Hélder Pacheco - Novos Guias de Portugal: Porto (1984)
Não conheço mais nenhum volume desta colecção Novos Guias de Portugal, mas se se aproximarem da qualidade deste, dedicado ao Porto, pois é caso para dizer que estamos bem servidos. Não é um comum guia para turista, pois pressupõe um interesse mais exigente. Com efeito, Hélder Pacheco é detalhista e alardeia uma cultura invulgar sobre história e património local. É suposto que o leitor partilhe saber e, se possível, paixão por estes temas.
Hélder Pacheco não é um portuense qualquer. É uma figura destacada da vida cultural da cidade e tem obra feita, quase exclusivamente, assente sobre a cidade. Nasceu, viveu e penso que ainda vive na "minha" freguesia da Vitória - bem no coração do velho burgo, onde se respira o genuíno espírito tripeiro. O Porto burguês e o Porto popular conviviam aí muito de perto. Cada um no seu lugar, mas a paredes meias. Hélder Pacheco, que nasceu no lado burguês, conhece, porém, como ninguém o espírito do Porto popular e é ver ao longo do livro como desvenda origens de lugares, tradições e histórias do outro lado... Reconheci muitas dessas evocações nas minhas memórias dos tempos da minha infância em que aí passava invariavelmente todas as minhas férias escolares. Fico-me com uma delas: a "queima do Judas", no sábado de Aléluia. A canalha, fazia um boneco de palha e trapos. Depois, entre grande animação, com a gente da rua e ruas vizinhas apinhada na calçada, queimava-se o Judas, no meio de animados insultos. Acabava aí, de facto, o pesado jejum (estrito e lato senso) da Semana Santa. Assim regressava a animação quotidiana, durante alguns dias interrompida. Que tristeza quando hoje em dia lá volto e vejo que já não há canalha. Já quase só há velhos e poucos...
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Hélder Pacheco não é um portuense qualquer. É uma figura destacada da vida cultural da cidade e tem obra feita, quase exclusivamente, assente sobre a cidade. Nasceu, viveu e penso que ainda vive na "minha" freguesia da Vitória - bem no coração do velho burgo, onde se respira o genuíno espírito tripeiro. O Porto burguês e o Porto popular conviviam aí muito de perto. Cada um no seu lugar, mas a paredes meias. Hélder Pacheco, que nasceu no lado burguês, conhece, porém, como ninguém o espírito do Porto popular e é ver ao longo do livro como desvenda origens de lugares, tradições e histórias do outro lado... Reconheci muitas dessas evocações nas minhas memórias dos tempos da minha infância em que aí passava invariavelmente todas as minhas férias escolares. Fico-me com uma delas: a "queima do Judas", no sábado de Aléluia. A canalha, fazia um boneco de palha e trapos. Depois, entre grande animação, com a gente da rua e ruas vizinhas apinhada na calçada, queimava-se o Judas, no meio de animados insultos. Acabava aí, de facto, o pesado jejum (estrito e lato senso) da Semana Santa. Assim regressava a animação quotidiana, durante alguns dias interrompida. Que tristeza quando hoje em dia lá volto e vejo que já não há canalha. Já quase só há velhos e poucos...
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