sexta-feira, agosto 18, 2006

Viagens (42): Valladolid, Oviedo e Zamora / 2006 (4)

Oviedo
Já tinha estado em Oviedo, de passagem, em Abril de 2000. Na altura, fiquei com uma excelente impressão da cidade, como, de resto, de toda Astúrias. Pena foi, então, que a meteorologia não tivesse ajudado. Fiquei com a firme intenção de voltar, mas em pleno Verão.
Vindo de Valladolid, atravessei Tierra de Campos, rumo a Norte, passando à ilharga de León. O calor amainara muito desde o dia anterior, de modo que a viagem prometia, tanto mais que o céu, se bem que já não inteiramente limpo, permanecia pouco nublado. Pareciam, assim, reunidas as condições ideais para viajar. É certo que ao aproximar-me da Cordilheira Cantábrica ficou mais nublado, mas nada deixava prever o que se seguiria. Efectivamente, depois do longo túnel de Caldas de Luna, que culmina uma série de túneis num troço de cerca de 20 Km de alta montanha, desaguei, num outro universo meteorológico. Um série de alarmes luminosos na parte final do túnel indicava o eminente perigo de nevoeiro cerrado e a necessidade de manter uma velocidade constante de 80 Km, nem mais, nem menos. Ao sair deparei-me com as mais difíceis condições de conduzir em auto-estrada: sem ver nada, em pleno nevoeiro cerradíssimo sob chuva torrencial. O termómetro do carro passara de 24º, antes dos túneis, para 16º. Era meio-dia e parecia noite. Afinquei-me à rectaguarda de um camião TIR para, através do correspondente vulto, ter um referente visual que me orientasse entre o espesso nevoeiro. Se a isto se acrescentar o pavimento escorregadio e as
acentuadas inclinações descendentes por curvas e contracurvas, temos o quadro de emoções fortes que me acolheu na verde Astúrias... Foi assim quase até Mieres. Aí o nevoeiro cerrado desapareceu, mas a chuva não. Entrei em Oviedo sob chuva torrencial e dei facilmente com o hotel que era o edifício mais alto da cidade e estava localizado praticamente em cima da estação de caminho-de-ferro. Depois, tratei de estacionar o carro e refugiar-me no conforto do hotel. Os atavios de verão eram um absurdo na intempérie, mas não tinha nada previsto para um cenário assim. Ficar no hotel era a única alternativa. Ironicamente, ao ligar a TV deparei-me com insólitas imagens de uma vaga de calor pelo centro da Europa... Uma vez mais, Astúrias caprichava em demonstrar de forma eloquente a razão pela qual é tão verde... Eram 7 da tarde quando finalmente a chuva parou e saí. O crepúsculo de um dia tão cinzento não era promissor para tirar fotos. Mesmo assim tirei algumas. Toda a cidade é agradável, com o seu composto ar burguês, mas o centro histórico é uma pérola. A catedral e todo o perímetro em seu torno constitui um dos cenários urbanos mais interessantes que conheço. Está bem cuidado e tem vários palácios. Muitos edifícios comuns são também interessantes, com as suas galerias de marquises tradicionais. O próprio pavimento é bonito e está adaptado às funções exclusivamente pedestres da maior parte das ruas e praças. Fora deste perímetro a cidade tem muito de interessante, quer em edifícios, quer na ordenação da malha urbana. Há uma zona, Llamaquique, onde existem grandes edifícios modernos de linhas arrojadas, entrecortados por abundantes espaços ajardinados. Numa outra zona, junto à estação, todas as linhas ferroviárias foram soterradas sob uma alameda ladeada por fileiras de edifícios de configuração original. Há ainda um grande parque central, Campo de San Francisco, muito aprazível. O eixo que vai desde Escandalera, junto ao Teatro de Campoamor, até à estação, por Uria, é um catálogo de bom-gosto arquitectónico da primeira metade do século XX. Pena é que nesta última artéria extensas obras perturbassem o cenário. Comércio e serviços não faltam. Desde um centro El Corte Inglés até comuns centros comerciais. Há uma magnífica livraria, Cervantes, como só é comum encontrar em grandes cidades. Além disso, embora não tivesse lá ido, há uma FNAC num centro comercial situado a meio caminho da auto-estrada que liga a Gijón e Avilés. É uma cidade com mais movimento do que a sua dimensão (200.000 habitantes) possa levar a supor, por causa do comércio e das suas funções de capital de uma região com 1.000.000 de habitantes. Com efeito, alberga todas as delegações estatais. Ostenta também reconhecidos elementos da identidade asturiana: a sede da Academia de Língua Asturiana, por exemplo, assim como, num plano distinto, numerosas sidrerías, ou seja, bares especializados em servir essa característica bebida regional.
Esta apreciação decorreu nesse penumbroso fim de dia e, sobretudo, na manhã seguinte, a qual, apesar de cinzenta, parecia anunciar um dia menos chuvoso. Seja como for, desanimado pela inusitada invernia, esta já se me afigurava ser aqui uma fatalidade perene. Assim, tomei a decisão de antecipar o regresso. Desisti, portanto, de ver as duas famosas ermidas pré-românicas da periferia e de visitar Gijón e Avilés. Iria para a Galiza ou Castela. Saí ao meio-dia e resolvi optar, de novo, pela secura castelhana, já que a Galiza também é amiga da chuva.


