Carrer d'en Robador
Em 1982, quando fui pela primeira vez a Barcelona deparei-me, na parte mais degradada do Raval (Barrio Chino), com a Carrer d’en Robador - rua pedonal, estreita e comprida, que tinha uma animação feita essencialmente de prostituição. Sucediam-se bares que, da forma mais relaxada, ilustravam o cenário, intercalados com Sex Shops e com uma estranha espécie de lojas que ostentavam a designação de Consultório Venereológico. Em cada extremo, patrulhas políciais pareciam tomar conta da situação em regime rotineiro. Mesmo a horas tão insuspeitas como, por exemplo, as 3 da tarde, a animação era vibrante. Jovens putas instalavam-se em pleno pavimento, sentadas em altos bancos de balcão (para aí inopinadamente trazidos), de perna cruzada, com poses e indumentárias provocatórias – uma ou outra, até, sumariamente ataviadas apenas com esparsas tiras de cores brilhantes… Outras, não tão jovens, atacavam com audácia os transeuntes, cortando-lhes a passada com propostas de serviços e preços. Alegres impropérios, descontraídos piropos e algazarras musicais troavam pelo ar. Alguns neóns contrastavam com a roupa estendida dos pisos superiores.
Em 1987, de novo em Barcelona, voltei lá - toda aquela animação desaparecera. Vivia-se o auge do impacto da emergente SIDA e tinham sido encerrados praticamente todos os estabelecimentos. Estavam selados com avisos que diziam “por ordem das autoridades sanitárias”. Fiquei desolado...
Em 1991, regressado de novo, em véspera das Olimpíadas, com a cidade transformada numa estaleiro, verifiquei que o bairro estava sofrendo um processo de saneamento social. A rua em questão tinha recuperado parte da sua antiga animação, mas era visível que tudo era agora mais comedido e civilizado. Como estará agora a Carrer d’en Robador?
Em 1987, de novo em Barcelona, voltei lá - toda aquela animação desaparecera. Vivia-se o auge do impacto da emergente SIDA e tinham sido encerrados praticamente todos os estabelecimentos. Estavam selados com avisos que diziam “por ordem das autoridades sanitárias”. Fiquei desolado...
Em 1991, regressado de novo, em véspera das Olimpíadas, com a cidade transformada numa estaleiro, verifiquei que o bairro estava sofrendo um processo de saneamento social. A rua em questão tinha recuperado parte da sua antiga animação, mas era visível que tudo era agora mais comedido e civilizado. Como estará agora a Carrer d’en Robador?
2 comentários:
Véase post del Manuel Molares do Val en "Cronicas Barbaras", titulado Multiculturalismo, de 27-10-2.005.
Robador, Violador, Matador....
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