João Gilberto - Amoroso (1977)
Alguém disse uma vez (José Nuno Martins no saudoso Os Cantores do Rádio) que este seria o melhor disco de música brasileira de sempre. Sem abandonar o espírito da bossa-nova, João Gilberto fez neste disco um exercício de sofisticação e cosmopolitismo. Sofisticação que decorre da sua forma de cantar (mais sussurrante do que nunca) e dos voluptuosos arranjos orquestrais de Claus Ogerman. Cosmopolitismo, porque o criador da bossa-nova capricha em interpretar três temas não brasileiros: 'S Wonderful, de Gershwin; Estate, de Bruno Martino; Bésame Mucho, de Chelo Velázquez. O curioso é que a inépcia linguística do genial baiano soa aqui como um must adicional - um italiano e um castelhano que soam assim divinamente adocicados! Estate alarga-se por 6 minutos e meio, tornando-se aqui uma espécie de afrodisíaco para espíritos refinados. Com o famoso bolero a receita intensifica-se. A cadência lentíssima e aveludada alarga-o por quase 9 minutos e é um êxtase! Mas se parece impossível superar o transe destas experiências, há que esperar até à último tema, Retrato em Branco e Negro (Zingaro), de Tom Jobim. Está para além da perfeição!
Esta obra-prima foi gravada em finais 1976 e início de 1977, entre Nova Iorque e Los Angeles e parece ser o culminar de uma década e meia em que o gosto norte-americano se rendeu à bossa-nova.
Esta obra-prima foi gravada em finais 1976 e início de 1977, entre Nova Iorque e Los Angeles e parece ser o culminar de uma década e meia em que o gosto norte-americano se rendeu à bossa-nova.
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1 comentário:
Excelente o teu comentário acêrca do João... pena mesmo é que esta safra florescente de brasileiros que trouxe consigo a bossa nova, seja hoje sufocada por grupos de axés, e pagodes, e forrós... e tudo o mais quanto seja música de menor qualidade.
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