quinta-feira, agosto 17, 2006

Dancing Days (14)

Peaches & Herb - Shake Your Groove Thing (1978)

Dancing Days (13)

Ryan Paris - Dolce Vita (1983)
Este tema foi uma das pontas de lança do Italo-Disc. Foi composto e produzido por Pierluigi Giombini e interpretado por Ryan Paris, cujo verdadeiro nome é Fabio Roscioli. Este, aliás, bem se pode considerar o exemplo perfeito de um artista de um único hit... mas que hit! Foi um tremendo êxito, sobretudo em Espanha, Alemanha, França e depois por quase toda a Europa, com algumas excepções. Com efeito, curiosamente, em Itália passou pouco menos que despercebido. Em Portugal nunca existiu, sequer... Quanto à Grã-Bretanha, escusado será dizer que permaneceu imune a assaltos continentais. Mas o EP vendeu mais de 5 milhões de exemplares! Ryan Paris acabou por se radicar na Alemanha, como, aliás, ocorreu com Francesco Napoli, que apresenta também um percurso similar.
O vidioclip é bastante primitivo e a qualidade do som... ruim até dizer chega. Eu, porém, adoro este tema e encontrá-lo assim, mais que um mero exercício de nostalgia, é como que um troféu.
Ryan Paris / Dolce Vita

Mariachi y tequila (32)

José Alfredo Jiménez - El rey (1973)

Mariachi y tequila (31)

Vicente Fernández / Roberto Carlos - Aunque mal paguen ellas (1989)

Mariachi y tequila (30)

Vicente Fernández - Me voy a quitar de enmedio

Mariachi y tequila (29)

Vicente Fernández - El Corrido de los Pérez in Vicente Fernández y sus corridos consentidos (2005)
Não se pode chamar a isto propriamente um videoclip. É algo amador, mas feito com imaginação e, sobretudo, é um curioso esforço para ilustrar a trama narrativa dos corridos. A poderosa voz de Don Chente e o rico imaginário ranchero são uma excelente base de apoio...

quarta-feira, agosto 16, 2006

Mariachi y tequila (28)

Paquita la del Barrio - Hombres malvados

Mariachi y tequila (27)

Paquita la del Barrio - Rata de dos patas
E nesta maré alta de YouTube a coisa teria rapidamente de chegar a... Paquita la del Barrio!

terça-feira, agosto 15, 2006

Rompecorazones (9)

Daniela Romo - Celos (1983)

Continuando com a bela Daniela, eis ainda do primeiro LP o videoclip de Celos, com a curiosidade de contar com a participação de Miguel Bosè. Eis também um link para Mentiras, do mesmo álbum.

Rompecorazones (8)

Daniela Romo - Pobre Secretaria (1983)

Finalmente, ao fim de tantos anos, tenho a oportunidade de ver videoclips da belíssima mexicana Daniela Romo! E comecei logo com este delicioso tema de Miguel Bosè que está incluído no seu primeiro álbum (Ah! Ah! Tenho os seus dois primeiros LPs, que são valioso material de coleccionador...). Em devido tempo assobiei e trauteei compulsivamente esta musiquinha... E já agora, seguem três links: um para Amor Prohibido; outro para o famoso Yo no te pido la Luna (o tema original é italiano, Non voglio mica la luna e foi cantado por Fiordaliso); outro ainda para o sítio argentino de onde é originário este material - daniela-romo.com.ar.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Viagens (41): Norte de Itália / Julho - Agosto de 2001 (3)



Viagem ao Norte de Itália (Julho/Agosto de 2001) 2º Dia (manhã)

