Não sou um aficionado, mas admiro a corrida numa perspectiva antropológica e cultural. Tenho simpatia por esse mundo, apesar de desconhecer muitas especificidades da lide. Não vejo que isto seja incompatível com o meu gosto por animais, bem pelo contrário! Que fique claro que considero ser um espectáculo cruel, mas também, e até em larga medida por isso mesmo, profundamente artístico! O sofrimento do touro é a exaltação das suas inatas qualidades de bravura - assim como uma exaltação da força bruta da vida selvagem em confronto com a racionalidade do homem. Uma genuína metáfora do triunfo da civilização, cujas raízes se embrenham no fundo dos tempos. Toda a coreografia e panóplia de rituais reforçam este carácter e adicionam elementos de esconjuro ao medo e de apoteose da coragem viril. É este conjunto de factores que são a base da Fiesta e no qual vão desaguar certos elementos sociais: a equitativa distribuição da carne do touro morto, pelo povo; a origem plebeia do matador... Um mundo sem a corrida é um mundo mais pobre, endereçado no caminho do "politicamente correcto", asséptico, insuportavelmente virtuoso no que de mais hipócrita o termo encerra... Felizmente que o mundo que sustenta a afición é resistente!
quarta-feira, agosto 25, 2004
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1 comentário:
La afición a los toros anda de capa caída en España.
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