Graças a María la Portuguesa este álbum tornou-se o mais emblemático de Carlos Cano. Contudo, no seu conjunto, é verdadeiramente importante porque representa o culminar de um trajecto de recuperação e revalorização do tipo de canção tradicional que é usual em Espanha designar como copla. Em rigor, não se trata só da copla, mas também de outros géneros tradicionais como pasodobles, habaneras e, mesmo, marchas procesionales. É um conceito que poderíamos qualificar como neo-tradicionalismo e que assenta no orgulho da afirmação dos valores culturais autóctones contra um mundo cada vez mais estandardizado. Na sequência do álbum anterior (Cuaderno de coplas), o artista apresenta uma proposta amadurecida em todos os domínios. Em rigor, nem sequer se pode dizer que a homenagem a Amália que abre o álbum está desfasada do resto. O que leva Carlos Cano a Amália é precisamente a mesmo sentimento que o leva a espraiar-se no revivalismo coplero.
A meu ver, sendo um bom álbum, vale, sobretudo, pelo conceito amadurecido que apresenta. O anterior, a meu ver, é superior, já que em termos estritamente musicais resultou de um assomo inspirador inigualável. Ainda assim, temos aqui o artista na plenitude e, além da incontornável María la Portuguesa, encontramos magníficos temas. Aprecie-se uma conhecida marcha procesional de Semana Santa, em honra da sevilhana Virgen de la Macarena, com que o álbum encerra.
Carlos Cano - Pasan los campanilleros in Quédate con la copla (1987)
Espanha - 10/08/1987: #18 Top Álbuns (28 semanas em lista)
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