De Antony Beever já tinha lido três obras: A Guerra de Espanha, Stalinegrado e A queda de Berlim. É um historiador ao bom velho estilo britânico. Esta obra, porém, sai um pouco do estilo. Feita em parceria com a sua mulher, Artemis Cooper, tem uma forte componente mundana, não deixando de ser, essencialmente, história política. O mundano advém da utilização de um grande manancial de fontes situadas em sectores sociais privilegiados, particularmente nos meios diplomáticos. Com efeito, Artemis Cooper é neta daquele que era o embaixador britânico em Paris nesses tempos. É uma perspectiva culta, curiosa e artística, bem pertinente quando se trata de uma cidade como Paris.
A grande conclusão que tirei é que esta cidade tem em si o sortilégio de, nas mais difíceis condições, nunca perder o encanto e o requinte. Mais ainda, tem (ou tinha…) o poder de sustentar um ininterrupto fervilhar de ideias e expressões artísticas, mesmo em situações limite. E tal, sem que os sectores responsáveis por este carácter imanente se alheiem da realidade política. Bem pelo contrário, a política sempre penetrou a vida artística e intelectual parisiense, de um modo, porventura, até, exagerado.
Outras conclusões se podem tirar: as dificílimas condições de vida do pós-guerra persistiram até, praticamente, ao final da década; o poder e a fraqueza do gaullismo vinham das suas insuperáveis contradições; o estalinismo do Partido Comunista Francês proporcionou exemplos da mais sórdida hipocrisia; o Plano Marshall foi imediatamente decisivo para libertação da miséria e da ameaça comunista. É um livro que se lê de bom grado, com proveito e é adequado a vastos públicos.
1 comentário:
And Salvatore Albelice Opinion ?
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