O dia começou em esplendor: abrindo as persianas, eis o espectáculo do Lago Maggiore e dos Alpes numa manhã luminosa! Contudo, após um breve passeio pela marginal, impunha-se começar uma jornada de 500 quilómetros rumo a Sul.
Rapidamente se atingiu a auto-estrada que vem de Domodossola, na fronteira com o cantão suíço de Vaud, e vai até à costa lígure, atravessando o Piemonte. Após uma profusão de túneis, chegámos à planície Padana. Passámos à ilharga de Novara, Vercelli e Alessandria. Aqui não pude deixar de evocar a figura do músico Paolo Conte, meu ídolo, que é desta zona.
Foi no Piemonte que se forjou o nascimento da Itália (Rissorgimento). Era uma parte do reino da Sabóia. É curioso, pois, essa entidade não era genuinamente italiana, já que as suas origens estavam em território hoje francês. Na corte e nos ambientes cultos, a língua dominante foi, nos séculos XVII e XVIII, o francês, o qual só a partir do século XIX começou a ceder perante o toscano (italiano). Note-se, porém, que entre o povo, que falava um romance de filiação gálica, o idioma de Dante não era menos estranho que o francês...
Ao entrarmos na Ligúria a auto-estrada embrenha-se nas montanhas. Daqui para diante e por muitos quilómetros o percurso foi feito mais sob túneis do que à superfície. Não imaginava que houvesse auto-estradas com tantos túneis. A Ligúria é uma região litoral e montanhosa. As localidades aparecem implantadas sobre penhascos, com uma característica torre de igreja e um pequeno castelo. Génova, a principal cidade, é populosa e ostenta uma rica tradição comercial e marinheira. Entre várias glórias, basta dizer que foi aqui que mais provavelmente nasceu Cristóvão Colombo. A fisionomia desta cidade é original, pois estende-se por uma longa faixa costeira alcandorada em encostas íngremes. A beira-mar é um porto contínuo – o mais importante da Itália. A auto-estrada passa pelas suas entranhas num percurso intermitente de túneis e fragas escavadas. A cidade foi-se mostrando, assim, em flashes, com zonas residenciais em socalcos. Eram edifícios comuns, mas sujeitos a homogeneidade de cores. Tal como acontece em Espanha, são muitas as varandas que dispõem de toldos iguais (o mesmo padrão cromático para cada prédio) e muitas têm flores.
A seguir tomámos o desvio para Portofino. Entrámos na estância de Rapallo e aí começou um trajecto que reforçou o meu fascínio pelo Mediterrâneo. É uma costa acidentada, revestida de vegetação arbustícia, mas onde a presença humana se distingue pelo bom gosto. Não se avista blocos de apartamentos ou torres de hotéis como os que enxameiam o Algarve e a costa mediterrânea espanhola. Não estamos perante uma área despovoada (bem pelo contrário), o que sucede é que tudo parece ter sido construído entre a Belle Époque e os anos 50. São numerosas as casas apalaçadas e não raras as mansões. A arquitectura é de bom-gosto.
Rapallo é um aperitivo para a estância seguinte, Santa Margherita Ligure. Esta, por sua vez, prepara a entrada para Portofino. As praias, propriamente ditas são acanhadas, com areia grossa ou mesmo só seixos e rochas. Naquele concorrido domingo a estrada estava bordejada por um enxame de “vespas” e motas.
Portofino é um rincão do paraíso. Só há casas de estilo genovês – altas, estreitas e de cores suaves. Nas colinas em redor só se vislumbram vivendas apalaçadas. O porto alberga iates de luxo. Não admira que os estilistas milaneses venham para aqui fazer os seus desfiles… É um cenário de anúncio Martini. O tema Love in Portofino, seja no original de Johnnny Dorelli ou na versão de Dalida, ainda traduz bem a atmosfera do lugar. Também podem ser convocados clássicos de temática estival como Sapore di Sale ou Estate

quarta-feira, agosto 09, 2006

Viagens (40): Valladolid, Oviedo e Zamora / 2006 (3)







