terça-feira, abril 21, 2009

Para siempre boleros! (33)


Willie Colón / Héctor Lavoe - Ausencia
Este é um documento notável, não obstante as más condições de som e imagem. É uma actuação em directo de Willie Colón e seu grupo, provavelmente num programa televisivo no início dos anos 70. Ausencia é um bolero pleno de sentimento, mas estranho, pois tem uma inflexão no desenvolvimento melódico que desagua num dueto montuno muito cadenciado, alternando com a voz solista de Héctor. Na mudança de ritmo, Willie protagoniza com outro instrumentista uma transição com trombones em solene crescendo. Depois, põe a sua voz no dueto montuno que vai obsessivamente repetindo "no importa tu ausencia, te sigo esperando". Pelo seu lado, Héctor é chamado, nas deixas, a uma vocalização em tons altos, de difícil execução, que corresponde ao clímax emocional da peça. Na interpretação aqui em apreço o remate é improvisado e a versão original de "me vuelvo loco" dá lugar a "me pego un tiro en el coco", atingindo-se um dramatismo quase burlesco. Tanto assim é, que tal arremedo é logo seguido de um anti-clímax, já que o improviso alarga-se com letra de ocasião, inóqua, sem relação com o tema (ex: "Willie Colón está tocando y la gente está gozando...").
Em baixo pode-se ouvir a versão original.


Willie Colón / Héctor Lavoe -
Ausencia in Cosa nuestra (1969)

sexta-feira, abril 17, 2009

Salsa y merengue (46)

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Willie Colón - Cosa nuestra (1969)
A seguir a Siembra este é o álbum mais aclamado de Willie Colón. É o terceiro e remonta a um tempo em que a composição do seu grupo não estava ainda estabilizada. Mas é música já bem definida, assente em raízes afro-cubanas, com ritmos e metais contundentes, entremeada por boleros. Héctor Lavoe era a voz líder carismática.
O álbum abre com um tema que lhe deu uma popularidade que transcendeu os ghettos hispânicos norte-americanos e Puerto Rico, seus mercados naturais. É Che che colé e, sintomaticamente, tem cariz africano. Contudo, sendo um tema magnífico, talvez não seja o mais valioso. Sucede que Ausencia é um tema especial - um estranho bolero marcado por uma mudança de ritmo que abre caminho para um montuno e um desempenho interpretativo de Héctor Lavoe.
Aqui se demonstra como se pôde atingir precocemente a maturidade artística numa época, aliás, em que o pop/rock multiplicava abundantes exemplos similares. Contudo, o sucesso da novidade sustentada com descaramento e audácia só foi possível porque se vivia um tempo que lhe era receptivo e que se traduzia, por exemplo, em produtores e investidores não menos ousados. As origens da salsa, em Nova York de finais dos anos 60 só podem ser entendidas neste contexto. O título e a capa deste álbum traduzem, aliás, um descaramento desafiante. A figura de gangster mafioso que Willie Colón teimava em representar estava à altura do atrevimento musical que protagonizava, muito embora não deixe adivinhar o tipo de música que vai no conteúdo - era uma capa provocadora como outras de grupos pop/rock então em voga.

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Willie Colón - Che che colé in Cosa nuestra (1969)

Salsa y merengue (45)

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Willie Colón - The hustler (1968)
Se houvesse qualquer coisa como uma certidão de nascimento da salsa não andaria muito longe de algo assim: filha do boogaloo e da latin soul, nascida em Nueva York, Spanish Harlem, em finais dos anos 60, no seio da grande família musical afro-cubana com mestiçagem jazzística. Padrinhos: Jerry Masucci e Johnny Pacheco (Fania).
Este álbum aponta directamente para esse processo de criação. Após um primeiro álbum, Willie Colón aponta definitivamente caminhos inovadores, que reconhecemos, posteriormente, como salsa fundadora. Não foi o único. Dentro da editora Fania, ou na sua periferia, outros (Johnny Pacheco, Joe Cuba, Celia Cruz, Ray Barretto) também davam corpo ao invento. Mas Willie Colón é o que tem mais importância, pela repercussão que imediatamente teve e pela polifacética trajectória que, desde então, foi protagonizando como compositor, instrumentista, director de orquestra, produtor, descobridor de talentos e, até, como vocalista. Está na vanguarda e é o mais influente. Ele com... a sua afectada imagem rufia (era, de facto, de South Bronx); ...a sonoridade brutal dos seus trombones; ...o virtuosismo dos seus percussionistas e do seu pianista; ...o seu lendário vocalista, Héctor Lavoe. Ele, enfim, com 19 anos (com esta idade gravava este seu segundo álbum!) e iniciando assim, verdadeiramente, a história da salsa, que, em certa medida se tem confundido com a sua própria trajectória artística.
O que mais impressiona nesta salsa fundadora é a força da matriz rítmica afro-cubana. Não há música hispânica mais africana do que esta, como atesta a percussão esmagadora e, ainda por cima, reforçada com a rudeza dos trombones. E como se não bastasse... ainda há Héctor Lavoe, La Voz !
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Willie Colón - The hustler in The hustler (1968)

sábado, abril 11, 2009

Napule e'... (13)

