terça-feira, março 29, 2005

Mariachi y tequila (17)

Vicente Fernández (Huentitán el Alto, Jalisco, 1940)
Vicente Fernández é, desde os tempos de Jorge Negrete, o mais popular intérprete de rancheras, mas, como cantor, é melhor do que foi o grande galã do cinema mexicano. Aliás, pode-se dizer que definiu um estilo de interpretação comparativamente com menos glamour, mas com mais alma e arrebatamento. Assim, por exemplo, consolidou o clamor estridente dos gritos como uma das imagens de marca do género ranchero. Do mesmo modo, consolidou a iconografia. Com efeito, na esteira do cinema, ele e José Alfredo Jiménez consagraram o sombrero e o traje de gala mariachi. Pelo seu lado, foi ainda mais longe do que este, pois absteve-se de associar à sua imagem algo que não fosse estritamente consonante com a afirmação do castiço estereótipo de dureza viril. Assim, é vê-lo muitas vezes na companhia de cavalos (uma singular obsessão) e de carabina em riste. Foi também ainda mais longe, se possível, na mitificação das raízes populares do género, com a sua história pessoal de origem social humilde e de dificultosa chegada à vida artística.
Mas o essencial são as suas qualidades interpretativas, quer pela voz, quer pela emoção. Neste particular, o seu filho Alejandro Fernández, que irrompeu na cena artistica há cerca de dez anos, é mais uma demonstração de como este tipo de virtuosismo não é transmissível de pai para filho... É conhecido como El Rey del Palenque (recinto improvisado para espectáculos), havendo neste apodo, provavelmente, o cuidado de definir os limites entre o seu reinado e o de José Alfredo - um como intérprete; o outro como compositor. Ambos os jaliscienses (de onde poderiam ser senão de Jalisco?) são as figuras cimeiras da música ranchera na sua fase de maturidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

La mochila azul.....de Vallecas....