Valladolid
A capital de Castilla y León é uma cidade desconcertante. Alberga um punhado de jóias monumentais, mas a sua estrutura urbana não valoriza esse património. Assim, ao contrário de Burgos ou León, e, muito menos, de Salamanca, cresceu de costas voltadas para a sua história. E cresceu demais. Infelizmente, em Espanha, há muitos exemplos análogos, mas o que aconteceu com Santa María de la Antigua, em pleno centro de Valladolid, é inaudito. A igreja possui uma esbelta torre. Diz-se que é a mais bela torre de Castela. Pois sucede que se encontra rodeada por grandes prédios, construídos nos anos 50 e 60, o que além de lhe roubar espaço de presença, diminui a percepção da sua torre. Felizmente que, junto à ampla Plaza de San Pablo, quer a famosa igreja do mesmo nome, quer o Colegio de San Gregorio (onde está instalado o Museo Nacional de Escultura), com belas fachadas, tiveram melhor sorte com o enquadramento. Curiosamente, ambas estavam a ser alvo de trabalhos de conservação e havia tapumes artísticos e imaginativos que minimizavam os seus efeitos.
A
Plaza Mayor está longe de poder ombrear com outras mais conhecidas, mas é, sob o ponto de vista de funcionalidade urbana, um exemplo perfeito do que é uma plaza mayor castelhana. É o centro efectivo da urbe. Com os edifícios todos pintados com a mesma côr ocre (anteriormente era apenas a do Ayuntamiento), tem harmonia e carácter. A limitação quase total do tráfico automóvel reforçou o seu protagonismo. Aí vão ter várias artérias comerciais, quase todas exclusivamente pedonais, com um carácter bem espanhol. O mesmo carácter se pode aplicar a esse "passeio público" que é o Paseo de Zorrilla, cujo início está junto do parque do mesmo nome. Meia cidade sai a passear e a fazer compras ao fim da tarde e uma boa parte converge para o eixo que começa na Plaza Mayor, vai pela pedonal Santiago e desagua no referido Paseo. Ou seja, o eixo que vai da Plaza Mayor até ao maior centro do El Corte Inglés da cidade. Há muitos edifícios modernos de grande porte por todo lado e o mal, é que, mesmo o centro histórico está, como já referi, pejado deles. O problema não é que sejam edifícios feios - a maioria tem um aspecto digno, ainda que algo banal, num modelo mais ou menos comum à maioria das cidades espanholas; o problema é que descaracterizaram o centro histórico. Além disso, os edifícios mais imponentes não têm tanto interesse como é costume suceder nas maiores cidades espanholas. Só um ou outro banco assinalam a existência de uma meia dúzia de grandes edifícios interessantes.
O Rio Pisuerga, que uma dúzia de quilómetros mais abaixo desagua no Douro, passa discreto. Efectivamente, não são muitos os espaços ajardinados nas suas margens que o valorizem. A periferia é desinteressante. A avassaladora construção civil semeou bairros e mais bairros em monótona sucessão, que nem as simpáticas vivendas geminadas em série (
adosadas) conseguem quebrar. Na verdade, são cerca de 350.000 habitantes e esta foi a cidade que mais rapidamente cresceu em Castilla y León... Enfim, um certo desenvolvimentismo ignorou os vestígios históricos da antiga capital do império (antes de Madrid).
Fiquei num hotel a 10 Km do centro, em Arroyo de la Encomienda - AC Hotel Palacio de Santa Ana). Magnífico! Está instalado num velho convento, que desta forma foi recuperado com dignidade. Pena é que, se do lado do rio o enquadramento está à altura, do lado contrário vigora o império do cimento e um mar de gruas atesta os avanços da construção civil num processo que já ameaça devorar a vizinha localidade de Simancas. Já agora, termino por referir que é, precisamente no castelo de Simancas que está grande parte do Arquivo Histórico de Espanha (Archivo General de Simancas).

sábado, agosto 05, 2006

Viagens (39): Valladolid, Oviedo e Zamora / 2006 (2)


Peñafiel
No leste da província de Valladolid, junto ao Rio Duratón, muito próximo da sua confluência como o Duero (o nosso Douro) está Peñafiel. A sua presença anuncia-se ao longe pela silhueta do seu imponente castelo. Vindo de Cuéllar por uma estrada secundária, em obras, a aproximação acabou por ser demorada. Numa das retenções pude avistar o castelo quando ainda estava a cerca de dez quilómetros. Castela faz mesmo jus ao nome pela profusão de castelos que ostenta, mas este, o de Peñafiel, não é um castelo qualquer. Não é só pela sua grandeza, mas também pela sua traça longuilínea em forma de barco veleiro. Este seu carácter distinto foi reforçado pela instalação no interior de um Museu do Vinho. Na verdade, toda esta região da Ribera del Duero é terra de vinho. O curso do Douro parece que caprichou em proporcionar a grande parte das terras ribeirinhas as benesses de Baco... Se do lado português são por demais conhecidas as credenciais vinícolas, atestadas pelos melhores vinhos finos do mundo (o Vinho do Porto, é claro!) e por alguns dos melhores vinhos de mesa de Portugal, a verdade é que do lado castelhano temos alguns dos mais credenciados vinhos de mesa do mundo (Vega Sicilia, Rueda, etc...).
Não subi ao castelo. O calor era insuportável e, depois de ter almoçado em expedita modalidade de tapeo de barra (tapas ao balcão) cirandei por castiças ruelas desertas (hora de siesta com calor tórrido...) em busca do famoso Coso. Os cosos são praças com características peculiares. A sua configuração está especificamente adaptada a espectáculos taurinos, ou seja à função de arena de lide. Muitos são plazas mayores. Portanto, a adaptação ou concepção de raíz para arena fez-se muitas vezes em acumulação com as tradicionais funções de forum cívico. Contudo, vulgares plazas mayores não deixaram de cumprir episodicamente a função de arena, sem chegarem a ser formalmente cosos. Convém saber que esta prática não foi exclusivamente castelhana. Em Lisboa, por exemplo, o Terreiro do Paço cumpriu muitas vezes a função de arena para espectáculos tauromáquicos. Aliás, a grande maioria das praças de touros, propriamente ditas, só apareceram na segunda metade do século XIX. A partir de então os cosos perdem importância como arena, a ponto de muitos se transfigurarem. Mesmo assim, conservam-se bastantes, sobretudo em localidades pequenas. O coso de Peñafiel é, provavelmente o mais espectacular, com casas de arquitectura genuinamente castelhana, perfeitamente restauradas.

