Viagem ao Norte de Itália (Julho/Agosto de 2001) - 1º Dia (tarde / noite)
Ecco! Eis-nos, alegremente, por estradas secundárias da Lombardia. Primeiro impacto: verde por todo lado, mas salpicado por vivendas de aspecto próspero. Em Sesto Calende, onde começa o Lago Maggiore, percebi subitamente que em Itália as placas verdes indicam auto-estrada e as azuis estradas comuns, o que evitou, por um triz, o abandono da estradinha que bordeja o lago.Arona é um cenário de bilhete postal. Lindo! Na outra margem do lago, um castelo desafiava a cidadezinha. Desde logo observei particularidades do parque automóvel: predomínio de utilitários pequenos e de todo o tipo de motas. Sendo uma região que ostenta um dos primeiros lugares em nível de vida da Europa, este facto suscitou algumas reflexões acerca de diferenças de opções de vida. Não tardou a chegada a Stresa. Lá estavam as Ilhas Borromeas e a imponente mole alpina. O nosso hotel Eden estava mesmo em frente ao lago. Melhor ainda, o quarto dava para esse cenário. Era um edifício bem ao estilo italiano, de cor pastel e com aquelas persianas típicas. O segredo do seu preço ser tão baixo residia no facto de que parecia já ter conhecido melhores dias (há muito…), estando necessitado de amplas reformas. Na verdade, pagar só 15.000 escudos por noite era aqui algo de suspeito...
Depois de breve descanso, decidimos ir à Suíça, que estava apenas a 40 quilómetros. Tratava-se de fazer uma visita relâmpago à cidade de Locarno, no Cantão de Ticino. A marginal prometia paisagens espectaculares e… internacionalizávamo-nos um pouco mais. O problema foi que, no caminho, em Verbania, surgiu um enorme engarrafamento. Era um acidente. O tráfico foi desviado por acanhadas estradinhas que serpenteavam montanha acima, montanha abaixo numa paisagem de vivendas e de flora alpina. Tornou-se evidente que cada viatura seguia o rumo da que ia à frente, confiando que só poderia haver um único destino para toda aquela procissão. As bifurcações e entroncamentos não eram assim tão poucos e a ausência de placas direccionais era absoluta. A odisseia atingiu a gargalhada quando, perseguindo afincadamente o Audi que ia à frente e onde seguia uma sorridente família alemã, chegámos a um beco sem saída. Trocámos olhares divertidos, retrocedemos e experimentámos seguir outra proposta a partir de uma bifurcação que havia ficado para trás. Com êxito. Reencontrou-se a desorientada procissão e, vários quilómetros de curvas adiante, recuperou-se a marginal.
A Suíça apareceu, quando a noite já chegava. E o que trouxe de novo? Uma estrada mais larga, com mais sinalização e mais comércio. Curiosamente, o italiano não era a única língua presente nos letreiros, já que se notava por todo o lado a presença do alemão. Entramos em Locarno já noite e, por isso, não foi possível admirar bem a paisagem. Parámos junto ao Casino e fomos, por questão de prudência financeira, a uma pizzaria. Quando me esforçava com a minha melhor pronúncia italiana em comunicar o pedido, o garçon disparou à queima-roupa: são portugueses? Era um português (aliás, não era o único) que trabalhava ali há vinte e tal anos. Loquaz, familiar, disse que era de uma aldeia perto de Viseu e contou muita coisa da sua vida. Confidenciou que não gostava dos suíços e quando lhe perguntei se os dali, não seriam melhores, replicou que não, que até eram piores - por causa deles e dos de língua alemã, a Suíça não estava na União Europeia - eram xenófobos e não queriam dar direitos aos imigrantes. Nesta meteórica expedição suíça não tive oportunidade de comprovar que esta cidade é, juntamente com a vizinha Lugano, uma das mais ricas da Europa e refúgio de capitais italianos. Passámos de novo a fronteira (há mesmo fronteira a sério do lado suíço) e, desta vez, não houve nenhum desvio pelas montanhas – em breve estávamos de novo no hotel.
1 comentário:
Lago Maggiore, donde veraneaba el gran Jaime Campmany
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