sexta-feira, dezembro 17, 2004

Flamenco (7)

José Soto Sorderita - Mi secreto pirata (1995)
José Soto Sorderita foi a primeira voz solista de Ketama e, na verdade, mesmo depois de ter saído, não deixou de continuar ligado ao grupo, já que regressou expressamente para participar nas duas edições do extraordinário Songhaï, que é, talvez, a obra cimeira do nuevo flamenco e, mundialmente, um dos mais aclamados produtos da chamada world music. Tem um timbre de voz bem flamenco, mas na variante fina. Sem desprimor para Antonio Carmona, que herdou a condição de voz solista de Ketama, Sorderita tem uma maior delicadeza, que, em certos temas, consegue ser oportunamente expressiva. Este álbum foi editado numa época em que Ketama estava já consagrado e a projecção de Sorderita continuava subsidiária da fama do grupo. Era o momento para reafirmar um caminho autónomo, em que o fusionismo é entendido de uma forma menos heterodoxa. Não temos aqui experimentalismo radical, temos, isso sim, uma linha de fusão que nunca ultrapassa um determinado limite. Em que consiste? Por exemplo: numa seguiriya utiliza-se um piano em vez da guitarra; nuns tanguillos ou numas bulerías recorre-se a guitarras eléctricas. Mas, com estas roupagens nunca deixam de ser bem reconhecíveis os palos (estilos básicos do flamenco). A destacar: Puros sesenta e o tema que dá nome ao álbum (respectivamente tanguillos e seguiriyas) que sintetizam inspiradamente o espírito de fusão entre casticismo e modernidade.
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