dana All kinds of everything
1972 01 Luxemburgo Vicky Leandros Aprés toi
1972 06 Itália Nicola di Bari I giorni dell' arcobaleno
1973 02 Espanha Mocedades Eres Tú
1974 01 Suécia Abba Waterloo
1978 07 Luxemburgo Baccara Parlez-Vous Français
1980 01 Irlanda Johnny Logan What's another year
1981 04 Suiça Peter, Sue and Marc Io senza te
1982 01 Alemanha Nicole Ein bisschen frieden
1983 19 Espanha Remédios Amaya Quién maneja mi barca
1984 05 Itália Alice & Franco Battiato I treni di Tozeur
quinta-feira, outubro 20, 2005
Tiro ao Alvo (3)
segunda-feira, outubro 17, 2005
Baúl de los recuerdos (6)
Nino Bravo
Este foi um dos meus primeiros discos. Comprei-o em 1971. Por essa altura era fácil conhecer as novidades da música espanhola, quanto mais não fosse porque as nossas estações de rádio passavam-nas com uma frequência que hoje parece inverosímil. Não era raro que êxitos da música espanhola fossem também êxitos em Portugal. Esta canção foi um exemplo. Viviam-se ainda tempos de pré-massificação anglo-americana...
Nino Bravo foi uma das melhores vozes de sempre da música ligeira. Entrou na cena musical, quando já despontava o pop/rock, mas, impondo-se de imediato, graças ao poder da sua voz. É evidente que o seu género apontava noutro sentido, mais convencional - o da canção ligeira, embora num registo modernizado. Não é tanto o caso deste Te quiero, te quiero, o seu primeiro êxito, composto por Augusto Algueró e Rafael de León (um dos nomes consagrados da velha copla, componente da tríade León, Quintero y Quiroga...). É uma canção de corte tradicional, com refrão apropriado para exibição do seu virtuosismo vocal. Os êxitos sucederam-se em catadupa num curto espaço de tempo. Ninguém duvidava que lhe estava destinada uma carreira grandiosa, talvez de dimensão internacional (Algo que era, então, menos óbvio entrever em relação a Julio Iglesias...) Viviam-se, enfim, tempos de ninobravomania... Mas, em 16 de Abril de 1973 eis que surgiu uma trágica notícia: Nino Bravo falecia num desastre de automóvel. Entre a espantosa quantidade de desastres de automóvel que vitimaram artistas espanhóis, este foi o de maior impacto. Permaneceu um sentimento de perda e hoje, já completamente desfeitos na memória os inconsistentes candidatos a sucessores, percebe-se que o seu lugar ficou, definitivamente, vazio.
Nino Bravo era o pseudónimo artístico de Luis Manuel Ferri Llopis. Como os apelidos atestam, era valenciano. Vem a propósito referir que a região valenciana é uma terra musical que se caracteriza por ter em cada localidade, pelo menos, uma banda de música. Desta profícua cantera têm surgido muitos cantores, mas nenhum teve o impacto de Nino Bravo.
domingo, outubro 16, 2005
Andalucía (16)
sábado, outubro 15, 2005
Andalucía (15)
sexta-feira, outubro 14, 2005
Andalucía (14)
A Andaluzia é uma região de admiráveis belezas e possuidora de um carácter muito vincado. Estes atributos contribuiram para uma imagem sustentada em lugares-comuns, os quais, aliás, se tornaram extensíveis à própria imagem de Espanha. São lugares-comuns bem conhecidos e que me dispenso de enumerar exaustivamente - vão desde a peineta y bata de cola ao salero y fiesta, passando, claro está, pelo flamenco. Em parte legítimos, em parte ilegítimos. Um exemplo é a ideia de que muitos destes elementos advêm da influência árabe, tendo em conta que foi aqui que persistiu o último reduto europeu muçulmano independente até tempos bastante avançados (1492) e persistiu uma forte minoria morisca até inícios do séc XVII. Na verdade, esses elementos são bastante menos do que se possa pensar, já que a colonização por gentes vindas do Norte foi massiva e substutuiu, efectivamente, as comunidades moriscas, as quais, depois de sofrerem a deserção pelo constante acosso, acabaram mesmo por ser expulsas. Isto não impede, evidentemente, que seja na Andaluzia que se encontre muitos dos mais brilhantes monumentos do Islão e que o urbanismo, as técnicas agrícolas e algumas tradições atestem poderosamente esse legado. Na passagem de testemunho de civilização para civilização houve muito que foi assimilado e houve uma paisagem geo-humana que, no essencial, se manteve. Daí, que a grande atracção da Andaluzia seja este carácter de interface de duas civilizações num privilegiado cenário.
