quarta-feira, novembro 30, 2005

Mediterráneo / Mediterrània (26): Valencia

Da região valenciana conheço a sua capital e a região costeira da Província de Castelló. Estive duas vezes em Valencia - a primeira em 1986, durante três dias; a segunda em 1991, de passagem. Embora longe de ser desprovida de atractivos, não me apaixonou. Valencia, capital, é uma cidade simpática e alegre, mas de dimensão superior à que à primeira vista se possa pensar. O ar camponês patente nas descrições de um romance de Blasco Ibañez, La Barraca, já não tem, como é evidente, a mesma validade. Esse romance foi o meu primeiro contacto com a realidade valenciana, que me fez saber em que consistia a sociedade camponesa da Horta, assim como me fez aperceber a existência do idioma valenciano. Ainda hoje a comarca em que está inserida a cidade se conhece como L'Horta e, não obstante a mancha urbana abranger mais de 1.000.000 de habitantes, os campos de laranjais penetram ainda pela sua periferia.
Quanto à questão idiomática, pois aí aflora um típico radicalismo espanhol... Qualificar o valenciano como dialecto catalão, algo evidente para qualquer descomprometido observador, pode ser fonte de discussões, dado o regionalismo ultramontano que muitos valencianos alardeiam, ciosos dos seus particularismos. Mas, na prática, trata-se de catalão pronunciado com fonética castelhana, o que é lógico, dado que a maior parte da região foi povoada por catalães após a Reconquista. Deste facto têm orgulhosa consciência outros valencianos... Grupos folk locais como Al Tall e Urbàlia Rurana dão conta desta matriz histórico-cultural de origem catalã, a qual se apresenta mesclada, de forma original, com influências muçulmanas. As famosas Fallas, em Março, fazem parte desta identidade. É uma festa de fogo e petardos que, tanto quanto, a paella, constitui um dos seus mais visíveis traços de identidade. Outros existem, menos conhecidos, mas igualmente curiosos, como a afición pela música, que faz com que floresçam por todo o lado bandas sinfónicas. Não admira, por isso, que seja terra de pasodobles e cantores (Conchita Piquer, Nino Bravo...) - Um aparte para referir que o hino de Valencia é tão bonito como a sua bandeira. Noutro plano, é também a terra do bakalao - estranha designação que em Espanha é dada à música de discoteca. Aqui proliferam discotecas e estão estabelecidos alguns dos mais famosos DJs.
Outras coisas existem, bem menos edificantes e a menor das quais não será a destruição de parte das belezas naturais do litoral por empreendimentos urbanísticos de gosto duvidoso. Benidorm é o mais lamentável exemplo. Essa, enfim, é a Espanha que nunca me interessou...

9 comentários:

Anónimo disse...

La ruta del bakalao (peligroso trasiego alcohólico musical Madrid- Cuenca- Valencia).....

Anónimo disse...

Novelistas valencianos: Vicente Blasco Ibáñez y Gabriel Miró.

Anónimo disse...

Presentadoras valencianas: Inés Ballester y Nuria Roca.

Anónimo disse...

Cantantes valencianos: Nino Bravo, Juan Bau, Bruno Lomas, Francisco.

Anónimo disse...

Los rascacielos de Benidorm no son "edificantes".

Anónimo disse...

Señor Tavares: ¿Conoce usted la chufa? ¿Y la horchata de chufa? ¿Se conoce en Portugal el dulce navideño llamado turrón? ¿Se conoce en Portugal el cava valenciano?

Anónimo disse...

El humanismo del sr. Presidente del Valencia, sr. Soler, visitando a don Alfredo di Stéfano en el Hospital de Sagunto.

Anónimo disse...

Excelentes cirujanos del Hospital La Fe de Valencia.

Anónimo disse...

El 19 de enero, alta medica de don Alfredo di Stefano