sábado, janeiro 28, 2006

Para siempre boleros! (14)

Laura Fygi - The latin touch (2000)
Eis mais um exemplo de como o bolero pode convergir com a modernidade. A bela voz da holandesa Laura Fygi, de fulgor jazzy e envolvida em cuidada produção, apresenta-nos um punhado de clássicos do bolero, com algum chachacha à mistura. Já em gravações anteriores havia insinuado as suas potencialidades nestes territórios. Confirma-se aqui que música latina tratada de forma mais sofisticada parece ser, definitivamente, o seu melhor destino artístico. Faz todo o sentido, tanto mais que estamos perante uma voz quente de uma mulher que, não obstante a sua origem, parece ser um paradigma de beleza latina...
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quarta-feira, janeiro 25, 2006

Aragón (3)

Albarracín
Não conheço Albarracín, como, de resto, não conheço nada da província em que está inserida, Teruel. De todo Aragão, o que conheço foi-me aparecendo a caminho de Madrid ou de Barcelona. Nem sequer posso dizer que conheço Zaragoza, já que a única vez que não passei à sua ilharga correspondeu a uma brevíssima paragem nocturna. Foram uns escassos minutos, era já quase meia-noite. Os suficientes para comprovar que, desgraçadamente, por via de um congresso de agricultores, naquela altura a disponibilidade hoteleira era nula. Em desespero, meti-me de novo na autovia e só parei numa localidade anunciada pelos letreiros numa saída: Calatayud. Passava da 1, quando consegui alojamento num hotelzinho de suspeita animação no centro da localidade. A manhã seguinte deu para apreciar os seus encantos genuinamente aragoneses, nomeadamente, uma torre mudéjar. Esta experiência, juntamente com a já conhecida paisagem de Los Monegros, consolidou a minha atracção por estas terras. Atracção que aguarda oportunidade para se saciar... Assim, gostaria um dia de me adentrar no Aragão profundo, que é a província de Teruel, de uma beleza singular, feita de paisagens bravias e áridas e de cenários urbanos onde sobressai o mudéjar. Teruel, capital, é uma cidade pequena, provinciana, assolada por temíveis frios de Inverno e pela memória de combates da Guerra Civil. É precisamente nesta cidade que se situam algumas das mais carismáticas torres mudéjares. A poucos quilómetros a sudoeste está Albarracín, incrustada na serra do mesmo nome, onde... nasce o Tejo. Parece ser uma localidade de fisionomia fantástica, com o seu ar medieval que atesta o seu passado como capital de um reino de taifa. Os roteiros turísticos dão-lhe tal destaque, que se perfila como a principal atracção da província.

domingo, janeiro 22, 2006

Tiro ao Alvo (7)


Cavaco Silva ganhou!
...E por goleada, já que foi à primeira volta! À primeira! A grande virtude deste homem é que é uma pessoa honesta, sensata e equilibrada - alheio a ideologias programáticas. Vade retro toda a esquerda facciosa que nos conduziu a este triste estado e que agora ressurgiu, alardeando precisamente alguns dos seus mais notórios defeitos. Que nos conduziu, pois foi a esquerda que moldou o regime que temos e balizou as suas regras. A sua cosmovisão tornou-se tão influente na nossa sociedade que nunca deixou de afectar, por exemplo, a política levada a cabo, inclusivamente, pelos governos do PSD, incluindo os liderados por Cavaco Silva. É um óptimo sinal ver, pela primeira vez após o 25 de Abril, a esquerda arredada desse lugar simbólico que é a Presidência da República.
Mas se se evitou o pior, não quer dizer, evidentemente, que esta vitória tenha efeitos miraculosos. Nem sequer, como se sabe, a Presidência é um lugar com meios e condições para uma intervenção política ao nível decisivo que os nossos problemas exigem. Além de que Cavaco Silva, pese as suas qualidades, não pode ser o homem providencial. Em todo o caso, estou feliz... por Portugal!