Nápoles no Google Earth (4)
Em orientação contrária à anterior, esta imagem dá-nos uma panorâmica ainda mais global. Em primeiro plano vê-se a Ilha de Capri e a Peninsula Amalfitana. Por aí proliferam paisagens paradisíacas. Separam o Golfo de Salerno do Golfo de Nápoles. Acima do Vesúvio, estende-se Nápoles até ao extremo noroeste da Baía, de onde sobressai a Peninsula de Pozzuoli, que aponta na direcção das Ilhas de Procida e Ischia. Foi na primera, mais pequena e próxima da costa, onde esteve exilado Pablo Neruda.

Nota: clicando na foto obtém-se ampliação.

Napule e'... (12)

Nápoles no Google Earth (3)
Aqui temos uma panorâmica mais global da urbe, com o seu enquadramento em anfiteatro de orientação Norte-Sul, num extremo da baía. Em primeiro plano vê-se o Castelo de Sant'Elmo; ao fundo, do lado esquerdo, o Vesúvio; e do lado direito, a Península Amalfitana. Para o interior e, ao longo da costa, um vasto conjunto de localidades suburbanas compõem com a cidade uma área metropolitana densa e extensa que corresponde a quase toda a província de Nápoles. Nessa área vivem três milhões de habitantes, ou seja mais de metade da Campania, a região de que Nápoles é capital.

Nota: clicando na foto obtém-se ampliação.

Napule e'... (11)

Nápoles no Google Earth (2)
Mais uma imagem de Nápoles no Google Earth Street View. É uma panorâmica do Vesúvio, mas de um nível mais elevado, junto ao Castelo de Sant'Elmo. A parte mais antiga estende-se pela encosta que, virada a sul, vai daqui até à zona ribeirinha. É a cidade burbónica, pejada de testemunhos do longo domínio hispânico que teve aqui uma sede estratégica desde os tempos medievais da Coroa de Aragão até à decadência do Império Espanhol, em meados do século XVIII. Contudo, durante ainda mais um século, até ao Rissorgimento (Unificação italiana), o Reino de Nápoles constituiu um prolongamento desse passado hispânico, pelos laços familiares da casa reinante (Bourbon) e, sobretudo, pela permanência de tradições e laços culturais.

Nota: clicando na foto obtém-se ampliação.

Napule e'... (10)

Nápoles no Google Earth (1)
Nápoles é uma das cidades italianas que está abrangida por um dos mais recentes recursos do Google Earth, o Street View. Com efeito, este recurso, além, de muitas áreas urbanas dos Estados Unidos, abrange já áreas urbanas da Grã-Bretanha, Holanda, França, Espanha e Itália. É um recurso que merece ser apreciado, não só para efeito de necessidades práticas de viagens, mas também como forma de ter mais algum conhecimento do mundo; pode ser, enfim, um certo exercício de turismo virtual...
Nesta panorâmica pode-se apreciar uma parcela da Baía de Nápoles, com o Vesúvio ao fundo. Em primeiro plano, vê-se o casario do Bairro Espanhol - o mais castiço bairro napolitano. Cheguei aqui, aliás, subindo, foto após foto, por uma inclinada ruela desse famoso bairro. De algum modo experimenta-se o seu ambiente peculiar.

Nota: clicando na foto obtém-se ampliação.

quarta-feira, abril 01, 2009

Napule e'... (9)


Homenagem a Massimo Troisi
Massimo Troisi desempenhou o papel de Mario Ruoppolo, o carteiro, em Il postino (O carteiro de Pablo Neruda). Morreu em 1994, no mesmo ano em que o filme foi estreado, com 41 anos. Além de actor foi também realizador, argumentista e poeta. Com Pino Daniele compôs a canção O' ssaje comme fa 'o core, em dialecto napolitano. Massimo foi o autor da letra e Daniele, o autor da música e intérprete. Pode-se escutar parte desta canção ao longo da homenagem e quase na íntegra, embora em precárias condições, no seguinte videoclip:


Pino Daniele -
O' ssaje comme fa 'o core (1992)