quarta-feira, dezembro 31, 2008

Salsa y merengue (32)

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Gilberto Santa Rosa - Expresión (1999)
É, sem dúvida, um dos mais notáveis álbuns de Gilberto Santa Rosa e, ao mesmo tempo, um dos mais emblemáticos, porque ostenta um dos maiores hits da sua carreira (Que alguien me diga) e porque aponta uma tendência que se consolidará nos anos vindouros. Essa tendência consiste em compatibilizar a condição de sonero com uma emergente faceta de baladeiro. É sintomático que, a partir daqui se torne comum o recurso a versões alternativas (balada vs salsa), tal como, por exemplo, ocorreu com Marc Anthony. É uma estratégia comercial que tem proporcionado um punhado de baladas interessantes e não tem impedido que continue a haver, de forma dominante, muita e boa salsa.
Um dos aspectos mais estimulantes das gravações do Caballero de la Salsa, que é a riqueza orquestral, encontra aqui um dos seus pontos mais altos Na verdade, trata-se de uma produção muito cuidada, com evidentes pretensões comerciais. Não é apenas Que alguien me diga, em versão salsa e versão balada, tendo esta última sido um hit (sendo que, a versão salsa, é que o mereceria... ); é também o explosivo tema de entrada, Dejate querer, que disfere, mesmo no mais sisudo, incontroláveis impulsos dançarinos... E há ainda mais uma meia-dúzia de temas muito bons. Tanto quanto parece, tais pretensões comerciais conseguiram os seus objectivos: ultrapassaram-se os limites do mercado salsero tradicional (Nueva York, Puerto Rico, Santo Domingo, Caracas, Miami) e alcançou-se toda a Hispano-América. Abriu-se, inclusivamente, uma porta para a Europa, timidamente, através do mercado espanhol.
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Gilberto Santa Rosa - Que alguien me diga (versión salsa) in Expresión (1999)

Boulevard nostalgie (29)

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Edith Piaf - Platinum collection (2007)
Esta colectânea de Edith Piaf é constituída por 45 temas divididos por 3 CDs. Para além de abranger tudo o de mais importante, tem uma introdução escrita e notas informativas sobre cada tema. Para os mais exigentes saiba-se que há 2 edições integrais das suas gravações: uma, luxuosa, ligeiramente acima dos 100€ e outra, minimalista, por um incrível preço que anda na casa dos 25€! As gravações de Edith Piaf estenderam-se pelos anos 40, 50 e início dos 60. Era uma época em que, pelo menos fora dos EUA e, eventualmente, da Grã-Bretanha, não havia ainda álbuns LP. Na verdade, o formato esmagadoramente dominante era o EP de 78rpm, que permitia, no máximo 4 canções - duas de cada lado. Os primeiros álbuns apareceram como compilações dessas edições. Presumo, portanto, que de Piaf jamais tivessem existido álbuns de originais. Nestas circunstâncias as compilações têm uma importância especial e para os amantes da música é chocante que em relação aos artistas cuja carreira discográfica passou à margem dos LPs, raramente existam compilações criteriosas e informativas. Piaf, graças à projecção que tem, ainda assim é uma das excepções, pois, como referi, dela existem duas compilações integrais e uma compilação de média dimensão e qualidade aceitável como esta.

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Edith Piaf - Mon manège à moi (tu me fais tourner la tête) (1958)

Boulevard nostalgie (28)


Jacques Dutronc - Il est cinq heures, Paris s'éveille (1968)

terça-feira, dezembro 30, 2008

Boulevard nostalgie (27)

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François Margolin - Paris, la visite (2002)
Antes de mais, diria que estamos perante o non plus ultra dos documentários sobre cidades. A Montparnasse Édtions culmina aqui a reconhecida qualidade de excelência da colecção La visite. Tudo é excepcional: o texto, que reune as qualidades literárias às informativas; o conceito que lhe está subjacente, o qual reproduz num ciclo de 24 horas a evolução histórica da cidade; a fotografia, suavemente oscilando do poético ao realista; a música, através de temas alusivos à cidade apresentados como videoclips originais. Este último aspecto merece relevo, pois basta dizer que o primeiro clip é Il est cinq heures, Paris s'éveille, de Jacques Dutronc e o último é Mon manège à moi, de Edith Piaf. Diferentes facetas da cidade são apresentadas e de modo exaustivo. Mesmo para quem conhece Paris não deixará de descobrir mais atractivos.
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Paris, la visite - Sítio Oficial


François Margolin - Paris, la visite (Extracto)

Tour de France (2)

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Mark Daniels / Marc Bessou - France, la visite (2000)
Sobre França, antes de haver gravações com vistas aéreas, já havia com passeios de superfície e interiores. Da mesma editora de La France vue du ciel temos este France, la visite, cujo realizador é o norte-americano Mark Daniels. Este tipo de documentário oferece outras possibilidades. A Geografia cede um pouco frente à História e à Arte. Em boa verdade, este género complementa as paisagens aéreas. A produção e a matéria-prima são soberbas. Entre o muito que se poderia destacar, selecciono, por exemplo,os castelos do Loire. Se alguém tem dúvidas de que a França é em matéria de requinte e bom-gosto um paradigma de civilização, encontra aqui uma resposta.
Também em relação a este documentário há que apontar como único defeito o muito que fica de fora. Não se trata tanto da superficialidade com que Paris é tratada - compreensível se se tiver em conta que a editora contempla com documentário específico, como faz, aliás, com o Louvre e com Versailles, mas as cidades e regiões que são omitidas no La France vue du ciel e ainda outras mais. A opção é, porém, assumidamente mais intensiva que extensiva e assim há que a entender.
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France, la visite - Sítio Oficial

