quarta-feira, outubro 27, 2004

Salsa y merengue (4)

Juan Luís Guerra / 4.40 - Bachata rosa (1990)
A República Dominicana está na metade Oriental da Ilha Hispaniola (a metade Ocidental é o Haiti, de língua francesa). Foi o primeiro ponto do Novo Mundo onde os castelhanos se estabeleceram e foi, portanto, a primeira realização humana do que viria tornar-se a Hispano-América. Nos tempos coloniais, o seu nome era Santo Domingo, como ainda é o da capital. Actualmente é um popular destino de férias, graças às suas praias e paisagens paradisíacas, gozáveis a convidativos preços. Entre os muitos turistas que aí chegam serão poucos os que conhecem a importância da música dominicana. No entanto, para tal, bastaria conhecer Juan Luís Guerra...
Desde os tempos em que, com um punhado de compatriotas, em Massachusets (meados dos anos 80), constituiu o grupo 4.40 (espécie de versão latina dos Manhattan Transfer), Juan Luís Guerra começou um percurso que evoluiria até lograr um feito: a divulgação mundial da bachata e o merengue (géneros musicais do seu ignoto e pobre terrunho...). A primeira é uma forma de bolero local; a segunda é um ritmo frenético que ecoa africanidade.
Nada melhor que entrar nestes sons por via deste álbum, que é uma prova de como qualidade e êxito comercial podem andar a par. Não obstante outros notáveis trabalhos de Juan Luís Guerra (assim como de Victor Victor, por exemplo), Bachata Rosa é insuperável e, constituiu, além do mais, uma revolução, pela divulgação mundial que lugrou obter. No Verão de 1991, toda a Espanha era sacudida pelo ritmo de Rosalía, de A pedir su mano e de La bilirrubina, ao mesmo tempo que reencontrava o sabor do romantismo com Borbujas de amor. Ecos desse êxito chegaram, inclusivamente, até nós, pela divulgação feita na Rádio Cidade (então na moda...) deste último tema - o que proporcionaria um espectáculo do artista e do seu grupo em Cascais, a que eu tive, aliás, a oportunidade de assistir. Borbujas de amor teve, de facto, repercussão mundial, quer directa, quer também indirectamente, por via das de algumas versões locais. No Brasil, por exemplo, Raimundo Fagner fez uma versão que teve sucesso.
Com a sua figura longuilínea de quase dois metros de altura, com a sua barba rala, ominipresente chapéu e roupas garridas, Juan Luís Guerra, em tournées e televisões, tornou-se um ícone da música latina e um dos mais fortes representantes do que se convencionou designar como world music.
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