Valladolid
A capital de Castilla y León é uma cidade desconcertante. Alberga um punhado de jóias monumentais, mas a sua estrutura urbana não valoriza esse património. Assim, ao contrário de Burgos ou León, e, muito menos, de Salamanca, cresceu de costas voltadas para a sua história. E cresceu demais. Infelizmente, em Espanha, há muitos exemplos análogos, mas o que aconteceu com Santa María de la Antigua, em pleno centro de Valladolid, é inaudito. A igreja possui uma esbelta torre. Diz-se que é a mais bela torre de Castela. Pois sucede que se encontra rodeada por grandes prédios, construídos nos anos 50 e 60, o que além de lhe roubar espaço de presença, diminui a percepção da sua torre. Felizmente que, junto à ampla Plaza de San Pablo, quer a famosa igreja do mesmo nome, quer o Colegio de San Gregorio (onde está instalado o Museo Nacional de Escultura), com belas fachadas, tiveram melhor sorte com o enquadramento. Curiosamente, ambas estavam a ser alvo de trabalhos de conservação e havia tapumes artísticos e imaginativos que minimizavam os seus efeitos.
A Plaza Mayor está longe de poder ombrear com outras mais conhecidas, mas é, sob o ponto de vista de funcionalidade urbana, um exemplo perfeito do que é uma plaza mayor castelhana. É o centro efectivo da urbe. Com os edifícios todos pintados com a mesma côr ocre (anteriormente era apenas a do Ayuntamiento), tem harmonia e carácter. A limitação quase total do tráfico automóvel reforçou o seu protagonismo. Aí vão ter várias artérias comerciais, quase todas exclusivamente pedonais, com um carácter bem espanhol. O mesmo carácter se pode aplicar a esse "passeio público" que é o Paseo de Zorrilla, cujo início está junto do parque do mesmo nome. Meia cidade sai a passear e a fazer compras ao fim da tarde e uma boa parte converge para o eixo que começa na Plaza Mayor, vai pela pedonal Santiago e desagua no referido Paseo. Ou seja, o eixo que vai da Plaza Mayor até ao maior centro do El Corte Inglés da cidade. Há muitos edifícios modernos de grande porte por todo lado e o mal, é que, mesmo o centro histórico está, como já referi, pejado deles. O problema não é que sejam edifícios feios - a maioria tem um aspecto digno, ainda que algo banal, num modelo mais ou menos comum à maioria das cidades espanholas; o problema é que descaracterizaram o centro histórico. Além disso, os edifícios mais imponentes não têm tanto interesse como é costume suceder nas maiores cidades espanholas. Só um ou outro banco assinalam a existência de uma meia dúzia de grandes edifícios interessantes.
O Rio Pisuerga, que uma dúzia de quilómetros mais abaixo desagua no Douro, passa discreto. Efectivamente, não são muitos os espaços ajardinados nas suas margens que o valorizem. A periferia é desinteressante. A avassaladora construção civil semeou bairros e mais bairros em monótona sucessão, que nem as simpáticas vivendas geminadas em série (adosadas) conseguem quebrar. Na verdade, são cerca de 350.000 habitantes e esta foi a cidade que mais rapidamente cresceu em Castilla y León... Enfim, um certo desenvolvimentismo ignorou os vestígios históricos da antiga capital do império (antes de Madrid).
Fiquei num hotel a 10 Km do centro, em Arroyo de la Encomienda - AC Hotel Palacio de Santa Ana). Magnífico! Está instalado num velho convento, que desta forma foi recuperado com dignidade. Pena é que, se do lado do rio o enquadramento está à altura, do lado contrário vigora o império do cimento e um mar de gruas atesta os avanços da construção civil num processo que já ameaça devorar a vizinha localidade de Simancas. Já agora, termino por referir que é, precisamente no castelo de Simancas que está grande parte do Arquivo Histórico de Espanha (Archivo General de Simancas).
A Plaza Mayor está longe de poder ombrear com outras mais conhecidas, mas é, sob o ponto de vista de funcionalidade urbana, um exemplo perfeito do que é uma plaza mayor castelhana. É o centro efectivo da urbe. Com os edifícios todos pintados com a mesma côr ocre (anteriormente era apenas a do Ayuntamiento), tem harmonia e carácter. A limitação quase total do tráfico automóvel reforçou o seu protagonismo. Aí vão ter várias artérias comerciais, quase todas exclusivamente pedonais, com um carácter bem espanhol. O mesmo carácter se pode aplicar a esse "passeio público" que é o Paseo de Zorrilla, cujo início está junto do parque do mesmo nome. Meia cidade sai a passear e a fazer compras ao fim da tarde e uma boa parte converge para o eixo que começa na Plaza Mayor, vai pela pedonal Santiago e desagua no referido Paseo. Ou seja, o eixo que vai da Plaza Mayor até ao maior centro do El Corte Inglés da cidade. Há muitos edifícios modernos de grande porte por todo lado e o mal, é que, mesmo o centro histórico está, como já referi, pejado deles. O problema não é que sejam edifícios feios - a maioria tem um aspecto digno, ainda que algo banal, num modelo mais ou menos comum à maioria das cidades espanholas; o problema é que descaracterizaram o centro histórico. Além disso, os edifícios mais imponentes não têm tanto interesse como é costume suceder nas maiores cidades espanholas. Só um ou outro banco assinalam a existência de uma meia dúzia de grandes edifícios interessantes.
O Rio Pisuerga, que uma dúzia de quilómetros mais abaixo desagua no Douro, passa discreto. Efectivamente, não são muitos os espaços ajardinados nas suas margens que o valorizem. A periferia é desinteressante. A avassaladora construção civil semeou bairros e mais bairros em monótona sucessão, que nem as simpáticas vivendas geminadas em série (adosadas) conseguem quebrar. Na verdade, são cerca de 350.000 habitantes e esta foi a cidade que mais rapidamente cresceu em Castilla y León... Enfim, um certo desenvolvimentismo ignorou os vestígios históricos da antiga capital do império (antes de Madrid).
Fiquei num hotel a 10 Km do centro, em Arroyo de la Encomienda - AC Hotel Palacio de Santa Ana). Magnífico! Está instalado num velho convento, que desta forma foi recuperado com dignidade. Pena é que, se do lado do rio o enquadramento está à altura, do lado contrário vigora o império do cimento e um mar de gruas atesta os avanços da construção civil num processo que já ameaça devorar a vizinha localidade de Simancas. Já agora, termino por referir que é, precisamente no castelo de Simancas que está grande parte do Arquivo Histórico de Espanha (Archivo General de Simancas).
2 comentários:
Mesmo não cumprindo o planeado, bela viagem! Gosto de Valladolid.Terra onde morreu Cristóvão Colombo. Estive lá umas horas, em 1989, vinda de Salamanca, a caminho de Burgos com destino a San Sebastian.Impossível não gostar da Catedral.Mais discutível será, talvez, o meu grande fascínio, pelas "Plaza Mayor" de toda a Espanha. A de Valladolid não foi excepção.
tc
El Archivo de Salamanca, tan "jodido" como las relaciones de España con Israel.......
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