Nos finais dos anos 80 irrompeu uma novidade: o Zouk. Não foi a única novidade afro a alcançar notoriedade. Por essa altura também o Soukous, congolês, chegou à Europa, do mesmo modo que a música do maliano Salif Keita ou do senegalês Youssou N'Dour. Foram os primeiros tempos do que se designou World Music, que assentou muito nestas descobertas africanas. Contudo, nesta vaga, foi o Zouk que alcançou mais impacto. Libertou-se dos limites da World Music e alcançou sucesso comercial. Foi um fenómeno cujo epicentro esteve em França, mas, cuja origem está nas Antilhas, concretamente em Martinique e Guadeloupe - departamentos franceses do Ultramar. Essa parte adjacente das Américas, povoada por descendentes de escravos, é, em muitos aspectos, onde se pode encontrar alguma da mais criativa africanidade...
O Zouk desenvolveu-se à custa do grupo Kassav', de tal modo que o início da história do género se confunde com o grupo. Os seus primeiros álbuns, gravados ainda nas Antilhas, não estão contaminados pela técnica que converteu o género numa bomba de alta potência para as pistas de dança. Neste álbum temos uma boa parte da trupe que foi constituindo os Kassav' (o grupo foi sempre numeroso e conheceu muitas alterações na sua composição). É uma antologia de gravações efectuadas em espectáculos realizados em França, sob a batuta do produtor Didier Lozahic. Participam Georges Decimus; Jocelyne Bérorad; Fréderic Caracas; Jacob Desvarieux; Jean-Philippe Marthély; Ronald Rubinel... Há um ambiente explosivo que reflecte bem como o Zouk é um género dançável por excelência, formatado de acordo com os gostos da juventude afro-europeia. Não por acaso, transformou-se instantaneamente em sonoridade da moda entre as comunidades de jovens africanos dos subúrbios de grandes cidades europeias (Lisboa, inclusive). Aqui temos três temas que podem ser tomados como exemplo de ritmo ultra-frenético: Balancé; Mwn Malad Aw; Zouk lá cé sel Medicament nou ni (o idioma mais comum no zouk é o criolo francês da Martinique e Guadeloupe). Contudo, o tema mais notável é um que, sem deixar de ter algum desse ritmo, se desenvolve num plano mais melódico - L'Amour Reciproque, de Ronald Rubinel. Por esta amostra apercebemo-nos que os finais dos anos 80 foram mesmo os tempos de esplendor (curto, mas intenso) do Zouk. Em breve, o género foi perdendo frescura e originalidade.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10O Zouk desenvolveu-se à custa do grupo Kassav', de tal modo que o início da história do género se confunde com o grupo. Os seus primeiros álbuns, gravados ainda nas Antilhas, não estão contaminados pela técnica que converteu o género numa bomba de alta potência para as pistas de dança. Neste álbum temos uma boa parte da trupe que foi constituindo os Kassav' (o grupo foi sempre numeroso e conheceu muitas alterações na sua composição). É uma antologia de gravações efectuadas em espectáculos realizados em França, sob a batuta do produtor Didier Lozahic. Participam Georges Decimus; Jocelyne Bérorad; Fréderic Caracas; Jacob Desvarieux; Jean-Philippe Marthély; Ronald Rubinel... Há um ambiente explosivo que reflecte bem como o Zouk é um género dançável por excelência, formatado de acordo com os gostos da juventude afro-europeia. Não por acaso, transformou-se instantaneamente em sonoridade da moda entre as comunidades de jovens africanos dos subúrbios de grandes cidades europeias (Lisboa, inclusive). Aqui temos três temas que podem ser tomados como exemplo de ritmo ultra-frenético: Balancé; Mwn Malad Aw; Zouk lá cé sel Medicament nou ni (o idioma mais comum no zouk é o criolo francês da Martinique e Guadeloupe). Contudo, o tema mais notável é um que, sem deixar de ter algum desse ritmo, se desenvolve num plano mais melódico - L'Amour Reciproque, de Ronald Rubinel. Por esta amostra apercebemo-nos que os finais dos anos 80 foram mesmo os tempos de esplendor (curto, mas intenso) do Zouk. Em breve, o género foi perdendo frescura e originalidade.
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1 comentário:
As minhas desculpas aos habitantes de Martinique, mas a minha ignorância quanto à sua terra é grande. Com efeito, apenas conheço (à distância) as suas belas paisagens e dela me recordo em associação com um episódio caricato que teve lugar nos anos 80 com Jean-Marie le Pen. Pois o "bom" do Jean-Marie, de visita a Martinique, viu-se confrontado à chegada, com uma manifestação de protesto. Como "os mimos" se prolongaram durante mais de uma hora, a personagem passou, também dentro do avião, a ser alvo de revolta, por parte dos restantes passageiros, impedidos, igualmente, de descer. Segundo a notícia da época, a coisa esteve muito complicada, ao ponto de Jean-Marie não saber qual a melhor opção, já que era duplamente contestado...
TC
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