sábado, setembro 16, 2006

Guia hispânico (22)


José María Zavala - Los horrores de la Guerra Civil (2004)

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Francisco Sevillano Calero - Exterminio: el terror con Franco (2004)

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A leitura destas duas obras constitui dura prova contra a sensibilidade humanista de qualquer carácter bem formado. Contudo, compete à História revolver os pesadelos vividos pela humanidade, para, na medida do possível, ajudar à sua compreensão. Estes dizem respeito a um tempo e a um espaço que nos são relativamente vizinhos. São mais um contributo para que devamos entender que a distância entre civilização e barbárie é mais ténue do que este tempo (últimos 50 anos) e lugar (civilização ocidental) possam ilusoriamente induzir... Os desastres balcânicos da passada década podem ser um aviso para a possibilidade de advento de experiências já desgraçadamente vividas.
Para a sociedade espanhola, revolver estes horrores pode ser ainda traumático... mas é imperioso fazê-lo. Está já na altura de o fazer. É uma questão de elementar justiça! Compreende-se que a Transição assentasse num tácito pacto de silêncio sobre a Guerra Civil. Mas já passou mais de um quarto de século. Quanto à guerra, propriamente dita, cumprem-se agora 70 anos sobre a sua eclosão...
Não por acaso têm-se revelado nos últimos anos múltiplas obras de investigação levadas a cabo por jovens historiadores espanhóis. Se é certo que, no que diz respeito a grandes obras de síntese, o primado continua a pertencer à historiografia britânica (e a recente obra de Antony Beevor é a confirmação dessa primazia), no que diz respeito a monografias é já muito significativo o conjunto de trabalhos entretanto realizados e quase todos de autores espanhóis.
Neste caso concreto trata-se de duas sínteses temáticas sobre a violência e repressão de rectaguarda. Contudo, enquanto a primeira, indiscrimidamente, aborda os dois bandos, a segunda dedica-se exclusivamente ao bando franquista, desenvolvendo uma tese já enunciada por vários investigadores - o terror como estratégia de
política de extermínio. A primeira têm características mais acordes com a reportagem jornalística do que com a metodologia historiográfica, não deixando de ser um poderoso testemunho que paira magnificente acima de qualquer facciosismo, numa cabal demonstração de como a crueldade e fanatismo se espalharam abundantemente pelos dois lados. Pena é que a contrastação das fontes nem sempre esteja ao nível que se desejaria, podendo aqui e ali incorrer em certos laivos de sensacionalismo.
É preciso ter resistência anímica para empreender a leitura destes testemunhos. Parece-me, insisto, que seria importante que a sociedade espanhola, aparentemente já tão distanciada de todos estes horrores, se confrontasse com fantasmas que nunca chegou verdadeiramente a exorcizar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Los gangsters de la Guerra Civil, libro de la autoria de don Jose Maria Zavala