terça-feira, fevereiro 15, 2005

Viagens (15): Picos de Europa / 2001 (8)

4º Dia – 7 de Abril (Sábado)(manhã)

Comecei o dia com o propósito de concretizar a subida aos Lagos de Covadonga. O céu deixava entrever aguaceiros, assim que, decidi aproveitar uma aberta com tímidos raios de sol. Na véspera comprara um CD do grupo asturiano Llan de Cubel e foi o que utilizei como “banda sonora” para o empreendimento. Confirmei que a subida era mais do que uma simples subida, era uma escalada por uma estrada íngreme, sinuosa e estreita, bordejando precipícios. Já tinha visto na TV chegadas de ciclistas aos Lagos de Covadonga (um clássico da Vuelta) e não tinha ideia que a coisa fosse assim tão... radical. Parecia impossível como um denso pelotão, mais carros de apoio e restante comitiva, fosse capaz de subir por ali acima.
No final, junto aos lagos, havia um frio tremendo. Foi, certamente, por um triz que não chegou a nevar, mas viam-se mantos de neve recente. A paisagem era, de facto, muito bonita, mas depois do visto nos dias anteriores, não impressionou tanto quanto poderia ter impressionado, se o contacto com os Picos de Europa tivesse começado por aqui. Na descida vi melhor o exterior do Mosteiro de Covadonga, o qual nada tem de especial com o seu romântico neo-gótico. Mais interessante pareceu ser a gruta, onde Pelayo teria tido a visão de Nossa Senhora. Em todo o caso, a mitologia de Covadonga não me sensibilizava – tresanda a franquismo... Muito mais sensível era à evocação do contexto histórico da constituição das Astúrias como reduto cristão independente e sua continuidade em relação ao tempo dos godos. Em relação a isto, a paisagem era, de facto, evocativa.
Segui rumo a Gijón, mas não por um promissor percurso costeiro que tinha seleccionado, pois em Arriondas enganei-me na estrada. Mas, como, entretanto, os aguaceiros deram lugar a chuva pegada e intensa, o meu ânimo não estava disposto a emendar imediatamente o erro. Assim só atingi o caminho pretendido em Villaviciosa – “capital” da sidra. Entre várias sidrerías avistadas, consegui distinguir a famosa El Gaitero. Contudo, da Ria de Villaviciosa quase nada entrevi por entre a bruma chuvosa.
Foi já debaixo de temporal que passei a placa anunciando Gijón / Xixón (assim mesmo, bilingue). Estava na maior cidade asturiana. Logo de entrada, vi o Estádio El Molinón, ou não estivesse numa das mais históricas canteras do futebol espanhol! Apesar do Real Sporting Gijón estar na 2ª divisão, continua a ser um clube respeitado, com solera. Tantos nomes sonantes saíram dos seus campos de treino de Mareo - Luís Enrique, Abelardo, Quini... Em boa verdade, para além da marginal junto à praia, nada de especialmente encantador detectei. É uma cidade industrial e esse facto é visível, mesmo sem sair do carro, sem parar, sob chuva incessante, como foi, desgraçadamente, o caso. Nestas condições, nada visíveis, naturalmente, foram as marcas de um passado operário que tornou Gijón um dos centros históricos do socialismo espanhol. Mal dei por mim estava no outro lado da cidade, à entrada da autopista e aproveitei a involuntária sugestão da placa para rumar a Oviedo, talvez mais na inconsciente necessidade de me ver livre da chuva, como se esta pairasse eternamente sobre a costa asturiana…

1 comentário:

Anónimo disse...

El hermano de Quini, portero que fue del Sporting de Gijón, falleció ahogado tras intentar rescatar a una niña en apuros en una playa. Descanse en paz.