terça-feira, janeiro 30, 2007

Mediterráneo / Mediterrània (34)

Raimon - Nova integral Edició 2000 (2000)
Raimon (Ramón Sanchis Pelejero) é o decano da cançó catalana, mas não é propriamente catalão, é valenciano. Nasceu em Xàtiva, no sul da província de Valencia. Convém saber que a área linguística catalã estende-se pelo litoral das terras valencianas até ao sul da província de Alicante. As localidades de Elx (Elche) e Crevillent, já próximas de Murcia, assinalam os seus limites meridionais. A forma valenciana de falar catalão (valencià) diferencia-se por uma fonética de vogais mais abertas e por um vocabulário com certas especificidades, uma boa parte das quais de origem árabe. Juntamente com um punhado de intelectuais valencianos, onde avulta Joan Fuster, Raimon foi, nos anos 60 e 70, intérprete de um ideal pan-catalanista que se traduzia no conceito Països Catalans - comunidade linguística entre Principat (Catalunya), Illes (Menorca, Mallorca, Eivissa) e País Valenciá. Tornou-se figura de proa do catalanismo. Mas, em boa verdade, foi mais do que isso, foi uma dos primeiros cantautores com projecção e nessa medida chegou a ter notoriedade em toda a Espanha, apesar de ter cantado sempre só em catalão. Alguns dos hinos antifranquistas dos anos 60 foram da sua lavra. Em qualquer lugar de Espanha os seus espectáculos transformavam-se em comícios. Porém, a sua música foi-se desenvolvendo para além das intervenção política. No início, a crua simplicidade da sua música, assente numa simples guitarra e em acordes lineares, fazia ressaltar uma voz poderosa e expressiva. Este trunfo sempre o manteve. Mas, já em 1966 havia sinais num outro sentido. Nesse ano saiu o álbum Cançons de la roda del temps, onde Raimon pôs em música poemas de Salvador Espriu e tinha uma capa da autoria de Joan Miró. Esta linha levá-lo-ia mais tarde aos poetas valencianos de finais da Idade Média, como Ausiàs March. Nos anos 80 e 90 estava já longe do panfletarismo, apostando por uma via mais valiosa de canção de texto.
Em 2000 é lançada uma reedição de toda a sua carreira discográfica em 10 volumes. No sexto consta Cançons de la roda del temps, não na versão original, mas numa outra, que havia sido entretanto gravada em 1981. A voz ainda poderosa e límpida de Raimon e o adusto lirismo de Espriu proporcionam uma experiência tão interessante como na versão original.

1 comentário:

Anónimo disse...

El mejor Presidente de la Comunidad Valenciana: Don Eduardo Zaplana