quinta-feira, dezembro 23, 2004

American Dream (3)

Toponímia Francesa na América do Norte
O sonho americano, antes de se concretizar anglo-saxonicamente na forma individualista e competitiva de encarar a vida, foi um sonho vago, assente num Novo Mundo de recursos ilimitados, com oportunidades para os que arriscassem passar o Atlântico. Neste sentido, começou por ser uma aventura de espanhóis (El Dorado); foi de portugueses (bandeirantes do sertão brasileiro) e de holandeses; e foi também de franceses...
Até meados do século XVIII a América do Norte era um Novo Mundo tripartido entre Espanha (Florida, West e Far West), Inglaterra (Costa Leste e Norte) e França (Mid West). Na verdade, mais até do que a Espanha, a França estava envolvida num consistente projecto de colonização da América do Norte. Enquanto o Império Espanhol, espraiando-se por vastidões de todas as Américas, deixara um pouco ao abandono os seus longínquos territórios do Oeste, a França pós-Richelieu, potência de primeira grandeza, concentrara a parte decisiva das suas energias ultramarinas no esforço de garantir uma forte presença no Centro e no Nordeste. Em vésperas da Guerra dos Sete Anos (1756-1763) dominava todo um conjunto de territórios a oeste dos Apalaches, que configuravam um arco que se estendia desde as margens do São Lourenço (Québec) até ao delta do Mississipi (Louisiana). Mais importante ainda é saber que nas extremidades deste arco havia fortes núcleos de colonização com tendência para se expandirem. Eram núcleos connstituídos, sobretudo, por empreendedores huguenotes. Nos territórios intermédios havia uma presença militar que seria superior, em qualidade e quantidade, à dos ingleses na Costa Leste. Havia também comerciantes franceses que exploravam rotas assentes no comércio de peles e, sobretudo, importantes núcleos de jesuítas franceses. Estes últimos conseguiram cristianizar e afrancesar vários povos índios, quer do ramo algonquíno, quer do ramo dos nómadas das pradarias centrais. Note-se que a maior parte dos algonquinos lutou ao lado dos franceses na Guerra dos Sete Anos.
Perante esta realidade, em meados do século XVIII, qualquer projecção sobre o futuro da América do Norte, poderia imaginar com razoabilidade, que à França estaria reservado o destino de potência dominante. A Guerra dos Sete Anos desfaria qualquer possibilidade de tal vir a concretizar-se. Mas, dos tempos anteriores ficaram abundantes marcas: o Québec, como comunidade homogénea francófona; a Louisiana, com a sua herança cultural francesa; a nomenclatura de povos índios, como Cheyenne e Assiniboine, que denotam uma transcrição pela grafia francesa; a toponímia. Em relação a este último aspecto, vejamos alguns exemplos, sem ter em conta o Québec e sem pretender ser minimamente exaustivo:
Detroit (1701 - Antoine de Cadillac funda Pontchartrain de l'Étroit), Marquette, Sault Saint-Marie, Pontiac, Cadillac, Charlotte, Saint-Claire (Michigan); La Crosse , Fond du Lac (Wiscosin); Terre Haute (Indiana); Belleville, Champaign, Du Quoin, Rochelle (Illinois); Des Moines, Dubuque (Iowa); Saint-Louis , Mâcon, Cape Girardeau (Missouri); Bâton Rouge, Thibodaux, Laplace, Plaquemine, Ville Platte, Abbeville (Louisiana).

1 comentário:

Anónimo disse...

La California Española del Zorro.