terça-feira, setembro 26, 2006

Complexo de Aljubarrota (6)

Prós e contras de 25 de Setembro de 2006 (RTP1)
Gravei o programa para o ver integralmente. Sem surpresa, constatei a enésima manifestação do velho complexo através dos seguintes aspectos: a verborreia da apresentadora, com alguma ignorância e uma contumaz pulsão sensacionalista; o reverente cenário de beija-mão preparado para José María Aznar. Nem a qualidade das intervenções da generalidade dos convidados pôde obviar tais incovenientes. Foi pena até porque Fátima Campos Ferreira até tem algumas qualidades para este tipo de programas...
Aznar foi um bom primeiro-ministro, porque aplicou a velha e sábia receita liberal num momento decisivo. Contudo, fora da área económica,
o seu liberalismo deixou a desejar, porque, na verdade, o seu pensamento é refém de alguma herança franquista. O patético delírio de querer associar o terrorismo etarra com o mega-atentado de 11 de Março é um sintoma desse mal genético. Enfim, trata-se de um desgraçado lastro da direita espanhola... Nas relações externas, o alinhamento com os Estados Unidos, se bem que louvável, foi demasiado primário, representou uma ruptura simbólica com algumas tradições da política externa espanhola, além de que chegou a tornar-se embaraçoso e, em última análise, pouco útil para a estratégia norte-americana. É evidente que estas questões não foram adequadamente discutidas, embora também não se perceba porque é que se enveredou tanto por estes domínios, a não ser, talvez, para tentar realçar a figura de Aznar como estadista...
Sobre
o tema, a discussão não se desprendeu do inconveniente de partir dos pressupostos habituais. Com efeito, a correcta perspectiva da generalidade dos participantes enunciou-se quase sempre em esforço contra argumentativo. Sejamos claros, uma boa parte dos repisados mitos desfazem-se num exercício simplório: olhar para o mapa da Península e ter em conta elementares dados da demografia e da história. Os dados usualmente arremessados para ilustrar a invasão económica espanhola são insuficientes face a realidades elementares. Eu diria, pelo contrário, que vinte anos após a adesão comunitária, é curioso que a presença económica espanhola em Portugal não seja ainda mais expressiva. O curioso, é que, de passagem, foram apresentados dados que atentam contra a ideia de invasão e deles não se soube retirar as devidas ilações, pelo menos para deixar no ar as mais elementares interrogações. Depois desfiaram-se outros comuns estereótipos que, de tão reiterados, sugerem que no luso terrunho se vivem pertinazes obsessões comparativas, que apelam ao divã de um impossível psicanalista colectivo... A diferença de nível de vida, por exemplo. Em Espanha é superior, mas as diferenças continuam a não ser significativas, sendo certo, porém, que nos últimos anos se acentuaram um pouco. Entre meados dos finais 50 e meados dos anos 60 a Espanha ultrapassou o nível de vida de Portugal. Desde então, as diferenças mantiveram-se dentro dos mesmos parâmetros relativos, atenuando-se ligeiramente a favor de Portugal durante os primeiros dez anos de integração comunitária. O que explica essa diferença? Uma cultura empresarial mais capitalista (centrada em três pólos: Catalunha, País Basco e Madrid) e uma armadura proteccionista de direitos laborais um pouco menos pesada. Em todo o caso, não se deve perder de vista que há acentuadas diferenças de nível de vida entre regiões espanholas. Quanto ao fado das idiossincrasias, há que sublinhar que, se é pertinente admitir uma idiossincrasia correspondente a um tipo espanhol, não é menos certo que existem diferenças entre as várias culturas que se integraram na construção histórica de Espanha. A genérica, resultou da convivência de várias culturas sob o mesmo tecto estatal durante séculos e determinou uma moldagem construída a partir do génio castelhano. Contudo, as diferenciações periféricas são acentuadas, a ponto, por exemplo, de se tornar grotesco associar salero, extroversão, alegria e outros tópicos afins à generalidade dos espanhóis. Entre nós são comuns as visões extremadas que não correspondem à realidade espanhola. Com efeito, esta está tão longe de ser invertebrada (exemplo: a ex Jugoslávia), como homogénea (exemplo: França - em devido tempo sujeita ao rolo compressor do jacobinismo). Mais coisas haveria a anotar, mas já chega.


8 comentários:

Anónimo disse...

La mala educacion: FCF: Ainda acredita que foi a ETA a perpetrar os atentados de 11 de março? Don Jose Maria Aznar: Prefiero esperar a las conclusiones finales de la investigacion; FCF: Hoje sabe-se que NAO FOI a ETA.......

Anónimo disse...

Lo que es patético es este blog.....

Anónimo disse...

La organizacion separatista iETA.....

Anónimo disse...

Tippex Edmundo....?

Anónimo disse...

Don Jose Maria Aznar, el mejor presidente del gobierno español

Anónimo disse...

Já ninguém aguenta o complexo, paranóia, fobia nacional (ou o que seja) anti-espanhola. Tal como é incomodativa essa constante obsessão de nos comparar com o outro lado da fronteira! O "Prós e Contras" seguiu exactamente esse caminho, como era de esperar. Quem ousou contrariar a tendência, foi autenticamente bombardeado por uma apresentadora sempre ameaçadora. Detesto o estilo de Fátima Campos Ferreira. É uma variante de Manuela Moura Guedes, que existe em, praticamente, todos os canais.
Quem diria que a apagada pivot dos telejornais da RTP1, se tornaria numa figura tão exibicionista e irritante. As únicas alternativas a FCF seriam, para mim, Maria Flor Pedroso ou Ana Sousa Dias, embora esta última com a dúvida de se adaptar aquele formato de programa. O único momento em que teve alguma pertinência foi quando questionou Aznar (esse beato, de look renovado ...) sobre a colaboração na farsa que conduziu à guerra no Iraque. Não sei se Aznar foi um bom primeiro-ministro. Disso saberão melhor os espanhóis, o que eu sei e, principalmente, me interessa, é que ele foi um mau elemento para o mundo. Será sempre lembrado por isso.

tc

Anónimo disse...

Bastante arrepentida tiene que estar Fatima por tratar así a don Jose Maria Aznar, que en "quijotesca" actitud habia acudido al programa de marras GRATIS, sin cobrar los buenos emolumentos a que tiene derecho como cotizado conferenciante internacional......

Anónimo disse...

Don Jose Maria Aznar Lopez, castellano cabal, buen elemento para la Cristiandad