"A Espanha é brutal, anárquica, egocêntrica, cruel; a Espanha é capaz de cavar a própria sepultura por razões absurdas, é caótica, sonha, é completamente irracional. (...) Quem percorreu apenas os circuitos obrigatórios não conhece a Espanha. Quem não tentou se perder na complexidade labiríntica da sua história ignora o país por onde anda. É um amor para toda a vida, o espanto não tem limites."
Nas crónicas de viagem do holoandês Cees Nooteboom revi a minha concepção de viajante. Na sua forma de apreciar a Espanha, revi também a minha. Este livro, de edição brasileira, é uma compilação das suas crónicas de viagens através de Espanha. Santiago é um destino pretexto para deambulações pouco liniares pelos interstícios da pele do touro, além de ser uma referência oportuna para evocar um trajecto de devoção. Não é, evidentemente, aquela Espanha do turismo de massas... Por aqui não há Benidorm ou Torremolinos, mas antes severos lugarejos da meseta, perdidas aldeias de montanhas, esconsos callejones ou amplas plazas mayores de urbes que transpiram história... Esta forma de ser viajante é uma capacidade de percepção e sentir através da geografia e da história. No caso das terras de Espanha é, necessariamente, um exercício que só tem a ganhar se for inspirado por uma sensibilidade trágico-romântica.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Sem comentários:
Enviar um comentário