La Lupe (1939-1992)
La Lupe (Guadalupe Victoria Yoli Raymond) distinguiu-se em vários géneros e ritmo latinos, abrangendo um leque que vai do bolero à salsa. Na verdade, teve uma forma de interpretação que saltou as convenções. Por esse estilo bravio tão pessoal conheceu epítetos como os de Yiyiyi, Too Much e, posteriormente, a escritora nova-iorquina Susan Sontag defeniu-a como "a primeira punk".
Esta cubana teve uma vida de culebrón. Nascida em Santiago de Cuba, filha de um modesto trabalhador da Bacardi, estudou para ser professora primária. Contudo, escapou a um modesto destino de docente em alguma aldeia da montanhosa província do Oriente. Aliás, desde cedo manifestou tendências artísticas que não conjugavam com a imagem de educadora, ainda por cima, com uma pose ostensivamente sensual, própria de mulata descaradona... Quando Castro y sus barbudos desceram da Sierra Maestra já estava na vida artística profissional e havia adquirido notoriedade. De imitadora de Olga Guillot passou a cultivar um estilo pessoal que manteve e desenvolveu. O título do seu primeiro álbum é significativo: Con el diablo en el cuerpo. Em programas televisivos reforçou essa imagem, nomeadamente com os pitorescos vexames que infligia ao seu submisso pianista Homero, como, por exemplo, descalçar-se e bater-lhe com um sapato.
Para o seu temperamento era impossível viver numa sociedade subordinada aos preceitos do novo regime. Seguiu a via da maioria dos artistas e exilou-se. Depois de uma passagem pelo México, estabeleceu-se em Nova York, onde retomou a sua carreira graças às possibilidades criadas pela apetência para experimentações de fusão entre jazz e ritmos latinos. Ao mesmo tempo, tornou-se popular na comunidade latina e conhecida de todos os públicos, graças a shows televisivos. Explorou o filão de interpretar de modo latino standards como Going out of my head e Fever ou êxitos emergentes da pop, como Yesterday. Em finais de 60 actuava com a orquestra de Tito Puente e era conhecida como The Queen of Latin Soul. Tornou-se, assim, uma figura do som latino.
Os excessos conduziram-na ao declínio a partir dos finais dos anos 70. Esse declínio está marcado por elementos anedóticos e dramáticos. Entre o anedótico temos um incontrolado arrebatamento que chegou ao ponto de rasgar as vestes em certo show televisivo, em directo... Entre o dramático temos a adição a drogas e álcool. Uma tentativa de refazer a vida em Puerto Rico apenas acabou por acentuar a decadência. Nos anos 80 viveu no Bronx nova-iorquino, na miséria e esquecida por todos. Viveu então uma rocambolesco cortejo de desgraças que ultrapassam a imaginação de qualquer guionista de culebrones: um dia vai parar ao hospital espancada por um ex-marido; outro dia, ao pendurar umas cortinas, cai e fica temporariamente paralisada; outro dia, ainda, a sua habitação é palco de um incêndio. Recupera-se parcialmente de tanta desgraça e adere a uma seita religiosa evangélica com a denominação O Fim aproxima-se! Nos últimos anos vida, até um ataque cardíaco a ter fulminado, dedica-se a pregar o evangelho de porta em porta...
Antes de desaparecer, quando, ironicamente, já renunciara à vida artística em prol da regeneração espiritual, alguém a resgatou do esquecimento. Foi Pedro Almodóvar, no filme Mujeres al borde de un ataque de nervios, colocando um dos seus temas na banda sonora. O tema é o extraordinário bolero Puro Teatro, do porto-riquenho Tite Curet Alonso. Foi o início do revivalismo da música de La Lupe. Em Espanha, a rádio começou a divulgar os seus velhos êxitos, que conheceram, assim, divulgação em plena década de 90. Tornou-se objecto de culto em certos meios.
