Viagem ao Norte de Itália (Julho/Agosto de 2001) 2º Dia (tarde / noite)
É claro que em Portofino o almoço tinha que ser junto à marina. Mas, por prudência, em vez da faustosa esplanada de um ristorante, optei pela mais simples de uma trattoria. Nem por isso me livrei de uma conta de dificultosa digestão…A viagem tinha de prosseguir, mas, renitente em abandonar estas paisagens, resolvi prosseguir fora da auto-estrada. Assim, tomei a marginal que desafia a encosta escarpada e onde, através de curvas e contra-curvas, se disfrutam de belas panorâmicas sobre a baía. Quando cheguei à cidadezinha de Chiavari impunha-se retomar a auto-estrada. Aliás, a costa, a partir daí, vai-se tornando ainda mais acidentada e deixa de haver estrada marginal. É a região de Cinque Terre, nome alusivo a cinco povoados cujo acesso só é possível por barco.
Não faltou muito que entrasse na Toscana. As montanhas de Carrara anunciavam-na. Daqui são extraídos os famosos mármores e, por causa disso, as montanhas apresentam um aspecto escalavrado. Tinha planeado seguir pela auto-estrada e fazer incursões a Lucca e Pistoia, mas havia a alternativa de passar por Pisa, a qual, contudo, implicava chegar a Florença mais tarde, por uma estrada comum. A opção acabou por ser a última.
Pisa é uma cidade de quase 100.000 habitantes nas margens do Arno. Na Idade Média fora um importante porto que sustentara rivalidade com Génova. Pois, agora está a cerca de 20 quilómetros do mar e o Arno está longe de ser navegável. O mar recuou e o rio assoreou. Foi o mesmo que sucedeu na cidade flamenga de Bruges. A torre e o conjunto monumental que a rodeia são imponentes e apresentam o mesmo estilo renascentista que encontraria em Florença. A torre pareceu-me ainda mais inclinada do que supunha. O acesso ao seu interior é interdito. Dois factos desagradáveis começaram a salientar-se: um calor excessivo e um vasto exército de turistas. Isso, juntamente com a necessidade de não chegar demasiado tarde a Florença, determinaram uma visita curta. Assim, depois de feito o abastecimento de recordações (existe uma sortido espantoso de quinquilharia alusiva ao ex-libris local), deixei a cidade de Galileo Galilei.
A chegada a Florença não esteve à altura das expectativas. Entrei por uma zona residencial moderna que se liga em transição incaracterística ao centro histórico. Além disso, rapidamente me achei consumido por um quebra-cabeças: como chegar ao destino, Hotel Medicis, em pleno centro e estacionar aí? Para grandes males, grandes remédios: como estacionar só seria possível numa garagem, pagando avultada maquia, resolvi antecipar a devolução do carro à Hertz, que tinha um escritório ainda aberto no aeroporto local. Chegar lá e encontrar, previamente, uma gasolineira aberta para deixar o depósito cheio (como era imperioso pelo contrato de aluguer), num domingo à noite, revelou-se uma aventura que descambou em sofrido transe… Era já meia-noite quando, finalmente entrei no quarto do hotel. Era um quarto grande mas fora do hotel propriamente dito. Ou seja, era um anexo exterior que estava num edifício de habitação, numa estreita rua com o sugestivo nome de Via delle Belle Donne. Tinha acabado de pagar uma brutalidade pelo aluguer do carro, outra brutalidade por uma corrida de táxi e estava cansado…
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