sexta-feira, agosto 11, 2006

Viagens (41): Norte de Itália / Julho - Agosto de 2001 (3)



Viagem ao Norte de Itália (Julho/Agosto de 2001) 2º Dia (manhã)

O dia começou em esplendor: abrindo as persianas, eis o espectáculo do Lago Maggiore e dos Alpes numa manhã luminosa! Contudo, após um breve passeio pela marginal, impunha-se começar uma jornada de 500 quilómetros rumo a Sul.
Rapidamente se atingiu a auto-estrada que vem de Domodossola, na fronteira com o cantão suíço de Vaud, e vai até à costa lígure, atravessando o Piemonte. Após uma profusão de túneis, chegámos à planície Padana. Passámos à ilharga de Novara, Vercelli e Alessandria. Aqui não pude deixar de evocar a figura do músico Paolo Conte, meu ídolo, que é desta zona.
Foi no Piemonte que se forjou o nascimento da Itália (Rissorgimento). Era uma parte do reino da Sabóia. É curioso, pois, essa entidade não era genuinamente italiana, já que as suas origens estavam em território hoje francês. Na corte e nos ambientes cultos, a língua dominante foi, nos séculos XVII e XVIII, o francês, o qual só a partir do século XIX começou a ceder perante o toscano (italiano). Note-se, porém, que entre o povo, que falava um romance de filiação gálica, o idioma de Dante não era menos estranho que o francês...
Ao entrarmos na Ligúria a auto-estrada embrenha-se nas montanhas. Daqui para diante e por muitos quilómetros o percurso foi feito mais sob túneis do que à superfície. Não imaginava que houvesse auto-estradas com tantos túneis. A Ligúria é uma região litoral e montanhosa. As localidades aparecem implantadas sobre penhascos, com uma característica torre de igreja e um pequeno castelo. Génova, a principal cidade, é populosa e ostenta uma rica tradição comercial e marinheira. Entre várias glórias, basta dizer que foi aqui que mais provavelmente nasceu Cristóvão Colombo. A fisionomia desta cidade é original, pois estende-se por uma longa faixa costeira alcandorada em encostas íngremes. A beira-mar é um porto contínuo – o mais importante da Itália. A auto-estrada passa pelas suas entranhas num percurso intermitente de túneis e fragas escavadas. A cidade foi-se mostrando, assim, em flashes, com zonas residenciais em socalcos. Eram edifícios comuns, mas sujeitos a homogeneidade de cores. Tal como acontece em Espanha, são muitas as varandas que dispõem de toldos iguais (o mesmo padrão cromático para cada prédio) e muitas têm flores.
A seguir tomámos o desvio para Portofino. Entrámos na estância de Rapallo e aí começou um trajecto que reforçou o meu fascínio pelo Mediterrâneo. É uma costa acidentada, revestida de vegetação arbustícia, mas onde a presença humana se distingue pelo bom gosto. Não se avista blocos de apartamentos ou torres de hotéis como os que enxameiam o Algarve e a costa mediterrânea espanhola. Não estamos perante uma área despovoada (bem pelo contrário), o que sucede é que tudo parece ter sido construído entre a Belle Époque e os anos 50. São numerosas as casas apalaçadas e não raras as mansões. A arquitectura é de bom-gosto.
Rapallo é um aperitivo para a estância seguinte, Santa Margherita Ligure. Esta, por sua vez, prepara a entrada para Portofino. As praias, propriamente ditas são acanhadas, com areia grossa ou mesmo só seixos e rochas. Naquele concorrido domingo a estrada estava bordejada por um enxame de “vespas” e motas.
Portofino é um rincão do paraíso. Só há casas de estilo genovês – altas, estreitas e de cores suaves. Nas colinas em redor só se vislumbram vivendas apalaçadas. O porto alberga iates de luxo. Não admira que os estilistas milaneses venham para aqui fazer os seus desfiles… É um cenário de anúncio Martini. O tema Love in Portofino, seja no original de Johnnny Dorelli ou na versão de Dalida, ainda traduz bem a atmosfera do lugar. Também podem ser convocados clássicos de temática estival como Sapore di Sale ou Estate

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