La Lupe in Salsa Magazine 1
Esta cubana teve uma vida de culebrón. Nascida em Santiago de Cuba, filha de um modesto trabalhador da Bacardi, estudou para ser professora primária. Contudo, escapou a um modesto destino de docente em alguma aldeia da montanhosa província do Oriente. Aliás, desde cedo manifestou tendências artísticas que não conjugavam com a imagem de educadora, ainda por cima, com uma pose ostensivamente sensual, própria de mulata descaradona... Quando Castro y sus barbudos desceram da Sierra Maestra já estava na vida artística profissional e havia adquirido notoriedade. De imitadora de Olga Guillot passou a cultivar um estilo pessoal que manteve e desenvolveu. O título do seu primeiro álbum é significativo: Con el diablo en el cuerpo. Em programas televisivos reforçou essa imagem, nomeadamente com os pitorescos vexames que infligia ao seu submisso pianista Homero, como, por exemplo, descalçar-se e bater-lhe com um sapato.
Para o seu temperamento era impossível viver numa sociedade subordinada aos preceitos do novo regime. Seguiu a via da maioria dos artistas e exilou-se. Depois de uma passagem pelo México, estabeleceu-se em Nova York, onde retomou a sua carreira graças às possibilidades criadas pela apetência para experimentações de fusão entre jazz e ritmos latinos. Ao mesmo tempo, tornou-se popular na comunidade latina e conhecida de todos os públicos, graças a shows televisivos. Explorou o filão de interpretar de modo latino standards como Going out of my head e Fever ou êxitos emergentes da pop, como Yesterday. Em finais de 60 actuava com a orquestra de Tito Puente e era conhecida como The Queen of Latin Soul. Tornou-se, assim, uma figura do som latino.
Os excessos conduziram-na ao declínio a partir dos finais dos anos 70. Esse declínio está marcado por elementos anedóticos e dramáticos. Entre o anedótico temos um incontrolado arrebatamento que chegou ao ponto de rasgar as vestes em certo show televisivo, em directo... Entre o dramático temos a adição a drogas e álcool. Uma tentativa de refazer a vida em Puerto Rico apenas acabou por acentuar a decadência. Nos anos 80 viveu no Bronx nova-iorquino, na miséria e esquecida por todos. Viveu então uma rocambolesco cortejo de desgraças que ultrapassam a imaginação de qualquer guionista de culebrones: um dia vai parar ao hospital espancada por um ex-marido; outro dia, ao pendurar umas cortinas, cai e fica temporariamente paralisada; outro dia, ainda, a sua habitação é palco de um incêndio. Recupera-se parcialmente de tanta desgraça e adere a uma seita religiosa evangélica com a denominação O Fim aproxima-se! Nos últimos anos vida, até um ataque cardíaco a ter fulminado, dedica-se a pregar o evangelho de porta em porta...
Antes de desaparecer, quando, ironicamente, já renunciara à vida artística em prol da regeneração espiritual, alguém a resgatou do esquecimento. Foi Pedro Almodóvar, no filme Mujeres al borde de un ataque de nervios, colocando um dos seus temas na banda sonora. O tema é o extraordinário bolero Puro Teatro, do porto-riquenho Tite Curet Alonso. Foi o início do revivalismo da música de La Lupe. Em Espanha, a rádio começou a divulgar os seus velhos êxitos, que conheceram, assim, divulgação em plena década de 90. Tornou-se objecto de culto em certos meios.
La Lupe in Salsa Magazine 1
1 comentário:
La Lupe é absolutamente extraordinária, superiora à outra rainha da salsa - Celia Cruz.
Tem uma seguidora viva chamada La India.Um dos elos que liga as duas cubanas é Tito Puente com quem editaram discos.
Almodovar deu-nos a conhecer excelentes músicas latinas como por exemplo os boleros de Chavela Vargas, Miguel Molina, Monna Bell, etc.
Puro Teatro é talvez o melhor bolero de todos os tempos.
Saindo de Cuba e entrando no Mexico, temos o maior cantor e compositor de boleros e rancheras - Jose Alfredo Jimenez.De salientar "El Jinete" na versão original e na versão rock de Bunbury.
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