SER vs COPE
A rádio tem em Espanha uma importância maior do que em Portugal. Tal é particularmente válido no que diz respeito à opinião política. Há abundantes espaços de discussão (tertúlias) nos quais participam figuras gradas do jornalismo e outros criadores de opinião. Na realidade, esta prática está longe de se confinar à política - é relevantíssima no desporto e a sua origem mais provável estará nas apaixonadas discussões suscitadas pela lide taurina. É um saudável exercício de democracia que se recuperou a partir dos anos da transição. Assim, as grandes cadeias radiofónicas contratam entertainers que dirigem longos magazines, nos quais há sempre lugar destacado para uma tertúlia. Nem o crescente poder da televisão tem alterado o cenário.A SER é, de longe, a cadeia de rádio líder de audiências. Integra o conglomerado mediático PRISA, cujo produto mais destacado é o diário El País, mas que abrange também outros jornais e cadeias de rádio, assim como emissoras televisivas e editoras livreiras. É o maior grupo mediático espanhol, tanto que, saltou fronteiras, como se pode constatar, por exemplo, na posição recentemente adquirida na TVI. É sabido que este grupo está próximo do PSOE.
A COPE é a segunda em audiências, embora a considerável distância. Pertence à Confederação Episcopal e alinha com o Partido Popular.
Sintoma da crispação da vida política espanhola é a rivalidade entre estas duas cadeias radiofónicas e o tom agressivo dos seus protagonistas de opinião política, em particular os da COPE: César Vidal e Federico Jiménez Losantos. Para um observador exterior é evidente a qualidade da "marca" PRISA. Independentemente da sua cor ideológica, tem que se reconhecer que há um padrão de qualidade associado a essa marca, de que, por exemplo, El País é uma referência a nível internacional. Em Espanha, tudo o resto, que, note-se, engloba muitos produtos mediáticos excelentes, está, regra geral, como se compreende, aquém desse nível. A direita deveria, em vez de lançar calúnias sobre a PRISA, seguir alguns dos seus exemplos e contribuir para melhorar alguns dos meios de comunicação que lhe são afins. Evitar um tom de cerrada agressividade talvez fosse um contributo não despiciendo para tal desígnio. Jiménez Losantos e, sobretudo, César Vidal são pessoas de considerável bagagem cultural e intelectual; defendem posições ideológicas que, no essencial, considero adequadas. Contudo, perdem-se pelo tom excessivo e por perspectivas sesgadas em certas matérias. É espantoso, por exemplo, que assumindo-se liberais, tenham em relação aos nacionalismos (basco e catalão) atitudes anti-liberais. Para um liberal as questões nacionalistas devem ser encaradas por uma pespectiva sistematicamente não-nacionalista. O moderno liberalismo não rasga as sua vestes em prol de nenhum nacionalismo, nem, tampouco, o considera em si mesmo um mal! Nisto, como em muitas outras coisas, a vontade dos cidadãos deve ser soberana. Até certo ponto, o modelo para encarar um problema extremo desta natureza é o processo de separação ocorrido entre checos e eslovacos. Foi uma cisão sem dramas. Na verdade, dramatizar estas questões é intrinsecamente anti-liberal! Em Espanha é lógico que os liberais critiquem o reforço do poder do aparelho de estado decorrente, por exemplo, dos processos de autonomia, como eventuais despesas acrescidas e duplicação de serviços. Que denunciem, claro está, com veemência, o terrorismo da ETA e seus cúmplices. Para um liberal, porém, quanto a autonomia, pois toda a que for requerida por quem quiser, sempre e quando signifique vontade dos cidadãos e subsidiariedade... e seja enquadrável no quadro constitucional. Em última análise, se a maioria dos cidadãos catalães e bascos se decidisse alguma vez pela independência (coisa, apesar de tudo, muito duvidosa...), pois, não obstante tal se poder entender que seria grossa asneira e algo irracional, um verdadeiro liberal aceitaria essa decisão. Os povos também devem ser livres para cometer erros, além de que estes não são sempre necessariamente irremediáveis... Não encarar os nacionalismos desta forma, sob o ponto de vista ideológico, é uma incoerência para quem pretenda ser um liberal.
