sexta-feira, novembro 05, 2004

Viagens (7): Picos de Europa / 2001 (2)

2º Dia – 5 de Abril (5ª Feira) (manhã)

O primeiro destino do dia seria a Serra de Montesinho, o segundo o Lago de Sanabria e o terceiro, Riaño, já nos Picos de Europa. O tempo não estava soalheiro, porém parecia esconjurada a ameaça de chuva. Ao deixar Mirandela, confirmei a ideia de véspera – era uma localidade agradável e que poderia ser um ponto de partida para uma futura exploração do Nordeste Transmontano.
Em breve se chegou a Bragança – para não deixar de ter alguma imagem da cidade, deixei a IP4 e internei-me no núcleo urbano. Foi decepcionante – a zona nova era vulgar; a zona antiga estava demasiado degradada e sem encanto especial. De atraente encontrei somente a imagem do castelo, com a sua torre de menagem. Foi pena que nesta incursão, feita exclusivamente de automóvel, não se me tivesse deparado o ex-libris brigantino – Domus Municipalis.
De Bragança tomei uma estrada secundária em direcção a Espanha, através do Parque Natural da Serra de Montesinho. Ao longe avistavam-se os cumes nevados das serranias de Sanabria. As referências sobre a região destacavam duas localidades: França e Rio de Onor. Resultava incompatível conciliar uma passagem pelas duas. A opção pela segunda era pouco prática, pois o mapa indicava que a estrada em Espanha não era alcatroada. Além disso, tinha a ideia de que o interesse de Rio de Onor residiria apenas no facto de estar dividida pela fronteira. Note-se que em tempos antigos as gentes destas terras falavam leonês e tinham a mesma forma de vida, de um e de outro lado da fronteira. O mirandês (dialecto astur-leonês), cujos resquícios ainda hoje sobrevivem mais para sudeste, é, juntamente com esta comunidade aldeã transfronteiriça, o que ficou dessa primitiva unidade.
Montesinho, fazendo jus ao nome, mais que uma serra é uma bucólica colecção de montes. A aldeia de França, porém, foi uma desilusão - notei um punhado de casas características, com telhado de ardósia, mas degradadas, perdidas num conjunto incaracterístico, onde imperavam as portas e marquises de alumínio. Além disso, parecia uma aldeia fantasma, habitada por cães... Num café, onde se cumpriu o ritual de despedida do café português, indaguei as razões do nome da terra, mas a sorumbática mulher, que estava atrás do balcão, nada esclareceu, encolhendo os ombros com enfado.
Imediatamente antes de se abandonar Portugal, uma pequena placa apontava a direcção para uma aldeia anunciada como "preservada". De facto, perante o exemplo de França, é sensato imaginar que se impunha preservar alguma aldeia. Por um caminho poeirento entrei nas profundezas da Serra e, no fim, pude admirar uma aldeia genuína. Suspeito que foram os serviços do Parque Natural que possibilitaram a sua preservação.

1 comentário:

Anónimo disse...

Conduce usted el automovil....¿A la española o a la portuguesa?