Vivemos tempos democráticos, em que o povo é servido à medida dos seus gostos por uma indústria mediática. Esta esmera-se em dar-lhe ídolos e sensações fortes. A Princesa Diana foi um desses ídolos. A sua morte foi uma oportunidade para um prato bem servido de sensações fortes. Este filme aborda o modo como a família real britânica, e muito em especial, a rainha, lidaram com as vagas altas dessa indecorosa exploração. Oferece ocasião para reflexões em diferentes sentidos: não só sobre a histeria sensacionalista do vigente império mediático, mas também sobre a natureza e o carácter da instituição monárquica e sobre o que efectivamente vale a democracia actual, por exemplo. Quem é avesso ao reconhecimento da valia das instituições monárquicas poderá ter aqui uma lição - no mínimo dos mínimos, pode ser um contraponto à vulgaridade imperante, ou seja esta mistela de plebeísmo e individualismo hedonista servida em doses maciças de superficialidade e falta de valores substantivos. Mas, não é difícil ir mais longe e perceber como a instituição monárquica pode deter um valor simbólico agregador dos valores históricos identitários da comunidade.
Fazer um filme como este não foi tarefa fácil. Pôr em cena personagens vivos que permanecem na ribalta, ainda por cima da talha da própria rainha ou do primeiro-ministro Tony Blair, requer coragem e suma habilidade. Stephen Frears sai-se bem da façanha. Se para tal tem o decisivo contributo da actriz Helen Mirren (candidata ao óscar de melhor actriz), na verdade também não deixa de ter uma boa ajuda por parte de Michael Sheen, como Tony Blair. Lidar com um argumento como o que serve de base a este filme é, logo à partida, um exercício de atrevimento que define a capacidade de um realizador.
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