12 comentários:
Siento tener que discordar con el Sr. Tavares. La Ser no da información de calidad: habló de terroristas suicidas en el atentado del 11-M de 2004; anunció la victoria de....Kerry....!, en las elecciones americanas de 2004; se dijo en una tertulia dominical de la Ser que PORTUGUESES participaban en la quema de coches en Paris, se oculta sistematicamente la nacionalidad de los delincuentes extranjeros que cometen delitos en España; se refieren SIEMPRE a Portugal como un pais atrasado, de mujeres (focas) con bigote y "choronas fadistas".....El carácter español es más caliente que el portugues (y quizá más generoso). Ante el (des)gobierno de Zp, un hombre cabal no puede permanecer impasible. Los conductores de la Ser Gabilondo/Franzino, son "aparentemente" asépticos, pero cuando abren los micrófonos para que hablen los oyentes, se escuchan llamadas agresivas y que "apestan" a llamadas preparadas que sacan a colación temas que, sin duda, no son del dominio del publico corriente, para que los tertulianos prisaicos reciban los balones ya rematados. Federico y Cesar Vidal dicen la verdad, no pueden ser condenados en los tribunales por la exceptio veritatis. Los toros se ven de una manera distinta desde el otro lado de la barrera....En la Cope hablan personas amigas de Portugal, como don Jesus Cacho, don Alberto Miguez, el profesor Velarde Fuertes, don Amando de Miguel....Pero el Sr. Durao Barroso, a la hora de conceder una entrevista lo hace a la Ser, y no a la Cope. Sin embargo, Mr. Anthony Blair y el presidente de Méjico Sr. Fox, "pasan olimpicamente" de El Pais, y conceden sus entrevistas al prestigioso El Mundo.....La Cope, El Mundo, la pagina web Libertad Digital....son los pocos medios rigurosos y certeros de España. Los grandes columnistas de El Mundo: don Pedro J. Ramirez, Jimenez Losantos, Paco Umbral, Raul del Pozo, JOSE LUIS MARTIN PRIETO, Jesus Cacho....Los grandes expertos en economia de la Cope y Libertad Digital: los profesores Alberto Recarte, Roberto Centeno, Francisco Cabrillo, Velarde Fuertes....El tiempo dará y quitará razones....
Amigo: a discordância é a essência da democracia. Talvez tivesse sido interessante introduzir uma opinião à distância, exterior, como a que eu achei por bem colocar neste "post". Sou mais de direita do que de esquerda, mas, em todo o caso, moderado, pelo menos em relação a muitas matérias... Quanto à forma como os portugueses são vistos, creio que nisso, como em muitas outras coisas, não depende tanto do posicionamento político-ideológico. Há em Espanha amigos de Portugal, quer à direita, quer à esquerda. Como há, evidentemente, quem não goste, de ambos os lados do espectro político. No próprio "El País" já encontrei artigos demasiado favoráveis e outros demasiado negativos.
El atavismo anti- español ha prevalecido.....¡Ya nada será igual......!
Amigo:
Atavismo anti-espanhol? De quem? Onde?
El que tuvo....retuvo....Lo único positivo del post es la utilización de la palabra "terrorismo", en vez del eufemismo "lucha armada".....
La cadena Ser y el diario El País, modelos de información objetiva (especialmente en el caso Argentia Trust)......Don José Rubianes (Pepe Rubianes) especialista en "Buon Ton", deontología y buenos modales.....Las relaciones entre EEUU y la España del Presidente Zapatero, son inmejorables.....Don Mariano Fernandez Bermejo luchó de forma implacable contra "Bastión"......Repsol YPF tiene un futuro muy halagueño en Estados Unidos, Bolivia y Argentina.....
Superioridad intelectual de los contertulios de la cadena Ser: Pilar del Rio, Eduardo Sotillos, Charo Zarzalejos, Ramón Cotarelo....
Devo dizer que tenho ultimamente ouvido as tertúlias "La Linterna" e "La Mañana con FJL", ambas na COPE. Nunca tive oportunidade de ouvir a tertúlia que aqui é mencionada, a da SER. Contudo, tanto mais que tenho a possibilidade de a ouvir via satélite, não deixarei de o fazer em breve, quanto mais não seja para comprovar o grau de ironia que me parece estar presente no comentário.
Si el Señor Tavares viviera quince días seguidos en España, viendo lo que pasa en la calles y escuchando las tertulias de la Cope y de la Ser, a buen seguro que cambiaba de opinión.....Las "Crónicas Bárbaras" en Internet del veterano periodista gallego Manuel Molares do Val, termómetro certero del caldeado ambiente político español....
Blog de Sergio del Molino, post de 24/2/2006
María José Sastre Bellas, gran Comunicadora Gallega (Punto Radio)
Falleció Alberto Míguez (q.e.p.d.)
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