1º Dia (manhã)
A viagem até Milão fazia escala em Madrid. Na sala de embarque, um exótico exemplar encheu a hora de espera. Mulher enorme, possuída por contumaz verborreia e insolitamente enciclopédica no que a matérias futebolísticas dizia respeito, em particular as referentes ao Sporting. O facto dos seus interlocutores (o marido e o filho adolescente) lhe corresponderem apenas com contida sinalética (esgares e grunhidos ténues), não a dissuadiu do exercício, que se traduzia, por exemplo, em manifestar conhecimentos tão inverosímeis como os resultados das mais ignoradas partidas da Copa América. Tudo isto era feito num tom que chocava estridentemente na sonolência das oito da manhã. Felizmente a verborreia desvaneceu-se logo que foi iniciado o embarque.
Como o céu estava limpo e ia junto a uma janela, lá fui identificando uma após outra as localidades avistadas. Mal dei por mim, estávamos em Barajas, que é enorme – uma babilónia quase com as proporções de Charles de Gaulle, mas sem linhas futuristas. Os anúncios pelo sistema sonoro, lembravam-nos que estávamos em Espanha, quer pelo escorreito castelhano (que, aliás, tão pouco se vai ouvindo no dia a dia espanhol), quer por aquela pronúncia inglesa que só os espanhóis têm. Na verdade falam inglês, submetendo-o com tranquilo desplante ao sotaque castelhano...
No avião que nos levaria a Milão, metade da população era espanhola, metade era italiana, o que se constatava através dos que retiravam da bandeja o El País ou o Corriere della Sera. Continuei a ter a sorte de ir à beira da janela e do céu estar limpo. Vi a imensidade das terras áridas de Teruel até aos limites do Maestrat, na confluência com a Catalunha. Depois, avistei Amposta, o delta do Ebro e daí para diante mar. Imaginei que, como a rota seguia paralela à costa, quem estava junto às janelas do outro lado, teria o privilégio de ver Barcelona…
Depois dos Alpes, a Itália chegou aos meus olhos com os campos da Lombardia, que estendiam-se planos e verdejantes, arrumados geometricamente. Múltiplos povoados concentrados surgiam desse verde. O nítido curso do Pó permitiu-me identificar Piacenza. Aterrámos em Malpenza, um dos dois aeroportos que servem Milão. Fica a, nem mais nem menos, 60 km da cidade!
Já tinha planeado o percurso da viagem. Fizera marcações on-line não só para os hotéis como para o aluguer de automóvel. A primeira coisa a fazer era procurar a Hertz.
O moderno aeroporto faz jus aos méritos do design italiano. Os tons verdes e a visível qualidade dos materiais dão o mote a um estilo sóbrio. É nestes aspectos que a sensibilidade italiana sobressai... Há, como o resto da viagem haveria de confirmar, um natural bom gosto nos cenários comuns da vida quotidiana.
No escritório da Hertz tive a precisa noção de que tinha acabado de entrar no domínio da mais bela das línguas. O meu primeiro diálogo, contudo, processou-se através de um inglês elementar. O carro que nos estava destinado era.... um Ford Ka, aquele ínfimo ovinho!
Como o céu estava limpo e ia junto a uma janela, lá fui identificando uma após outra as localidades avistadas. Mal dei por mim, estávamos em Barajas, que é enorme – uma babilónia quase com as proporções de Charles de Gaulle, mas sem linhas futuristas. Os anúncios pelo sistema sonoro, lembravam-nos que estávamos em Espanha, quer pelo escorreito castelhano (que, aliás, tão pouco se vai ouvindo no dia a dia espanhol), quer por aquela pronúncia inglesa que só os espanhóis têm. Na verdade falam inglês, submetendo-o com tranquilo desplante ao sotaque castelhano...
No avião que nos levaria a Milão, metade da população era espanhola, metade era italiana, o que se constatava através dos que retiravam da bandeja o El País ou o Corriere della Sera. Continuei a ter a sorte de ir à beira da janela e do céu estar limpo. Vi a imensidade das terras áridas de Teruel até aos limites do Maestrat, na confluência com a Catalunha. Depois, avistei Amposta, o delta do Ebro e daí para diante mar. Imaginei que, como a rota seguia paralela à costa, quem estava junto às janelas do outro lado, teria o privilégio de ver Barcelona…
Depois dos Alpes, a Itália chegou aos meus olhos com os campos da Lombardia, que estendiam-se planos e verdejantes, arrumados geometricamente. Múltiplos povoados concentrados surgiam desse verde. O nítido curso do Pó permitiu-me identificar Piacenza. Aterrámos em Malpenza, um dos dois aeroportos que servem Milão. Fica a, nem mais nem menos, 60 km da cidade!
Já tinha planeado o percurso da viagem. Fizera marcações on-line não só para os hotéis como para o aluguer de automóvel. A primeira coisa a fazer era procurar a Hertz.
O moderno aeroporto faz jus aos méritos do design italiano. Os tons verdes e a visível qualidade dos materiais dão o mote a um estilo sóbrio. É nestes aspectos que a sensibilidade italiana sobressai... Há, como o resto da viagem haveria de confirmar, um natural bom gosto nos cenários comuns da vida quotidiana.
No escritório da Hertz tive a precisa noção de que tinha acabado de entrar no domínio da mais bela das línguas. O meu primeiro diálogo, contudo, processou-se através de um inglês elementar. O carro que nos estava destinado era.... um Ford Ka, aquele ínfimo ovinho!
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