Vintage (5)


Alfred Hitchcock - Janela Indiscreta (Rear Window) (1954)
É consensual: toda a gente adora este filme. É uma obra-prima do cinema. Desde os intelectuais ao público avulso não há quem pense o contrário. Hitchcock pertence àquela classe de realizadores (a maioria deles fazem parte do cinema clássico americano) que conseguem consensos.
Já muito se escreveu sobre A Janela Indiscreta e eu agora, depois de rever o filme, não me sinto propenso a reafirmar todos os muitos aspectos que são constantemente lembrados (e bem!) a seu propósito (o voyeurismo, o virtuosismo técnico, o significado dos detalhes, a amostragem de caracteres psicológicos...). Sucede que, simplesmente, fiquei ainda mais fascinado por Grace Kelly e estou como que hipnotizado por tanto beleza... É a beleza, sim, mas que vai além do corpo e cara de perfeição absoluta, abrangendo também: a extrema elegância dos gestos e maneirismos; o arrebatamento sem jamais perder a classe; as toilettes de extremo bom-gosto; a decidida femininalidade do gosto por futilidades como a moda. Alguém escreveu que a primeira cena em que Grace Kelly aparece é um marco na história do cinema - a sua face aparece esplendorosa para beijar James Stewart. O erotismo explícito, massivo, do cinema mais contemporâneo perde grotescamente perante cenas como esta. Nos anos 50 o cinema alcançou a forma mais magistral de fazer chegar a beleza de uma mulher à tela! Note-se, finalmente, que este foi um dos últimos filmes de Grace Kelly antes de cair nos braços do Príncipe Rainier.
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segunda-feira, janeiro 16, 2006

Aragón (2)

Tarazona
Aragão é a terra do Mudéjar. É uma arte exclusivamente espanhola, feita por mouriscos sob domínio cristão. As torres das igrejas e catedrais mudéjares parecem torres de mesquitas... com sinos. A pedra e a decoração destas construções reforçam a tez muçulmana. Se houve mestiçagem cultural entre o Islão e a Cristandade foi por aqui. Na Coroa de Aragão permaneceu uma extensa comunidade mourisca, mais do que em qualquer outro lugar da Peninsula.
A foto é de Tarazona. Não fica no Iémen ou em algum outro recanto das Arábias. Está no extremo oeste da província de Zaragoza, no sopé do Moncayo. Exemplos assim, dir-se-ia que ilustrações de cenários dos Contos das Mil e Uma Noites, podem encontrar-se em muitos lugares de Aragão, sobretudo na província de Teruel. Impera a cor avermelhada do tijolo. Sobressaem torres num horizonte marcado por serras, a sul e a norte da depressão cavada pelo grande rio - o Ebro. Emergem desertos - os maiores da Europa: Los Monegros, Las Bardenas (já nos limites de Navarra). Na verdade, Aragão é uma terra bem mais árida do que Castela. Mas tem o seu Nilo... o Ebro. À sua beira, Zaragoza é uma cidade cada vez maior para uma região cada vez mais despovoada. Com as suas torres, a capital aragonesa simboliza bem o tópico mudéjar... Mas o símbolo espiritual da cidade é um pilar, que se associa à aparição de uma virgem negra - a Virgen del Pilar. Baila-se a jota em honra da virgem e em honra de outras figuras santificadas - pretextos para antigas romarias como as que se podem apreciar em algumas estampas de um genial aragonês, Goya.
Turismo de Aragão
Governo de Aragão
Aragón.net

domingo, janeiro 15, 2006

Aragón (1)



Aragón

População: 1.230.090
Índice Paridades de Poder de Compra (Média UE25 = 100): 99,3
Idioma: Castelhano
Capital: Zaragoza

Províncias: Huesca (HU) (206.502); Zaragoza (Z) (861.855); Teruel (TE) (135.858)

Principais cidades (Província) / Nível Económico (1-10) - População
Zaragoza (Z) / 7
626.081
Huesca (HU) / 8
47.609
Teruel (TE) / 8
32.304

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Viagens (23)

Andaluzia - Inventário de Lugares Conhecidos

Começo pela Andaluzia o meu inventário de lugares conhecidos. 1ª coluna: classificação - escala de 1 a 10; 2ª coluna: lugar; 3ª coluna: tipo de lugar; 4ª coluna: província.

