segunda-feira, dezembro 26, 2005

Tiro ao Alvo (5)

Livro: Jacques Barzun - Da Alvorada à Decadência: De 1500 à actualidade. 500 Anos de Vida Cultural do Ocidente (2000)
Ando sempre com um livro entre mãos. Pode ser um romance. Pode ser algum compêndio de estatísticas sociais ou futebolísticas... Mas, com mais frequência, pode ser um livro de história. É o caso deste. Aqui na Amadora, no Pigalle ou na esplanada do Rovidi estaciono amiudadas vezes para beber o café da praxe, mas o mais agradável é a leitura no meio do ruído ambiente. Resulta divertido estar, por exemplo, embrenhado no significado político das regras de etiqueta da corte de Luis XIV, enquanto ao meu lado um velho casal na sua rotina quotidiana de peregrinação à bica, faz o enésimo comentário amargurado à ordinarice do Herman... O exemplo até vem a propósito desta notável obra de um velho intelectual francês americanizado e que em saudável desplante exalta a superioridade do Ocidente e dá pistas para entender a sua actualdecadência. Nada de relativismos culturais; nada de lassitudes conceptuais! Barzun está-se nas tintas para o intelectualismo da esquerda europeia com os seus complexos de culpa, com as suas construções estruturalistas. Durante quase 500 anos a Europa Ocidental foi uma civilização superior (como antes outras o foram, naturalmente...). Ainda hoje o é, apesar de tudo. É algo tão evidente que se torna axiomático. Já nem me refiro àquilo que, por exemplo, Braudel designava como civilização material, já que qualquer enunciado estatístico elementar o comprova, mas às mais elementares realizações da arte, cultura, ciência e técnica.... Além disso, temos aqui uma escrita historiográfica à velha maneira. É um história feita com gente e factos e não tanto com artificiosas construções mentais elaboradas em prol de alguma tese apriorística. Enfim, que bom ter livros destes para ler.
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Jacques Barzun in Wikipedia

3 comentários:

Anónimo disse...

El café Pigalle se me está haciendo simpático.....

Anónimo disse...

Calle simpática de Lisboa: Calçada de Santo Antonio.

Anónimo disse...

Também conheço esse livro - na sua edição espanhola - já o tendo folheado várias vezes. Li, ao acaso, a parte dedicada a Diderot(chamou-me a atenção, devido a um livro seu que lia na altura -"Jacques, o fatalista")e posso comprovar que "Da Alvorada à Decadência" é a escrita de uma história factual, não importa se de alguma escola já "ultrapassada". Apetece não parar de ler, não fosse outras leituras obrigatórias...
Deixo duas sugestões de livros: um sobre o "Rei Sol" - " A Alameda do Rei", de Françoise Chandernagor. Um retrato da luxuosa e delirante corte de Versailles, na época de Luís XIV; o outro é " Os Historiadores", de Michel Vovelle e outros,e vem a propósito do livro que originou este comentário - uma homenagem, segundo os autores - "aos historiadores mais marcantes , tanto franceses como estrangeiros, do século passado e do anterior, isto é, a partir do momento em que a história começou a constituir-se e a representar-se como ciência". E o desfile começa com Michelet, o homem que dizia ser "preciso pôr a falar os silêncios da história"... Este, já li!

TC