segunda-feira, março 26, 2007

Cinecittà (2)

Dino Risi - I mostri (1963)
Entre meados dos anos 50 e meados dos anos 70 a comédia italiana conheceu um tempo de esplendor. Se bem que abrangendo filmes de tipos diferentes, há o que se pode designar como um estilo comum reconhecível entre os seus melhores produtos. A ironia amarga, às vezes mesmo cruel, a denúncia da hipocrisia e a atenção aos temas sociais são alguns dos seus atributos. Raras vezes o riso deixa de ter implicações sociais. Compreende-se que assim seja não só por razões culturais, mas também pelo facto da maioria dos realizadores terem preocupações de carácter político, já que eram de esquerda, e muitos tinham algum tipo de vinculação com o PCI.
Um tipo de filmes que a comédia italiana desenvolveu foi o de sketches ou segmentos independentes. Este agora editado em DVD é um dos mais conhecidos. Contudo, só agora o pude ver ao contrário daquele que se pode designar como o seu remake, Nuovi mostri, realizado mais de dez anos depois e que vi logo na altura. O termo remake deve aqui ser tomado em sentido amplo, já que as histórias, se bem que partilhando o mesmo espírito, são totalmente diferentes e a realização, que no primeiro está exclusivamente a cargo de Dino Risi, passa a ser partilhada entre Dini Risi, Mario Monicelli e Ettore Scola. Ao contrário da crítica, pois, tendo eu feito um percurso inverso, entendo que o original fica aquém do remake... Contudo, vale a pena ver.
Inevitavelmente segui um critério comparativo com Nuovi mostri. O espírito é o mesmo, a concretização é que é distinta. Assim, a ironia é mais subtil e em muitos dos seus 20 sketches é tão subtil que se torna desconcertante. Um bom exemplo é a do mini sketch que dá título ao filme: o monstro, a criatura aprisionada que acabara de matar os seus próprios filhos, é, para efeitos de foto, inverosímil enquanto tal, apertado entre dois polícias de expressão alarve e contentamento grotesco por usufruírem de algum protagonismo (ver foto em baixo). É neste registo de subtilezas que a maior parte das sequências se desenvolve. O riso é, portanto, sempre discreto e, sobretudo, amargo, profundamente amargo. Ao ver uma segunda vez fui-lhe tomando mais o gosto, na medida em que ao distanciar-me do maior grau de imediatismo de Nuovi mostri, fui ganhando capacidade para o desfrutar. Em todo o caso, há pelo menos três sketches que são brilhantes:
Come un padre, Che vitaccia! e L'oppio dei popoli. Há ainda que sublinhar a presença dominate de dois grandes actores: Vittorio Gassman e Ugo Tognazzi.

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1 comentário:

Anónimo disse...

olá

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todos os dias falamos de um filme diferente
PS- este filme é fabuloso, tal como o seu "remake" italiano intitulado "os novos monstros"
paula e rui lima