08 Campiña (Planície) Córdoba
08 Fuente Obejuna (Localidade ) Córdoba
07 Sierra Morena (Serra) Córdoba
08 Costa del Sol - Almuñécar-Salobreña (Costa) Granada
10 Granada (Cidade) Granada
08 Sierra de Loja (Serra) Granada
08 Ayamonte (Localidade) Huelva

07 Bollullos Par del Condado (Localidade) Huelva
05 Huelva (Cidade) Huelva
07 Isla Cristina (Localidade) Huelva
08 Matalascañas (Localidade / Praia) Huelva
07 Rosal de la Frontera (Localidade) Huelva
07 Sierra de Aracena (Serra) Huelva
07 Sierra de las Contiendas (Serra) Huelva
07 Costa del Sol - Málaga-Marbella (Costa) Málaga
08 Costa del Sol (Málaga-Nerja) Costa Málaga
04 Fuengirola (Cidade /Praia) Málaga
06 Málaga (Cidade ) Málaga
09 Mijas (Localidade ) Málaga
09 Benalmádena (Localidade) Málaga
07 Sierra de Ronda (Serra) Málaga
04 Torremolinos (Cidade / Praia) Málaga
07 Aljarafe (Planície) Sevilla
08 Campiña (Planície) Sevilla
10 Sevilla (Cidade) Sevilla

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Musseque (2)

Le Grand Méchant Zouk (1989)
Nos finais dos anos 80 irrompeu uma novidade: o Zouk. Não foi a única novidade afro a alcançar notoriedade. Por essa altura também o Soukous, congolês, chegou à Europa, do mesmo modo que a música do maliano Salif Keita ou do senegalês Youssou N'Dour. Foram os primeiros tempos do que se designou World Music, que assentou muito nestas descobertas africanas. Contudo, nesta vaga, foi o Zouk que alcançou mais impacto. Libertou-se dos limites da World Music e alcançou sucesso comercial. Foi um fenómeno cujo epicentro esteve em França, mas, cuja origem está nas Antilhas, concretamente em Martinique e Guadeloupe - departamentos franceses do Ultramar. Essa parte adjacente das Américas, povoada por descendentes de escravos, é, em muitos aspectos, onde se pode encontrar alguma da mais criativa africanidade...
O Zouk desenvolveu-se à custa do grupo Kassav', de tal modo que o início da história do género se confunde com o grupo. Os seus primeiros álbuns, gravados ainda nas Antilhas, não estão contaminados pela técnica que converteu o género numa bomba de alta potência para as pistas de dança. Neste álbum temos uma boa parte da trupe que foi constituindo os Kassav' (o grupo foi sempre numeroso e conheceu muitas alterações na sua composição). É uma antologia de gravações efectuadas em espectáculos realizados em França, sob a batuta do produtor Didier Lozahic. Participam Georges Decimus; Jocelyne Bérorad; Fréderic Caracas; Jacob Desvarieux; Jean-Philippe Marthély; Ronald Rubinel... Há um ambiente explosivo que reflecte bem como o Zouk é um género dançável por excelência, formatado de acordo com os gostos da juventude afro-europeia. Não por acaso, transformou-se instantaneamente em sonoridade da moda entre as comunidades de jovens africanos dos subúrbios de grandes cidades europeias (Lisboa, inclusive). Aqui temos três temas que podem ser tomados como exemplo de ritmo ultra-frenético: Balancé; Mwn Malad Aw; Zouk lá cé sel Medicament nou ni (o idioma mais comum no zouk é o criolo francês da Martinique e Guadeloupe). Contudo, o tema mais notável é um que, sem deixar de ter algum desse ritmo, se desenvolve num plano mais melódico - L'Amour Reciproque, de Ronald Rubinel. Por esta amostra apercebemo-nos que os finais dos anos 80 foram mesmo os tempos de esplendor (curto, mas intenso) do Zouk. Em breve, o género foi perdendo frescura e originalidade.
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domingo, janeiro 01, 2006

Baúl de los recuerdos (11)

José María Íñigo / José Ramón Pardo: Una historia del pop y el rock en España - Los 60 y 70 (2005).

