Oviedo
Já tinha estado em Oviedo, de passagem, em Abril de 2000. Na altura, fiquei com uma excelente impressão da cidade, como, de resto, de toda Astúrias. Pena foi, então, que a meteorologia não tivesse ajudado. Fiquei com a firme intenção de voltar, mas em pleno Verão.
Vindo de Valladolid, atravessei Tierra de Campos, rumo a Norte, passando à ilharga de León. O calor amainara muito desde o dia anterior, de modo que a viagem prometia, tanto mais que o céu, se bem que já não inteiramente limpo, permanecia pouco nublado. Pareciam, assim, reunidas as condições ideais para viajar. É certo que ao aproximar-me da Cordilheira Cantábrica ficou mais nublado, mas nada deixava prever o que se seguiria. Efectivamente, depois do longo túnel de Caldas de Luna, que culmina uma série de túneis num troço de cerca de 20 Km de alta montanha, desaguei, num outro universo meteorológico. Um série de alarmes luminosos na parte final do túnel indicava o eminente perigo de nevoeiro cerrado e a necessidade de manter uma velocidade constante de 80 Km, nem mais, nem menos. Ao sair deparei-me com as mais difíceis condições de conduzir em auto-estrada: sem ver nada, em pleno nevoeiro cerradíssimo sob chuva torrencial. O termómetro do carro passara de 24º, antes dos túneis, para 16º. Era meio-dia e parecia noite. Afinquei-me à rectaguarda de um camião TIR para, através do correspondente vulto, ter um referente visual que me orientasse entre o espesso nevoeiro. Se a isto se acrescentar o pavimento escorregadio e as acentuadas inclinações descendentes por curvas e contracurvas, temos o quadro de emoções fortes que me acolheu na verde Astúrias... Foi assim quase até Mieres. Aí o nevoeiro cerrado desapareceu, mas a chuva não. Entrei em Oviedo sob chuva torrencial e dei facilmente com o hotel que era o edifício mais alto da cidade e estava localizado praticamente em cima da estação de caminho-de-ferro. Depois, tratei de estacionar o carro e refugiar-me no conforto do hotel. Os atavios de verão eram um absurdo na intempérie, mas não tinha nada previsto para um cenário assim. Ficar no hotel era a única alternativa. Ironicamente, ao ligar a TV deparei-me com insólitas imagens de uma vaga de calor pelo centro da Europa... Uma vez mais, Astúrias caprichava em demonstrar de forma eloquente a razão pela qual é tão verde... Eram 7 da tarde quando finalmente a chuva parou e saí. O crepúsculo de um dia tão cinzento não era promissor para tirar fotos. Mesmo assim tirei algumas. Toda a cidade é agradável, com o seu composto ar burguês, mas o centro histórico é uma pérola. A catedral e todo o perímetro em seu torno constitui um dos cenários urbanos mais interessantes que conheço. Está bem cuidado e tem vários palácios. Muitos edifícios comuns são também interessantes, com as suas galerias de marquises tradicionais. O próprio pavimento é bonito e está adaptado às funções exclusivamente pedestres da maior parte das ruas e praças. Fora deste perímetro a cidade tem muito de interessante, quer em edifícios, quer na ordenação da malha urbana. Há uma zona, Llamaquique, onde existem grandes edifícios modernos de linhas arrojadas, entrecortados por abundantes espaços ajardinados. Numa outra zona, junto à estação, todas as linhas ferroviárias foram soterradas sob uma alameda ladeada por fileiras de edifícios de configuração original. Há ainda um grande parque central, Campo de San Francisco, muito aprazível. O eixo que vai desde Escandalera, junto ao Teatro de Campoamor, até à estação, por Uria, é um catálogo de bom-gosto arquitectónico da primeira metade do século XX. Pena é que nesta última artéria extensas obras perturbassem o cenário. Comércio e serviços não faltam. Desde um centro El Corte Inglés até comuns centros comerciais. Há uma magnífica livraria, Cervantes, como só é comum encontrar em grandes cidades. Além disso, embora não tivesse lá ido, há uma FNAC num centro comercial situado a meio caminho da auto-estrada que liga a Gijón e Avilés. É uma cidade com mais movimento do que a sua dimensão (200.000 habitantes) possa levar a supor, por causa do comércio e das suas funções de capital de uma região com 1.000.000 de habitantes. Com efeito, alberga todas as delegações estatais. Ostenta também reconhecidos elementos da identidade asturiana: a sede da Academia de Língua Asturiana, por exemplo, assim como, num plano distinto, numerosas sidrerías, ou seja, bares especializados em servir essa característica bebida regional.
Esta apreciação decorreu nesse penumbroso fim de dia e, sobretudo, na manhã seguinte, a qual, apesar de cinzenta, parecia anunciar um dia menos chuvoso. Seja como for, desanimado pela inusitada invernia, esta já se me afigurava ser aqui uma fatalidade perene. Assim, tomei a decisão de antecipar o regresso. Desisti, portanto, de ver as duas famosas ermidas pré-românicas da periferia e de visitar Gijón e Avilés. Iria para a Galiza ou Castela. Saí ao meio-dia e resolvi optar, de novo, pela secura castelhana, já que a Galiza também é amiga da chuva.
