sexta-feira, novembro 14, 2008

Tiro ao alvo (21)

A guerra dos professores (II)
É espantoso o consenso entre os professores. Por muitas razões - umas boas, outras más - velhos ou novos, do quadro ou contratados, estão quase todos em pé de guerra. Isto só diz da ainda mais espantosa incapacidade do Ministério em fazer aliados entre os professores. Mandava a prudência que se procurasse aliados - seria inteligente. Nem seria, sequer, difícil. É claro que tal pressupunha alguma capacidade de diálogo e flexibilidade, mas, optou-se sempre pelo extremismo. Na hora da verdade, o Ministério só contará com os conselhos executivos. Entretanto fomentou uma guerra absurda. Basta reflectir sobre isto: que política educativa se pode sustentar em professores menorizados e desautorizados? Dizem que este sistema de avaliação os credibilizará. Como pode ser isso feito por um faz-de-conta burocrático destinado a medrar no pântano da promiscuidade inter pares e inspirado em escolástica tecnocrática?
O que é mais provável que suceda? Que os professores sejam chamados a introduzir numa aplicação informática os seus objectivos individuais até uma data-limite. Quem não o fizer será avisado que ficará fora da lei. Cada um, evidentemente, sentir-se-á tentado a fazê-lo na privacidade, ruminando muitas possibilidades desagradáveis para si, se não obedecer. Algumas delas estarão sempre garantidas: aqueles poucos que seguramente obedecerão, passarão à frente, com implicações directas na graduação. Na melhor das hipóteses, o Ministério anunciará que este ano não haverá consequências para os desobedientes; insistirá na tecla da simplificação. Mas, na hora H cada um ficará com uma decisão estritamente pessoal nas mãos. E o processo formalmente avançará sempre, nem que seja com 1% de avaliados (mas serão sempre, em qualquer circunstância, bem mais...).

1 comentário:

Anónimo disse...

Como pessoa de esquerda, e sem querer atear ainda mais a fogueira, lamento ter de escrever o seguinte:não estou certa de que a maioria dos professores queiram ser avaliados! Quando começou todo este processo, recordo-me que a reacção inicial foi a de recusar imediatamente a avaliação. Para quem, como eu, tem avaliação do desempenho não entendo porque outros profissionais não o tenham. É claro que os modelos têm de ser adequados e nisso - mas só nisso -, eu concordo com as queixas!


tc