Na última remessa de compras on line, definitivamente marcada por José Ramón Pardo, chegou-me este exemplo (dois duplos CDs + dois livros) do que pode ser uma colectânea temática. No que diz respeito aos livros, a informação constante parece ser um resumo actualizado da Historia del pop español (ver correspondente post), mas com a vantagem de ter melhor apresentação gráfica - há numerosas imagens alusivas aos artistas e discos referenciados. Quanto aos CDs temos uma selecção representativa, que, a pecar por alguma coisa, será apenas por não ser suficientemente exaustiva - custa-me, por exemplo, que não figure Salud, dinero y amor (Cristina y Los Stop), María Isabel (Los Payos) Na veiriña do mar (Maria Ostiz), Anduriña (Juan y Júnior), 20º aniversario (Patxi Andión) e que só conste um dos vários êxitos de Nino Bravo.
Na minha infância e adolescência ouvia muita música espanhola. Tal sucedeu não só, porque nos anos 60 e início dos anos 70 se ouvia na rádio portuguesa bastante música espanhola, como, pelo facto, de eu me dedicar, pela noite, a escutar emissoras espanholas. Fazendo um ponto da situação quanto às minhas canções favoritas (atendendo apenas às incluídas nesta antologia) eu seleccionaria as seguintes: Black is black (Los Bravos); Cuéntame (Formula V), Los chicos con las chicas (Los Bravos); El baúl de los recuerdos (Karina); Mediterráneo (Joan Manuel Serrat); Charly (Santabárbara); Un ramito de violetas (Cecilia); Gavilán o paloma (Pablo Abraira); Un rayo de sol (Los Diablos); Eva María (Formula V); Eres tú (Mocedades); Algo de mí (Camilo Sesto); Un beso y una flor (Nino Bravo); Un canto a Galícia (Julio Iglesias); Por que te vas (Jeanette); Por el amor de una mujer (Danny Daniel); Entre dos aguas (Paco de Lucia); Te estoy amando locamente (Las Grecas); Poetas andaluces (Aguaviva). Esta escolha atende tanto àquelas de que gostava muito e hoje gosto menos, como à situação inversa.
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La copla (7)

Pasodoble Torero para Gerald Brenan

Fora do universo estritamente taurino, poucos se podem gabar de ter sido homenageados com um pasodoble taurino. O hispanista inglês Gerald Brenan foi um desses. Carlos Cano o seu autor.


(A don Geraldo Brenan que echó a los aires del mundo un águila llamada Alpujarra.)

Le voy a dedicar con to mi corazón un pasodoble a Gerald Brenan.
Pasodoble de sol de clavel reventón como si un torero fuera.
Y que nadie me hable de Londón ni ¡eches de britin ni cambrí.
Yegen, Alpujarra, Andalucía, Granada - su alegría -
y rosas de Alhaurín. Y decirle bajico, mu bajico limón, azulina y yerbagüena.
Y la casa encalá y el vino de Albondón y una sillica en la puerta.
-Y a las güenas tardes tenga usted don Gerardo.
Vaya animación- -Mucho forastero últimamente que no deja la gente vivir ni a Dios-

Estribillo

¡Ay! Alpujarra, Alpujarra.
Qué grandes son las estrellas mas grandes los corazones olé y viva Gerald Brenan.
Cierro los ojos y te siento aunque de ti yo esté lejos. ¡Ay! Alpujarra, Alpujarra, ¡ay! Alpujarra... Yo te voy a cantar de lo jondo de mí y con palabras del pueblo.
Tú te fuiste Sultán de la Cencia llustrá. Un trovero alpujarreño. Y te voy a cantar regorviura, prenda, algarabitos y balate, menda, capuana, jamucuco, olé y de trabuco: ¡Viva tu madre!

Gerald Brenan in CVC (Centro Virtual Cervantes)