Este álbum é a continuidade do aclamado Hot Buttered Soul. É o desenvolvimento lógico do que a crítica acolheu como um novo estilo soul. Todos os grandes lemas isaachayesianos estão aqui presentes. Com a mesma receita anterior, mas administrada com um fôlego ainda mais megalómano, reforça-se a identificação do estilo e cria-se um sabor definitivamente reconhecível e especial, em torno do qual se cria um certo culto. Uma vez mais, Isaac Hayes pega em composições alheias, geralmente standards já consagrados, e recria-os de modo radical. Um exemplo perfeito é The Look of Love, de Bacharach & David. O que se ouve aqui é uma refinadíssima orquestração, que proporciona um longo solo de guitarra eléctrica em registo ultra-soft e uma poderosa secção de metais como elemento ambiental aveludado. A voz quente e sugestiva acentua o efeito. A sensualidade domina toda a peça, a qual, coerentemente, culmina de uma forma muito sugestiva e original. Todo o álbum, com excepção do último tema, não tem desperdício. É um catálogo completo de Isaac Hayes na plenitude. Significativamente, os monólogos rap (este é o primitivo, o genuíno rap) começam aqui a ser numerados. Temos assim o Ike's Rap I, muito embora, o primeiro, mesmo, fosse a primeira metade dos 20 minutos do By The Time I Get to Phoenix, do álbum anterior. Temos também uma sequência instrumental designada como Ike's Mood I, só que ao contrário dos sublimes monólogos, estes não tiveram posterior continuidade.
Pegue-se num very long drink, ponham-se as luzes em recatada discrição, espraie-se o corpo em confortável poltrona, abandone-se o espírito a lucubrações prazenteiras e saboreie-se ...To Be Continued.
domingo, julho 23, 2006
Soulsville (7)
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1 comentário:
Só conhecia a versão de Diana Krall, mas esta, que suponho seja a original, é excelente!
tc
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