Emílio Santiago - Bossa nova (2000)
A Bossa nova evoca os anos dourados do Brasil: os finais dos anos 50 e inícios dos anos 60. Parecia então que ninguém parava o Brasil... Foram anos de grande crescimento económico; da presidência de Juscelino Kubitschek de Oliveira; da primeira Copa do Mundo; da construção de Brasília... Anos em que crescia uma classe média à qual parecia destinado um futuro auspicioso. Hoje sabemos que foi, em larga medida, uma ilusão. Mas foi da classe média-alta citadina que brotou a bossa-nova. Como uma espécie de metáfora de bem-estar material e espiritual. É certo que teve abundantes fontes populares de inspiração, mas sem perder, de facto, o seu carácter elitista. A imagem aplica-se perfeitamente aos "pais fundadores": João Gilberto e Tom Jobim. O imediato êxito que tal produto obteve nos Estados Unidos consolidou ainda mais esse carácter. Tornou-se, assim, uma das imagens de marca da música popular brasileira e praticamente todos os seus grandes nomes não prescidem de, no mínimo, lhe prestar intermitentes homenagens. O que Emilío Santiago faz neste álbum está longe, portanto, de ser inovador, tanto mais que ao longo da sua série de álbuns Aquarela brasileira a bossa nova está bem representada. Porém, entre muitos clássicos e outros menos clássicos do género, este álbum demonstra melhor do que qualquer outro que as potencialidades da sua voz se coadunam como poucas à cadência suave e quente da bossa. A aveludada orquestração reforça ainda mais a suavidade e o calor.
Um dos melhores resultados deste dispostivo pode ser saboreado no tema Doce viver, de Nelson Motta. Ainda por cima trata-se de um hino nostágico às delícias da juventude, daquela juventude privilegiada que frequentava as praias de Leblon e Ipanema. Nada melhor se ajusta à noção de anos dourados. É uma evocação biográfica e, sabendo como Nelson Motta, conviveu intimamente com o núcleo fundador da bossa, pode-se dizer que é um testemunho do ambiente em que ocorreu essa bem-aventurada criação.
Um dos melhores resultados deste dispostivo pode ser saboreado no tema Doce viver, de Nelson Motta. Ainda por cima trata-se de um hino nostágico às delícias da juventude, daquela juventude privilegiada que frequentava as praias de Leblon e Ipanema. Nada melhor se ajusta à noção de anos dourados. É uma evocação biográfica e, sabendo como Nelson Motta, conviveu intimamente com o núcleo fundador da bossa, pode-se dizer que é um testemunho do ambiente em que ocorreu essa bem-aventurada criação.
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Emílio Santiago - Doce viver in Bossa nova (2000)
1 comentário:
Oh Edmundo depois de ver este carnaval transformado numa brasileirada murcha fico convencido da diferença entre Portugal Espanha, como dizia, creio que o grande poeta/publicitário, Alxandre O'Neill, antes de Abril74, vamos ali a Badajoz beber uma coca-cola....continuamos os pategos da Europa!
Seve
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