sábado, junho 18, 2005

Viagens (20): La Vera e Sierra de Peña de Francia / 2002 (1)

Jarandilla de la Vera

Num fim de semana alargado (4 dias) em Junho alinhei numa excursão, com colegas da escola, a Monfragüe, La Vera e Sierra Peña de Francia.
Monfragüe é um Parque Natural junto ao Rio Tejo, província de Cáceres. É interessante pela sua paisagem agreste. Um pequeno passeio pedestre por algumas veredas deu uma cabal ideia da sua riqueza de fauna e flora. Em Paso de los Gitanos o rio passa apertado entre grandiosos penhascos num cenário que faz lembrar as Portas de Ródão, que ficam a cerca de 50 Km a oeste. Na verdade encontrei uma paisagem bem mais interessante do que a maior parte da Extremadura oferece.
A Comarca de La Vera ocupa um vale fértil, no extremo nordeste da província de Cáceres, entre a Sierra de Gredos e o Rio Tiétar. É uma região serrana. O seu micro-clima dá-lhe condições únicas para a produção de cerejas, pimentão (para paprika) e tabaco. A sua singularidade deriva da riqueza e isolamento. Possui bonitas povoações como Jaraiz, Cuacos, Jarandilla e Losar. Em todas predomina um casario branco (não cor de tijolo como é próprio de Castela, Aragão e Extremadura) e na última há um curioso arranjo de jardinaria que consiste em arbustos artisticamente esculpidos, que estão dispostos ao longo de toda a rua principal.
Não houve oportunidade para ver por dentro o mais famoso monumento da região, o Monasterio de Yuste, onde se albergou nos seus últimos dias o imperador Carlos V. Com efeito, Don Felipe, Príncipe de Asturias, resolveu alojar-se aí no dia em que nos preparávamos para visitar o histórico edifício – razões de segurança ditaram o inopinado afastamento de todos os turistas... Contudo, a desfeita foi amplamente compensada pelo desenrolar da viagem. Para começar, comemos e bebemos em pantagruélicos faustos. Tais emoções gastronómicas tiveram lugar em dois lugares a revisitar: Restaurante Carlos V (Losar) e Cueva Puta Parió (Jarandilla). Qualquer ignorante céptico acerca das qualidades da cozinha castelhana coraria de vergonha perante tão arrebatadora exibição... em quantidade e qualidade! O tapeo de entradas (constituído por luxuriante panóplia de queijos, presuntos, espargos e etc...) esteve ao nível dos melhores pergaminhos castelhanos. As piéces de resistence primaram pela qualidade da matéria-prima e abundância. Para concluir, o licor de manzana casero com que fomos brindados proporcionou inspirados êxtases...
Autêntica imersão nas entranhas da Espanha profunda foi um passeio pedestre pelas encostas de Gredos até à serrana povoação de Garganta la Olla, onde uma velhinha nos abriu a porta da igreja local. Era um pueblo isolado, onde se pode apreciar uma certa Espanha à margem do progresso e que escapa aos circuitos turísticos. Contudo, no seu conjunto, La Vera é um vale próspero devido a uma agricultura especializada que ainda vai dando rendimentos. A sua paisagem e características não têm nada a ver com as da Extremadura. É, para todos os efeitos como estivéssemos nas zonas mais montanhosas de Castela, aliás vizinhas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Lanzahita....

Anónimo disse...

Mujer enlutada y pañuelo negro a la cabeza, custodia de la llave de la Iglesia.

Anónimo disse...

Pacharán = Licor de Endrinas.