Viagens (38): Valladolid, Oviedo e Zamora / 2006 (1)




Portillo
Viajar no pino do Verão pela Meseta não é a melhor escolha. Por várias razões, a começar pela alta probabilidade de se sofrer calor tórrido. Foi o que aconteceu na jornada Valladolid - Portillo - Íscar - Cuéllar - Peñafiel - Valladolid. Nestas circunstâncias, abandonar o ar condicionado do carro ou evitar regresso antecipado ao conforto de um hotel de cinco estrelas, exigia espírito quase militante. Contudo, não deixei de apreciar com detença Portillo, a primeira escala.
A escolha de Portillo resultara, uma vez mais, das imagens e comentários de A vista de pájaro. O que encontrei excedeu as minhas expectativas, com excepção do castelo, que já não se apresentava em dignas ruínas. Pior, estava em obras e em seu torno havia material de construção de todo o tipo. Nestas coisas só há duas alternativas adequadas: ou se deixa o edifício cumprir naturalmente o seu ciclo de vida, sendo as ruínas um digno desenvolvimento desse ciclo; ou se leva a cabo um criterioso plano de reconstrução. Não pude aperceber-me se as obras em curso podem ser enquadradas na segunda opção, mas, a verdade é que, objectivamente, o cenário de estaleiro que encontrei atentava contra a natureza do lugar. A localidade é encantadora e o seu enquadramento, num outeiro que domina extensos campos, sublime. Só a visão destes campos de Castilla constitui um clamoroso desmentido da suposta monotonia das paisagens castelhanas. Mas neste particular, o trajecto entre Portillo e Íscar apresenta um espectacular exemplo. Refiro-me concretamente, à panorâmica que se disfruta quando a estrada começa a descer na direcção de Mogeces e Cogeces de Íscar, no vale do Rio Cega.
Em Íscar não parei. Em Cuéllar limitei-me a estacionar no terreiro junto ao imponente castelo. Contudo, em relação a esta última localidade (no extremo noroeste da província de Segovia), fiquei com a sensação de que merecerá posterior visita com detalhe. Segui rumo a Peñafiel, onde, aliás, fazia intenção de almoçar.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Viagens (37)

Concluída mais uma incursão por terras de Espanha é altura de actualizar o inventário de lugares conhecidos. Como sempre sucede, entre o planeado e o concretizado acabou por haver notáveis diferenças. Basicamente, sucedeu que a exploração do extremo Norte da província de Ávila foi trocada por Zamora e que a incursão asturiana se restringiu a Oviedo, devido à (quase) sempiterna chuva aí residente... Ao fim de uma semana de automóvel, essencialmente pelas províncias de Valladolid, Asturias e Zamora, é este o primeiro balanço:

Castilla y León
07 Valladolid (Cidade) Valladolid
09 Portillo (Localidade)
Valladolid
09 Portillo - Íscar (Planalto) Valladolid
07 Íscar (Localidade)
Valladolid
08 Cuéllar (Localidade) Segovia
09 Peñafiel (Localidade) Valladolid
08 Medina de Ríoseco (Localidade) Valladolid *
09 Tierra de Campos (Planalto) Valladolid *

Asturias

09 Oviedo (Cidade) *

Castilla y León
07 Benavente (Localidade) Zamora
09 Zamora (Cidade)
Zamora

* Lugares já visitados anteriormente