Nem tudo é belo na Andaluzia. Muito do que mais desinteressante a Espanha tem está lá presente. Por exemplo: o turismo massificado da costa do Mediterrâneo com todo o seu cortejo de mau-gosto. Mas uma região que tem Sevilha, Granada e tantos e tantos outros lugares de encanto, tem larga margem para aguentar com Torremolinos... Por outro lado, há o atraso económico-social, bem assinalado por todas as estatísticas, nomeadamente as que dizem respeito ao desemprego, aqui tradicionalmente muito elevado. Com excepção dos bastiões turisticos (litoral de Málaga, Granada e Almería) e dos enclaves das produções de horto-fruticultura de estufa (Almería), a região é pobre e, em certo sentido, mais pobre do que já foi, na medida em que apresenta em Cádiz uma situação de forte desindustrialização, na generalidade no Baixo Guadalquivir (Córdoba, Sevilla) uma agricultura e pecuária sem perspectivas e no litoral de Huelva uma pesca em forçada recessão.
terça-feira, outubro 11, 2005
Andalucía (13)
quarta-feira, outubro 05, 2005
Perros callejeros (7)
Baúl de los recuerdos (5)
Pois bem, Jeanette é antes de mais a voz, por excelência, da candura e suavidade, mas... também desconcertantemente perversa, pois há um erotismo imanente (aqui e ali com a ajuda de algumas letras...). Mas tudo em plano suavíssimo... Nunca conheci voz assim! Nesta antologia estão temas da fase inicial (finais dos anos 60) - quando era vocalista do grupo folk Pic-Nic, de Barcelona - , assim como temas da fase que lhe deu fama (segunda metade dos anos 70). Só foram compiladas gravações feitas para a Hispavox. Não há nenhuma de Todo es nuevo (álbum gravado para a Ariola), o que é uma lástima... Em todo o caso, constam os seus temas mais conhecidos e todos eles soberbos: Soy rebelde, Frente a frente, Por que te vas, Reluz, Corazón de Poeta e Viva el pasodoble - quase todos de um grande compositor da canção espanhola, Manuel Alejandro.
Para concluir devo esclarecer que Jeanette era, de facto, muito jovem, mas não era uma cantora-menina - tinha 21 anos quando gravou Porque te vas. Também não era francesa. Era hispano-britânica e vivia em Barcelona. Porém, até aos 12 anos vivera em Los Angeles e Londres (onde nascera). O pai era inglês. A mãe era espanhola, de origem canária. Tinha olhos verdes e um corpo fransino. Acabou por ser tornar, graças à voz e à aparência, num sex symbol de low profile adequado aos tempos da transição democrática e cuja correspondência no domínio da moral e dos costumes se designou como Destape. A fama que acabou por alcançar foi em larga medida credora do filme de Carlos Saura - a popularidade de Porque te vas não se seguiu à edição em disco, mas sim à exibição do filme e esteve longe de se limitar a Espanha (pelo menos foi extensível a França e Alemanha). Foi uma popularidade repentina, forte, mas efémera. Caiu numa terra de ninguém da qual só saiu, pela via da recuperação nostálgica nos anos 90. A voz, apesar de ter perdido muito da sua frescura, mantém ainda hoje um timbre que sugere uma espécie de eterna juventude.