Vindo de Valladolid, atravessei Tierra de Campos, rumo a Norte, passando à ilharga de León. O calor amainara muito desde o dia anterior, de modo que a viagem prometia, tanto mais que o céu, se bem que já não inteiramente limpo, permanecia pouco nublado. Pareciam, assim, reunidas as condições ideais para viajar. É certo que ao aproximar-me da Cordilheira Cantábrica ficou mais nublado, mas nada deixava prever o que se seguiria. Efectivamente, depois do longo túnel de Caldas de Luna, que culmina uma série de túneis num troço de cerca de 20 Km de alta montanha, desaguei, num outro universo meteorológico. Um série de alarmes luminosos na parte final do túnel indicava o eminente perigo de nevoeiro cerrado e a necessidade de manter uma velocidade constante de 80 Km, nem mais, nem menos. Ao sair deparei-me com as mais difíceis condições de conduzir em auto-estrada: sem ver nada, em pleno nevoeiro cerradíssimo sob chuva torrencial. O termómetro do carro passara de 24º, antes dos túneis, para 16º. Era meio-dia e parecia noite. Afinquei-me à rectaguarda de um camião TIR para, através do correspondente vulto, ter um referente visual que me orientasse entre o espesso nevoeiro. Se a isto se acrescentar o pavimento escorregadio e as acentuadas inclinações descendentes por curvas e contracurvas, temos o quadro de emoções fortes que me acolheu na verde Astúrias... Foi assim quase até Mieres. Aí o nevoeiro cerrado desapareceu, mas a chuva não. Entrei em Oviedo sob chuva torrencial e dei facilmente com o hotel que era o edifício mais alto da cidade e estava localizado praticamente em cima da estação de caminho-de-ferro. Depois, tratei de estacionar o carro e refugiar-me no conforto do hotel. Os atavios de verão eram um absurdo na intempérie, mas não tinha nada previsto para um cenário assim. Ficar no hotel era a única alternativa. Ironicamente, ao ligar a TV deparei-me com insólitas imagens de uma vaga de calor pelo centro da Europa... Uma vez mais, Astúrias caprichava em demonstrar de forma eloquente a razão pela qual é tão verde... Eram 7 da tarde quando finalmente a chuva parou e saí. O crepúsculo de um dia tão cinzento não era promissor para tirar fotos. Mesmo assim tirei algumas. Toda a cidade é agradável, com o seu composto ar burguês, mas o centro histórico é uma pérola. A catedral e todo o perímetro em seu torno constitui um dos cenários urbanos mais interessantes que conheço. Está bem cuidado e tem vários palácios. Muitos edifícios comuns são também interessantes, com as suas galerias de marquises tradicionais. O próprio pavimento é bonito e está adaptado às funções exclusivamente pedestres da maior parte das ruas e praças. Fora deste perímetro a cidade tem muito de interessante, quer em edifícios, quer na ordenação da malha urbana. Há uma zona, Llamaquique, onde existem grandes edifícios modernos de linhas arrojadas, entrecortados por abundantes espaços ajardinados. Numa outra zona, junto à estação, todas as linhas ferroviárias foram soterradas sob uma alameda ladeada por fileiras de edifícios de configuração original. Há ainda um grande parque central, Campo de San Francisco, muito aprazível. O eixo que vai desde Escandalera, junto ao Teatro de Campoamor, até à estação, por Uria, é um catálogo de bom-gosto arquitectónico da primeira metade do século XX. Pena é que nesta última artéria extensas obras perturbassem o cenário. Comércio e serviços não faltam. Desde um centro El Corte Inglés até comuns centros comerciais. Há uma magnífica livraria, Cervantes, como só é comum encontrar em grandes cidades. Além disso, embora não tivesse lá ido, há uma FNAC num centro comercial situado a meio caminho da auto-estrada que liga a Gijón e Avilés. É uma cidade com mais movimento do que a sua dimensão (200.000 habitantes) possa levar a supor, por causa do comércio e das suas funções de capital de uma região com 1.000.000 de habitantes. Com efeito, alberga todas as delegações estatais. Ostenta também reconhecidos elementos da identidade asturiana: a sede da Academia de Língua Asturiana, por exemplo, assim como, num plano distinto, numerosas sidrerías, ou seja, bares especializados em servir essa característica bebida regional.
Esta apreciação decorreu nesse penumbroso fim de dia e, sobretudo, na manhã seguinte, a qual, apesar de cinzenta, parecia anunciar um dia menos chuvoso. Seja como for, desanimado pela inusitada invernia, esta já se me afigurava ser aqui uma fatalidade perene. Assim, tomei a decisão de antecipar o regresso. Desisti, portanto, de ver as duas famosas ermidas pré-românicas da periferia e de visitar Gijón e Avilés. Iria para a Galiza ou Castela. Saí ao meio-dia e resolvi optar, de novo, pela secura castelhana, já que a Galiza também é amiga da chuva.
2 comentários:
hi from Tahitian Noni Blues saw your visit earlier today just say hi. thanks. language should be no barrier on the net.
Edmundo, casi coincidimos en Oviedo, saludos desde Barcelona, un seguidor. Carlos.
http://www.lacoctelera.com/desdebarcelona/post/2006/08/26/los-colores-asturias-3-
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