Alejandro Amenábar - Mar Adentro (2004)
Sobre este filme que acabei de ver não me vou centrar no mais importante, que é, evidentemente, a questão da eutanásia. Vou centrar-me em alguns aspectos secundários. Quero, contudo, esclarecer que o meu sentido de vida, de inspiração católica, não me obriga necessariamente encarar o filme como uma mera peça propagandística ao serviço da causa da eutanásia. Interpreto-o como um exercício de entendimento da perspectiva de Ramón Sampedro. Muito discutível, mas pertinente. Considero que a única cena demagógica é o caricato diálogo entre o tetraplégico jesuíta e o tetraplégico protagonista. Tudo o mais parece-me sério. Considero o valor da vida, um valor supremo, mas seria hipocrisia não assumir que esse valor implica uma dimensão qualitativa. Ou seja, acho que há situações excepcionais em que esse valor pode não prevalecer.
Há aspectos muito bem conseguidos no filmes. Um deles é o cenário humano em que a história se desenrola. Consegue traçar um retrato adequado de um certo ambiente galego. Curiosamente, quando há três anos estive pela última vez na Galiza, ao passar na estrada marginal, entre Cambados e Vilagarcía de Arousa, avistei, do outro lado da ría, Boiro. Não sabia, como fiquei agora a saber, que fora lá que Sampedro conseguira morrer, mas sabia que, nessa zona (Barbanza), ficava Xuño, a aldeia onde vivera. Disso não só me lembrara, como, julgo, que tive ocasião de o mencionar a alguns companheiros excursionistas. Essa remota aldeia foi nos anos 90 destino de muitos repórteres que aproveitaram a sensação de uma história insólita. É uma zona paradigmática da Galiza profunda. Terra de mariñeiros e labregos, gente aventureira e desconfiada. O desafio de Sampedro foi tanto mais invulgar quanto surgiu numa realidade social tradicionalista e conservadora. Esta envolvência é desenhada no filme, desde a paisagem ao vestuário, passando pela linguagem - são muitos os diálogos em galego, por exemplo. A música sublinha a envolvência galega.
Uma nota final para reconhecer que, de facto, aquele que é o ponto mais alto do filme, sob o ponto de vista artístico, é a interpretação de Javier Bardem.
Há aspectos muito bem conseguidos no filmes. Um deles é o cenário humano em que a história se desenrola. Consegue traçar um retrato adequado de um certo ambiente galego. Curiosamente, quando há três anos estive pela última vez na Galiza, ao passar na estrada marginal, entre Cambados e Vilagarcía de Arousa, avistei, do outro lado da ría, Boiro. Não sabia, como fiquei agora a saber, que fora lá que Sampedro conseguira morrer, mas sabia que, nessa zona (Barbanza), ficava Xuño, a aldeia onde vivera. Disso não só me lembrara, como, julgo, que tive ocasião de o mencionar a alguns companheiros excursionistas. Essa remota aldeia foi nos anos 90 destino de muitos repórteres que aproveitaram a sensação de uma história insólita. É uma zona paradigmática da Galiza profunda. Terra de mariñeiros e labregos, gente aventureira e desconfiada. O desafio de Sampedro foi tanto mais invulgar quanto surgiu numa realidade social tradicionalista e conservadora. Esta envolvência é desenhada no filme, desde a paisagem ao vestuário, passando pela linguagem - são muitos os diálogos em galego, por exemplo. A música sublinha a envolvência galega.
Uma nota final para reconhecer que, de facto, aquele que é o ponto mais alto do filme, sob o ponto de vista artístico, é a interpretação de Javier Bardem.
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6 comentários:
Los cineastas izquierdistas españoles pretenden asociar el nombre de Galicia con "temas sombrios (Los lunes al sol, Mar adentro, Madres contra la droga..) y lo consiguen. El humorismo cinematografico de derechas del vasco-gallego Azcárraga, en "Boton de Ancla" y del madrileño Perez Lugin "La Casa de la Troya" son cosas del pasado. Ni entienden ni quieren entender la fina ironia galaica.....
Gran pelicula sobre el tema vasco: Trece entre Mil, de Iñaki Arteta.
Prefiero los niños del coro. Pero la amistad de Amenabar con Cruise, rindió sus frutos.....
Para los cineastas izquierdistas españoles, Galicia es y será siempre Negra Sombra.....
El que a buen arbol se arrima....(Amenabar se arrimó al arbol del influyente Cruise) Hay que reconocer, empero, el acierto de la Iglesia de la Cienciología a la hora de criticar al ex- fiscal jefe de Madrid, Mariano Fernandez Bermejo.
O filme é interessante, comedido e húmido, como os dias nebulosos.
Parece-me que no esforço de contenção esqueceu-se de mostrar/questionar o essencial:viver para quê vs. morrer porquê?
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