quinta-feira, dezembro 23, 2004

Boulevard Nostalgie (17)

Charles Aznavour (Chahnour Varenagh Aznavourian)(Paris, 1924)
Se há voz com um timbre carismático, a de Aznavour é uma delas. Se a de Sinatra seduz pelo poder, a de Aznavour seduz pelo timbre que exala algo de agreste e, ao mesmo tempo de calor expressivo. É um intérprete por excelência de canções e a prova de como em pouco mais de três minutos se pode transmitir elevadas emoções musicais. Nada é banal na sua interpretação. Mais do que ninguém (com excepção de Edith Piaf), representa as virtualidades da chanson. E curiosamente, em rigor, não é um francês puro... Descendente de arménios exilados (a família Aznavourian foi obrigada pelos horrores do genocídio arménio a uma errância sem destino), nasce em Paris por acaso. Mas, seja lá como for, Aznavour é francês!
Nas nossas FNACs apareceu agora a sua obra integral (L'Intégrale) reunida numa enorme caixa que é uma peculiar réplica do Arco de Triunfo. São 44 álbuns, 786 canções, 64 páginas e... 700 euros. Sendo eu comprador compulsivo de CDs, DVDs e livros, assim estoirando, mês após mês, o meu salário quase até ao último cêntimo, senti-me tentado a elevar qualitativamente a incontinência com a aquisição de tão extravagante produto. Mas contive-me, héllas, que remédio...
A página oficial de Aznavour é monumental, mas há outras muito boas também. Eis um artista que está representado na rede a um nível correspondente ao seu valor.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lembro-me que em meados dos anos 70 e, talvez, até finais dessa década, ainda se podia ouvir música francesa nas nossas rádios. Eu, que desde o seu início, em 1989, acompanho regularmente a programação da bilingue Rádio Paris-Lisboa, tenho vindo a constatar - mesmo aí - o progressivo abandono da música francesa. Nem a sua "play list" resiste à influência anglo-saxónica!Depois queixam-se que o francês perde influência no mundo e entram em causas perdidas com o inglês, na internet...
Mas mesmo com uma expressão mundial muito reduzida, a música francesa continua a chegar a algumas faixas etárias - os "resistentes" - pela voz dos seus grandes nomes. Os intemporais.O meu nome maior é Aznavour. Por várias razões. Entre elas porque me lembra Paris. As vezes que lá fui não pude deixar de estabelecer essa associação imediata. Aznavour que é, inequivocamente, uma voz de França, canta Paris como ninguém. Não deve haver lugar da cidade a que não se refira nas suas canções.
Com ele "J'ai vu Paris", "Paris au mois d'Août", mas "C'est en Septembre" que mais gosto de a visitar. "For me Formidable"!!!!!!!

TC