Tour de France (1)

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Sylvain Augier - La France vue du ciel (2006)
Existem muitas séries de gravações video com vistas aéreas de Espanha. O já veterano A vista de pájaro é nesta matéria uma referência histórica. De Itália também existe alguma coisa, que sem alcançar a sofisticação das produções espanholas, não deixa de reflectir as belezas sem paralelo desse país. Procurando se haveria algo semelhante sobre França, encontrei este duplo DVD. Deve-se dizer que, tecnicamente, está ao nível do que melhor se tem feito em Espanha, o que, atendendo às belezas paisagísticas do hexágono, é o mesmo que dizer que é muito bom. Com efeito, a produção é cuidada e o único defeito a apontar é o ser menos exaustivo do que devia... Quase tanto como na produção análoga que conheço sobre Itália, aqui fica-se com água na boca pelas omissões e escassez de desenvolvimento. Todo o Norte é ignorado. O mesmo sucede com cidades como Rennes, Bordeaux, Toulouse, Nice, Lyon e Strasbourg. As maiores cidades são, efectivamente, o mais clamoroso do que está omitido. Em contrapartida, a cobertura do Vale do Loire e da Córsega, por exemplo, são satisfatórias. O que fica registado e a forma como fica é, porém, belíssimo. A registar especialmente a sobriedade dos comentários e da banda sonora.
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La France vue du ciel - Sítio Oficial


Sylvain Augier - La France vue du ciel (Trailer)

domingo, dezembro 28, 2008

Tiro ao alvo (22)

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Laurent Cantet - Entre les murs [A turma] (2008)
É um filme francês feito com poucos recursos, mas laureado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Num mercado cinematográfico cada vez mais dominado por Hollywood é saudável que um filme assim consiga encontrar lugar. Acresce que o filme não só se afasta dos padrões de evasão como procura uma aproximação à realidade. Nesta procura recorre a fórmulas que em tempos caracterizaram alguns exemplos de neo-realismo, como o facto dos actores não serem profissionais e, inclusivamente, do protagonista, François Bégaudeau, ser o próprio professor que escreveu o livro que serve de argumento. Além do mais, ao debruçar-se sobre a realidade escolar, mexe numa ferida actual: o problema da educação. Fá-lo numa perspectiva de professor, note-se; o que, desde logo permite que se percebam alguns problemas concretos que o exercício desta profissão, hoje em dia, acarreta. Mas a origem e os efeitos destes problemas têm uma escala muito ampla e implicam toda a sociedade.
Desde logo se impõe uma reflexão preliminar: o problema da educação é global; parece-se colocar-se ao nível da generalidade das sociedades ocidentais. Qualquer professor português considerará as cenas e personagens estranhamente familiares. Basta referir que um dos problemas que atravessa o filme, o choque étnico, está cada vez mais presente nas nossas escolas, através do mesmo tipo de conflitos. É claro que a dimensão não é a mesma, mas a sua natureza é a mesma. Mas há um outro aspecto a realçar: os efeitos transversais da cultura pop. Na verdade, a cultura pop que nasceu e se afirmou ao longo dos anos foi impregnando mentalidades, ao mesmo tempo que se transformou num grande negócio. Música e roupa e outros gadgets (na verdade tudo tende a reduzir-se à condição de gadget...) transformaram-se num extraordinário negócio, mas sustentam-se em atitudes, comportamentos e modos de pensar. O individualismo agressivo, o hedonismo compulsivo e a rejeição da autoridade são o resultado à vista. Até que ponto a eficácia da escola é compatível com isto? Os jovens do filme, assim como uma boa parte dos jovens das nossas escolas enquadram-se nestes padrões. A escola não tem podido adaptar-se a esta situação sem, em última análise, pôr em causa a essência da sua função. Parece cada vez mais pertinente voltar a dotar a escola de princípios efectivos de valorização de autoridade e de esforço individual e assumi-los sem complexos e ambiguidades. Este será, em todo o caso, apenas o ponto de partida para a recuperação do seu lugar social e pressupõe, claro está, decisões políticas de fundo.
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Blog A turma


Laurent Cantet - Entre les murs [A turma] (Trailer)

sábado, dezembro 27, 2008

Salsa y merengue (31)


Gilberto Santa Rosa - Retrospectiva em video

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Salsa y merengue (30)

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Gilberto Santa Rosa - Nace aquí (1993)
É o quarto álbum de Gilberto Santa Rosa para a Sony. Está na linha do primeiro, seguindo a ortodoxia da salsa romántica. Melodia e ritmo estão em simbiose perfeita. Impera a suavidade ritmada. A destacar: arranjos magníficos, do melhor que o género já proporcionou e composições de um nível que vai além das fórmulas comuns. Abre com um clássico do repertório do artista, Voluntad, e ostenta ainda outro, Que manera de quererte. Para quem gosta de salsa romántica é um álbum imprescindível.
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Gilberto Santa Rosa - Sin voluntad in Nace aquí (1993)